domingo, 23 de outubro de 2005



Jacques Cousteau

Como muitos, a minha imagem do Jacques Cousteau é romântica. Um explorador dos tempos modernos, um aventureiro dos mares, o inventor do Aqualung essencial a quem mergulha.

Quando fui ao Mar Vermelho em Abril, fiz 2 mergulhos no Thistlegorm, provavelmente o naufrágio mais famoso daquele mar. Mais tarde, viria a saber que o Cousteau não só já lá tinha estado, como um dos seus documentários, "The Silent World" - premiado em Cannes e Hollywood - reportava essa descoberta.

Pouco depois vi o filme "The Life Aquatic with Steve Zissou" com o Bill Murray, claramente inspirado nos filmes de Cousteau, e fiquei supreendido com os seus tons de zombeteria. "Mas ele está a gozar com o quê ao certo?" Achei o filme fraco, apesar do violão de Seu Jorge.

A seguir, um amigo encontra a série de 6 DVD's à venda no e-Bay, e consegue comprá-los. E na semana passada, emprestou-mos.

Os méritos de Cousteau são muitos, não duvido disso, e várias dimensões. Mas os filmes são de uma grande crueldade para o mar e a vida no mar, há cenas que me chocaram absolutamente face à postura que tenho como mergulhador recreativo. Cenas indescritíveis de chocante, das que fazem virar a cara perante a brutalidade, e quando as vi percebi a falta de entusiasmo do tal amigo que comprou os DVD.

Pode ser só uma daquelas coisas, em que ficamos chocados com o atraso de uma cultura anterior, mas sem a qual talvez não estivessemos como estamos. Mas não deixa de me chocar. Quando mergulho, hoje, uma regra de ouro é: não tocar em nada. Cousteau&Cia tocavam em tudo, mexiam em tudo, traziam tudo para cima, vivo ou (depois) morto. Atroz. Fiquei muito desiludido, e o mito caiu do seu pedestal.



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