segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004



Encontrei num blog com textos de historiadores medievais portugueses, o seguinte texto retirado de uma carta da épica. Surpreendentemente actual (a grafia foi actualizada).

«Foi uma longa aventura. consegui entrar em casa porque a porta estava aberta. fui para a porta de casa bater, mas sem sucesso. tentei chamar o meu companheiro, mas já nao estava lá ninguém. Montei o cavalo, e pensei: posso dormir ao relento, na relva, ou ir procurar um quarto para ficar. decidi ser racional. vim para Lisboa, para a zona da Estefânia onde há umas pensões reles. Tentei 2 delas, as mais próximas da Estefânia, e nada, acabei por tentar uma "Novo Mundo", perto do Liceu que um dia talvez venha a ter o nome de Camões.

Tinham uma cama livre, a 25 centavos. Disse que sim. Cheguei, nem lhe descrevo o quarto, deitei rapidamente, pensando que com o cansaço que estava (nas estrelas liam-se 04:30) me iria ser fácil adormecer. Qual quê? a Pensão Novo Mundo é um antro de putas e má vida, e muito barulhento. Desisti. Voltei a vestir-me, pedi os meus reis de volta (que me deram depois de ir mostrar que o quarto estava em condiçoes), e saí.

À porta acabei por ser assaltado por 3 vultos negros que me atacaram com paus, e quando caí na sarjeta, começou a chover.

Acordei de manhã na hospedaria de onde tentara sair, num corredor escuro em tons de verde, com dentes colados com sticky glue.»


Autor anónimo, 1622, Lisboa.



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