quarta-feira, 9 de setembro de 2009



setembro por dentro

tirei-te uma fotografia ao rosto da minha janela, quando caminhavas pela rua na minha direcção, sem me veres. sem o saberes, sem eu o perceber também, senti que eras mais que um retrato a ampliar, a preto e branco, numa moldura grande que viria a pendurar numa parede.

estávamos em setembro, aquele mês em que o tempo ainda nos deixa passar noites na praia a conversar com a luz da marginal por trás, à procura de um beijo num intervalo da conversa, em que se começam a escrever nas folhas de papel dos diários histórias que começam com “era uma vez” que duram anos, histórias de amor que começam com a paixão dos estores para baixo em quartos quentes da respiração ofegante de corpos aos pares, e terminam… ou não, quando o nosso destino o quiser.

quis conhecer-te, imaginei enquanto apertava repetidamente o botão os teus lábios macios e um abraço apertado e quente, num instante vi passar-me pelos olhos -  como se à beira da morte - toda uma vida alternativa, e nasceu-me um sorriso nos lábios. quis-te.

estranha sensação esta. pouco depois deixei a janela, e com memória de peixe, esqueci o que tinha pensado e a sensação de alegria que me deixaste. só ficaste tu. num rolo a revelar dias depois, e onde o teu sorriso e o verde invisível dos teus olhos me faria perguntar em voz alta porque não correra para falar contigo.

 

A partir de um desafio de uma amiga especial para criar uma história a partir das palavras seguintes: peixe, estores, folha, beijo, relógio, amor, paixão, setembro, tempo, direcção, janela, fotografia.



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