quarta-feira, 25 de agosto de 2004



Fui rever o "Lost in Translation" da Sofia Copolla, e o filme tocou-me mais do que da primeira vez que o vi no cinema. Disseram-me que as palavras do Bill no final eram "We'll always have Tokyo" (foram?). Depois li isto no IMDB:

"The kiss between Bill Murray and Scarlett Johansson at the end of the movie was not in the script, but was an "in the moment" ad-lib between the performers."

O final fica ainda mais enigmático...



terça-feira, 24 de agosto de 2004



Hoje contaram-me de um suicídio de 4 irmãos ocorrido, há uns anos atrás, no Viaduto Duarte Pacheco.

No filme, "The Virgin Suicides", inpirado num livro de um Jeffrey Eugenides, as 4 suicidas são as "Lisbon girls".

Não sei se é concidência. (ah, e não estou a brincar).



domingo, 22 de agosto de 2004



Nem de propósito: depois de escrever aqui ontem, abri o livro que estava a ler fraquinho, e escrito por este moço que descobri ontem também ter blog, virei a página e li nas palavras de um personagem

«Acho que o sabe já, mas, se não me têm escrito duas pessoas com o mesmo nome, sempre posso dizer que troco cartas com vários nomes da mesma pessoa, sendo que eu também não sou sempre o mesmo quem responde a essas cartas.»

Sim, há aqui mão do amigo Pessoa.





Hoje fiz 300 postas. Com esta, 301. Bolas.

Quando é que abres o teu próprio blog? ou já tens? Parece que escrevo mais para ti que para mim, sabes? Dizem-mo, as vozes. E é verdade. Nem me vou justificar. Este meu blog é inerentemente intencional superficial, e escrito para ti.

Agora me pergunto também se sou o mesmo que o começou a escrever. Não estou a falar da possibilidade de ter mudado de personalidade, de ser uma pessoa nova e diferente, com uma perspectiva e postura distintas de antes. Nada disso. Estou a falar de poder já não ser a mesma pessoa, fisicamente, que começou a escrever. Da cor dos olhos, do comprimento dos dedos, dos cabelos, do próprio sexo.
blogs com vários marinheir@s, cada um com o seu quépi. Neste, não é quem agora escreve quem a escrever começou. Ou pode não ser, talvez. Mas como ilusão, não foi bom? até a ti te iludi.


Quando estava no secundário (momento histórico approaching), tive um colega de secretária que nunca dizia asneiras. Nunca. Praguejava "bolas". Naquelas idades, dizer "f*d*-s*" é cool&the gang. Ele nunca o disse.
Dávamo-nos muito bem, e sentavamo-nos juntos a quase todas as disciplinas.

Ele tinha algumas brincadeiras parvas, tipo esconder a borracha ou a esferográfica, e uma vez, no auditório da escola, uma dessas brincadeiras provocou uma zanga feia entre nós (escondeu-me a mochila?!). Ainda trocámos uns pontapés, e nunca mais trocámos palavra. Nunca mais. Ainda estavamos no 1º trimestre, mas passámos todo o resto do ano sentados na mesma secretária a todas as disciplinas, ao lado um do outro, e nem um pio um nos concedemos.

Nem tudo foi negativo. As minhas notas subiram, e deixei de ter de me chatear por ele me esconder as bics e molins.

Feliz aniversário.


Tempo dos CiganosFui rever o Tempo dos Ciganos do Kustorica e ouvir a Vanessa da Mata. Existirá a palavra reouvir? No primeiro, a cena da cerimónia no rio, com o Ederlezi a tocar no fundo e o fogo a flutuar na água, deixa-me totalmente arrepiado. Quem não venera o Ederlezi é tonto ou cego. Ui. Do segundo, gostei. A moça deve ter um culto, porque lhe conheciam algumas letras (novela?), e o espaço estava cheio. Gostei da voz e da presença atraente em palco. Já o nome, espero que não seja artístico, e as letras não são as da Calcanhotta.



sábado, 21 de agosto de 2004



O Verão já acabou neste blog em particular (e quem disse que tenho de me guiar tua meteorologia? ao meu tempo sou eu quem o vive), mas há coisas para fazer lá fora.

por isso, para mim é...

Outono em Agosto
Um Relatório de campo

Apesar do frio que já me gela os ossos, neste Agosto frio, neste país sub-tropical onde são frequentes as palmeiras magras espalhadas por aí, há muito que fazer. Para quê ficar em casa se não há elementos de quem nos tenhamos de abrigar?

Anda daí.

Agora sim, está a começar a silly season.



quarta-feira, 18 de agosto de 2004



Hoje mudei de sítio. Agora tenho luz natural, e lá fora há copas de árvores e vento cinzento. Estou mesmo com a sensação de que o Verão acabou.

O Verão acabou.

Bolas. Mal chegou a começar.



terça-feira, 17 de agosto de 2004



Ontem fui ao cinema, ver um filme russo em que chovia inesperadamente.

Sem que se desse por ele, o Verão passou rápido e estamos quase em Setembro. O mês que começa com o Avante, e o mês que antigamente associava, desanimadamente, ao reinício das aulas. E isto apesar do ritual dos cadernos e lápis novos, dos livros de português, matemática, etc., fresquinhos, que se folheavam para encontrar matérias desconhecidas e... novas. Um mundo por aprender. Mas era triste, ainda assim. Durante anos senti este desagrado.

Quando era pequeno, ia para a Terra dos Meus Avós, na zona centro do país, e ficava lá até ao início das aulas. Juntamente com as gentes do lugar, participava nas "desbulhadas" (ort?) em que se tiravam "as cascas" às espigas de milho, que atirávamos depois para grandes cestos no cimo das pilhas. Havia licores doce a circular (o meu preferido era de anis), e quem apanhasse uma espiga "preta" podia escolher um rapaz ou rapariga para dar um beijo. Essas noites acabavam sempre com uma enorme comichão, por causa do pó nas espigas.

Não sei porque me lembrei disto agora, mas tenho saudades. Também me lembro de ir surrupiar espigas "novinhas" para assar na fogueira, passar por água, e cobrir com sal. mmm-mmmm!!!

Estou com uma crise de meia idade, e nem tenho dinheiro para o tal porsche. Bolas. Isso é que me lixa.

Ontem quando fui ao cinema, vi em russo "O Regresso". A fotografia é admirável, e o filme muito interessante. Mas o trailer engana.



sexta-feira, 13 de agosto de 2004



Hoje é já Quinta-feira em Agosto, e é de noite. Já não estou enfyado no tal Data-Center, mas hoje o dia foi muito longo. Antes de ontem fui ao Hot Club, e estava como de costume, mas com mais turistas. Ouvia-se muito falar estrangeiro. Fumo, e música... interessante, com um dos quartetos da casa.

Hoje estive sete horas e vinte minutos em reunião ininterrupta. Sem ter almoçado. E agora, à noite, doi-me a cabeça de forma crescente, mesmo perante a almofada. Dias assim... não. Arrasto-me pelos minutos.

Estou a ler o livro "Mais rápido que a luz", do João Magueijo. Há muito tempo que não lia nada sobre este tipo de temas, e tinha saudades. Pode ser um pouco cliché da ciência, mas há muito disto que se lê quase como romance policial, sentindo fascínio e curiosidade sobre o que virá a seguir. Tenho lido pouco, como sabes. Li um curto livro de um autor brasileiro, Raduan Nassar, chamado "Um Copo de Cólera". Nessa noite tive um sonho conflituoso, e acordei realmente zangado. Inspiração das palavras que li, talvez, que se inflitraram no meu sonHo.

Hoje estou aqui e não tenho realmente muito para te comunicar. Estou aqui, e pronto. Tenho o chá preto de canela a arrefecer ao meu lado, e dói-me mais a cabeça. Vou pagar ao sono as horas que lhe devo.



terça-feira, 10 de agosto de 2004



Hoje é já Terça em Agosto mas não parece, e estoy enfyado no Data-Center que já conheces, a trabalhar horas e horas. Lá fora está frio, choveu torrencialmente, e não parece Agosto. Não estar ao frio é o único aspecto agradável desta sala onde, de resto, o ventoínhar ensurdecedor de servidores e afins entra lentamente num subconsciente e me deixa doente. À minha frente tenho uma parede branca, da mesma cor da luz. Ontem quando saí, parei o carro por baixo de uns pinheiros, sem servidores, e fiz numa hora calma o que este sítio não me deu a concentração de fazer.

Hoje também dormi poucas horas, mas ontem fui ver o "Fahrenheit: 11 do 9". A intervenções de George Bush são o melhor do filme, e aqueles minutos na sala de aulas entre o primeiro e o segundo avião são talvez os mais interessantes, no desconcerto e "ninguém me tira daqui?" que parecem revelar. A partir daí é a tirania do petróleo, a que o ex-PM de Portugal se quis associar. Quando enumeram alguns dos países da "coalição dos dispostos", senti vergonha antecipada por temer ver o nome do país, escorreguei na cadeira. Tal como senti uma imensa revolta quando o PM meteu o país nisto. Interessante sem ser surpreendente. Será que terá algum impacto lá dentro? Na Europa somos um público fácil.

Não me dizes o que achas?



segunda-feira, 9 de agosto de 2004



Hoje é Segunda em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar muitas horas. Lá fora o ar sabe a abafado quente, e o céu cinzenteia por cima de mim, sem me cair na cabeça no entanto, e não respirar o ar abafado é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar ensurdecedor de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi poucas horas, mas ontem fui a um cine-pipoca, e jurei para nunca mais. Estarei velho, com alguns cabelos brancos, talvez um pouco senil e com problemas de memória (ainda não uso bengala, mas aquelas pontas retorcidas começam a atrair-me que nem magnetos), mas jurei para nunca máis. Além do reconhecido popicrunch e do depenipipocar nos baldes, houve quem atendesse telemóvel ("Então, tudo bem? Sim, estou no cinema, e tu o que fazes?...etc"), e ainda refilam quando delicadamente se atira um shiiuuu depois de o filme começar. Não é que este merecesse muito pela sua qualidade, muito pelo contrário, mas ver um filme numa sala às escuras como se estivesse a ver um jogo da bola, puhhh-leeeaaasseee!!! Só faltava o Gabriel Alves a comentar "agora é quando o aranha salva o universo, vai pela esquerda e zás!"

O problema é meu, claramente. E já está resolvido, definitivamente. Achei apenas que deveria partilhar contigo.



domingo, 8 de agosto de 2004



Hoje é Domingo em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar umas horas. Lá fora chove e o céu está sujo de cinzento, e não estar à chuva é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi 8 horas, depois de uma semana ocupada e cheia, e de ter dormido 13 horas e meia ontem. Na noite de ontem, quando ainda era Verão, fui à Fábrica da Pólvora ouvir o Pedro Jóia, e soube-me bem ouvir o Carlos Paredes em algumas cordas.

Continuo sem saber por onde andas, e o que fazes. És tantos! Talvez esta noite de sono te tenha esbofeteado rosadamente, coisa que não faria acordado a ninguém, ou talvez não. Há noites em que parece que somos visitados por sonhos que não queremos, e que não conseguimos expulsar. Apetece mais eucaliptos altos, relva, e noites de verão, com faunos escondidos nas sombras (com arpas... arpas?!)

Afinal quem és tu? Não percebes que aqui não aprendes nada? Isto é uma hipNOISE, e claramente as paredes e luz branca asséptica estão a fazer-me mal aos nervios.



sábado, 7 de agosto de 2004



Hoje é Sábado em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar umas horas. Lá fora torra-se, a esta hora, e o ar condicionado é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi 13 horas e meia, depois de uma semana ocupada e cheia. Ai, as minhas costas.

Esta semana o Cardoso e Cunha foi posto fora da TAP, e isso foi uma boa notícia.

Hoje, o que me apetece mesmo é um Bacalhau à Funil, com Pudim Abade de Priscos de sobremesa. E depois, alguma música.

E tu, o que fazes e por onde andas? Eu telefonava-te, se quisesse, mas nem o teu número sei. Acho que mudas de rosto e memória num entreolhar que faça. Cada vez que escrevo, apesar de saber que é para ti, és uma pessoa diferente. Admito que isso tem piada.

Boeuf. Mesmo que seja só eu a sentir aquilo a que me refiro.



segunda-feira, 2 de agosto de 2004



Festival de Música do Mundo de Sines, Edição 2004
8 concertos por 10€?? :-) no próximo ano tiro a sexta-feira de férias. Está decidido. Em anos anteriores vi lá concertos como o dos Hedningarna e vários outros. E agora que o panorama "world music" perdeu o Cantigas do Maio no Seixal, o FMM e o SET em Aveiro parecem-me ser os dois festivais mais interessantes do país (excluo os 3 Intercélticos por preferências estéticas pessoais :-) ). Voltando ao FMM, 2 concertos inesquecíveis: Warsaw Village Band, da Polónia, e a Rokia Traoré, do Mali. O primeiro a partir tudo com uma energia "telúrica" que lembra os Hedningarna, a segunda a seduzir e encantar. Outros dois, o David Murray e muito especialmente o Femi Kuti (a fechar o festival) foram os donos do corpo e os pulos. Finalmente, o Tom Zé, cujo concerto é destacado tanto no Público como no DN, pareceu-me muito divertido, cénico, a figura dele é claramente muito interessante e caricata, mas achei pobre musicalmente.
Voltar para Lisboa ao nascer do sol... é cansativo :-)



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