terça-feira, 1 de setembro de 2009



O meu nome é Romeu, e sofro de Paixão

Juntei-me aos Apaixonados Anónimos há quase 5 anos, mas já não tenho esperanças de melhorar. Só continuo a ir para conhecer pessoas, ouvir as suas estórias, e dar alguns vagos conselhos que serão completamente ignorados, apesar de ser o mais experiente do grupo.

Tudo começou com a Julieta, claro. Penso que já terás ouvido falar dela, aquela coisa trágica em que morríamos os dois envenenados. Não foi bem assim. Estávamos apaixonados, sim, mas só ela é que morreu. Eu fiquei vivo, e amaldiçoado. Amaldiçoado a continuar para sempre pela vida, como um vampiro, a apaixonar-me por uma mulher depois da outra, acreditanto sempre num ilusório para sempre que nunca chegou e nem nunca deve chegar. Não a mim.

Não me confundas com D. Juan. Esse rapaz, aliás meu bom amigo, joga no campo da sedução imediata, dá umas fintas e meia dúzia de charmes inesperados, e rapidamente chega ao branco dos lençóis para um episódio de novela. Eu apaixono-me, entrego-me, seduzo pelo que sinto e não como desporto, construo sonhos vivos e repletos de energia, com princípio meio e sem fim, acredito. E quando o coração me bate no peito com mais força, vem o veneno da minha primeira pôr fim à esperança. Uma vez depois de outra vez depois de outra vez.

Estou cansado, em casa, sentado à mesa, e tenho o cálice com o líquido verde à minha frente, mais uma vez. Vejo-o contra a luz, admiro a transparência e a côr viva que tem, sinto-me seduzido e convidado a seguir pelo caminho mais percorrido. Acabo no entanto, como sempre, por voltar a pô-lo no pequeno frasco, sem sequer muito hesitar.

Prefiro mil vezes viver com paixão, penso, do que não viver de todo.



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