sábado, 3 de outubro de 2009



Crónica de Um Beijo Anunciado

Talvez estivesse escrito. Ou talvez tenha ficado escrito porque o estou a escrever agora.

O teu nome não o vou dizer, como não vou dizer o meu. Ambos sabíamos estar destinados a ser amigos, não amantes. A não deixar nos livros de história um do outro mais que algumas linhas, mesmo sem sabermos ainda quantas. Não há neste texto nem uma Inês nem um Pedro.

Cruzámo-nos por acaso, como tantos todos os dias. Estranhamente sem jogos, de cartas na mesa, a trocar só palavras primeiro e a partilhar segredos logo a seguir, com aquela urgência electrónica tão peculiar e sem expectativas, que se cria e se desfaz de dia para o outro, que tem de ser alimentada para se manter. Se não o tivesse sido, não estaria a escrever estas linhas.

Temos pouco a ver um com o outro. Os gostos, as experiências de vida, as emoções do momento, o momento na vida, os ideais, a música, a energia. Tudo diferente. A mim encantaste-me com um desafio, no teu signo a minha sina. A ti não sei bem, mas não restava opção que não ficarmos rapidamente amigos. A pequena química da diferença, talvez.

Conhecemo-nos e saímos umas vezes, e foi bom. Descontraído, relaxado, animado e divertido. Ficava vontade de repetir.

Disseste-me um dia sermos muito sérios um com o outro. Foi quando a provocação e o jogo começaram. As regras muito claras, as escritas logo no início deste texto, mas ainda assim um jogo de sedução, animado e divertido, com picardia, de gato e de rato - mas quem é quem? Acho que somos ambos gatos, e abrimos a época de caça.

Lançámos os dados por um beijo, mas ia beijar-te fosse qual fosse o resultado, ontem à noite. Assim que te vir, ameacei-te com a promessa. E adorei os teus lábios, o teu pescoço, respirar-te ao ouvido, sentir-te a presença, o sorriso divertido de miúda mulher, o calorzinho no peito.

Foram poucas horas. Somos, ou Fomos, amigos com cor. Com benefícios, foram as tuas palavras.

E agora? As regras continuam a ser as mesmas. Somos sinceros um com o outro. Tu tens a tua vida, eu tenho a minha. Somos amigos, e o resto logo se vê. No worries.

Escrevi-nos isto só para registar na História (estória?). Pode ser que interesse a algum investigador, daqui a muitos muitos anos.



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