sexta-feira, 12 de dezembro de 2008



Harodopios (lê-se com acento no primeiro ó) [1]

Tinha toda uma posta pensada em torno do conceito de Harodopios (lê-se com acento no primeiro ó) ((e escreve-se sempre dizendo isto mesmo)). Ia escrever sobre as voltas que dão pelos ares, sobre os fantásticos tons de azul do seu pêlo quando cruzam o céu velozes, sobre os seus lábios grisalhos e como beijam com paixão, sobre a sua alegria jovial.

Mas mais uma vez, mudei de ideias. Decidi fazer uma posta sobre frases de músicas de que me recordo. Não vou dizer de onde vêem ou quem as canta, nada. Ficam só as pa-la-vri-nhas [2]. Mas o que conta (canta?) a história  não são estas palavras, são as dos títulos.

Ou não seriam as noites dos amantes, que o mundo sempre acolherá, com luar e músicas de amor. Auto-contidos e soldados nos lábios. [3]

Quero desfazer o sentido. Geralmente já faço pouco dele, mas hoje quero fazer menos ainda.

Tive amigos em casa durante a semana que passou, e invadindo-me lavaram as plantas com Vinagre. Sorte a minha que não se lembraram do tinto. A continuar assim, ainda se lavam as paredes com azeite (ou o óleo das anchovas em lata), para ser mais saudável e resistir à Humanidade (verde é sempre melhor que cor-de-rosa, já dizia Manuel Germano, grande crítico do Género Humano [4]).

Gosto de palavras como gosto de histórias. Já devo ter escrito sobre isto algures no passado. Acho perplexante como lemos livros ou vamos ao cinema para que nos con-tem his-tó-ri-as. Em adulto, saliento duas. A primeira são as histórias do CD da Laurie Anderson, “The Ugly One With The Jewels”. Ouvi-o tantas vezes (ainda hoje pontapeio a parede por ter perdido o concerto dela em Lisboa em 94 ou 95) que as sei de cor, e comprei o “Stories From the Nerve Bible” de que foram retiradas. É como ser levado para outro universo pela voz dela, mas sem ser cliché como esta frase que ainda estou a acabar de escrever. (acabei). A segunda são as histórias de um podcast que descobri há alguns meses, chamado The Moth (“Live storytelling performances”). Gostava de saber contá-las assim, com clareza, emoção e paixão (mas as palavras atrapalham-se-me). Acabei por encomendar a caixa com 10 CDs, há dias.

I love stories. Tell me stories, entrance me, and you have my heart.

Mais nada.

[1] Só digo isto para relembrar que o acordo ortográfico me roubou (a mim pessoalmente, e a mais mortos que vivos) o acento que cabia justamente a esta palavra das mais lindas do português por descobrir.

[2] Repito: pa-la-vri-nhas.

[3] E vão duas para o mundo, cada uma seguindo o seu caminho.

[4] Ups. Referência literária secreta e subtil, em que poucos reparariam não fosse este rodapágina.



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