domingo, 25 de novembro de 2007



i feel these wires...

a minha estante novinha em folha chegou há poucos dias atrás. desde que chegou que tenho estado a enchê-la dos livros que até agora têm estado em caixotes. o mundo mudou, agora podem mostrar-se de novo ao mundo, lustrosos, repletos de ideias. apetece-me lê-los quase todos outra vez.

além dos livros, tenho estado também a seleccionar papelada que tinha arquivada. desenterrei centenas de impressões de coisas que tirei da internet entre 92 e 95. de gophers, de sites de ftp anónimo, das primeiras páginas do world-wide-web. percebi que me lembrava de vários destes artigos. sobre os memes do dawkings, sobre a abolição do trabalho, sobre as mailing lists future culture do andy haws e a leri "trip". recordei vários artigos sobre hacking e cifra. vida artificial, biotecnologia, o teste de turing e como enganá-lo, o internet worm que em tempos "mandou abaixo a internet", sobre lógica e formas de argumentar, sobre suicídios e as melhores formas de o realizar, sobre lilith e vampirismo, sobre o philip k. dick, sobre religião e ateísmo, sobre liberdades individuais, inúmeros textos e estórias de ficção de autores sempre desconhecidos, até o nome das máquinas de onde os imprimia: tutor, scallabis, amadeus. textos integrais de filmes, de espectáculos como o do monty python no hollywood bowl, do faq do blade runner (entre outros), como enrolar um charro (!), e muitos outros.

tenho pena de os deitar fora. são como arqueologia de mim mesmo. mas só vou guardar alguns.

percebi que, se calhar, muito do que sou hoje se deve a essa descoberta ocasional da internet, quando queria escrever rm para ver os parâmetros deste comando, em unix, e escrevi rn, acrónimo de read news. descobri os newsgroups, depois o gopher (uma espécie de antecessor do www), depois vieram os primeiros sites, os browsers Mosaic (com o fantástico mundo a rodar) e lynx (modo texto). encontrei textos que tinha esquecido, muitos que não li sequer, mas vários outros recordo quase na perfeição, e tiveram muita influência na formação do meu pensamento e ideias. deixado à solta num novo mundo.

agora com a música a tocar (o random começou no "tá fazendo um ano e meio" do jobim), fui buscar um moscatel, e vou continuar a tarefa.



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