terça-feira, 28 de dezembro de 2004



Olá, 2005.

Desejo-te boa sorte. Ser pior vai ser francamente difícil.



domingo, 26 de dezembro de 2004



Audiobooks
Quando faço longas viagens de carro, nos últimos tempos tenho levado por companhia alguns audio books, em vez de CDs que tocam ao ritmo de cada kilómetro que passa. Irrita-me que alguns dos textos sejam versões resumidas ou editadas, mas àparte isso, é como uma estória...

Os primeiros que ouvi foram textos do Neil Gaiman, um bom contador de estórias que já tinha ouvido no Fórum Picoas. Textos de fantasia, Oh oh oh.

Depois, ouvi uma versão (resumida -- felizmente) do "Da Vinci Code" que me soou como a um jogo de aventura com templários. O actor fazia sotaques e vozes diferentes, e os maus eram facilmente identificáveis por... bom, terem voz de mau. :-)

A seguir, ouvi o Castelo, do Kafka, já na "nova versão". Lido por um Sr. chamado Geoffrey Howard, foi um salto do muito mau para o muito, muito bom. Além de o livro ser um espanto, com partes absolutamente hilariantes, fiquei impressionado pela qualidade da leitura.

Depois ouvi o Do Androids Dream of Electric Sheep, do Philip K. Dick, talvez melhor conhecido por ter dado ao origem ao filme de culto, Blade Runner. Este foi lido por 2 pessoas (actores?), a fazer personagens de cada um dos sexos. Foi o primeiro que ouvi a que associava previamente uma "voz". E o Rick Deckard é indissociável do Harrison Ford do filme, o que me causou algum desagrado. Como quando, num concerto, tocam aquela música que tão bem conhecemos... de uma forma tão ligeira e desagradavelmente diferente da que o CD nos habituou...
Esta diferença fez-me pensar que os audiobooks, que ouço no carro com muito mais agrado e distração do que a um CD, e que fazem os kilómetros voar sem neles reparar, são um grau de liberdade a menos que a palavra escrita. E um filme, muitos menos graus de liberdade, muito menos espaço à imaginação. No caso do livro do Philip K. Dick, estranhei muito diferença. O Rick Deckard que ali ouvi é claramente muito diferente tanto daquele que li anos atrás, como do que vi nas salas de cinema por mais de uma vez.

Mas depois desta experiência que me desiludiu, estou a ouvir o Timequake, do Kurt Vonnegut, lido por um Sr. Lawrence Pressman quase mágico. Não só a voz me parece muito apropriada ao papel, um contador de histórias velhote à volta de uma fogueira, como o texto em si me sabe a estimulante e rico de saber (e sabor), com milhares de estorietas de encantar.

Como quando, há poucos anos atrás, saí do Waking Life do Linklater a fervilhar de ideias, de coisas para fazer, a vida de pernas para o ar.

... e agora pareceu-me ouvir uma música da Laurie Anderson, que fala de um blackout, no Stories from the Nerve Bible... como dizem por aí, isto está mesmo tudo ligado.

p.s. - bom Natal!



sexta-feira, 3 de dezembro de 2004



O Horizonte de Memória da Net
Um destes dias estive à procura de informação sobre um espectáculo da Laurie Anderson que julgo recordar ter ocorrido em Lisboa, no Coliseu, por volta de 94-95, na tour "Stories from the Nerve Bible". Vasculhei por todo o lado, googles e newsgroups, assoprei o pó de altavistas, revirei cantos e recantos, e não consegui encontrar o que queria.

Não sei ainda se imaginei o espectáculo, se estou confundido, mas senti que, ao pesquisar info desta altura, estava a remexer no horizonte temporal da net, para lá do qual pouco se sabe (por essas alturas, se bem me lembro, o único ISP em Portugal era a Esotérica), um horizonte negro de conhecimento.

Uma das definições da palavra História diz "narração crítica e pormenorizada de factos sociais, políticos, económicos, militares, culturais ou religiosos, que fazem parte do passado de um ou mais países ou povos", o pormenor aqui sendo que, sem existir uma narração, a História não existe como tal. O paralelo disto para o que existe na net é óbvio, só nos falta uma palavra...

nethistória? histonet? nhéstoria?

Há tempos li um blog de tecnologia uma posta em que se comentava que o valor do contador de páginas indexadas no Google, que aparece no rodapé, já há algum tempo que não era modificado(actualmente diz Searching 8,058,044,651 web pages). A posta analisava o valor, concluindo que tal se devia a um motivo informático, semelhante ao Problema do Ano Dois MilTM, mas depois fica-se a pensar que mesmo nesta netstória, tal como na real, também há coisas que se esquecem.



Arquivo do blogue