terça-feira, 28 de dezembro de 2004



Olá, 2005.

Desejo-te boa sorte. Ser pior vai ser francamente difícil.



domingo, 26 de dezembro de 2004



Audiobooks
Quando faço longas viagens de carro, nos últimos tempos tenho levado por companhia alguns audio books, em vez de CDs que tocam ao ritmo de cada kilómetro que passa. Irrita-me que alguns dos textos sejam versões resumidas ou editadas, mas àparte isso, é como uma estória...

Os primeiros que ouvi foram textos do Neil Gaiman, um bom contador de estórias que já tinha ouvido no Fórum Picoas. Textos de fantasia, Oh oh oh.

Depois, ouvi uma versão (resumida -- felizmente) do "Da Vinci Code" que me soou como a um jogo de aventura com templários. O actor fazia sotaques e vozes diferentes, e os maus eram facilmente identificáveis por... bom, terem voz de mau. :-)

A seguir, ouvi o Castelo, do Kafka, já na "nova versão". Lido por um Sr. chamado Geoffrey Howard, foi um salto do muito mau para o muito, muito bom. Além de o livro ser um espanto, com partes absolutamente hilariantes, fiquei impressionado pela qualidade da leitura.

Depois ouvi o Do Androids Dream of Electric Sheep, do Philip K. Dick, talvez melhor conhecido por ter dado ao origem ao filme de culto, Blade Runner. Este foi lido por 2 pessoas (actores?), a fazer personagens de cada um dos sexos. Foi o primeiro que ouvi a que associava previamente uma "voz". E o Rick Deckard é indissociável do Harrison Ford do filme, o que me causou algum desagrado. Como quando, num concerto, tocam aquela música que tão bem conhecemos... de uma forma tão ligeira e desagradavelmente diferente da que o CD nos habituou...
Esta diferença fez-me pensar que os audiobooks, que ouço no carro com muito mais agrado e distração do que a um CD, e que fazem os kilómetros voar sem neles reparar, são um grau de liberdade a menos que a palavra escrita. E um filme, muitos menos graus de liberdade, muito menos espaço à imaginação. No caso do livro do Philip K. Dick, estranhei muito diferença. O Rick Deckard que ali ouvi é claramente muito diferente tanto daquele que li anos atrás, como do que vi nas salas de cinema por mais de uma vez.

Mas depois desta experiência que me desiludiu, estou a ouvir o Timequake, do Kurt Vonnegut, lido por um Sr. Lawrence Pressman quase mágico. Não só a voz me parece muito apropriada ao papel, um contador de histórias velhote à volta de uma fogueira, como o texto em si me sabe a estimulante e rico de saber (e sabor), com milhares de estorietas de encantar.

Como quando, há poucos anos atrás, saí do Waking Life do Linklater a fervilhar de ideias, de coisas para fazer, a vida de pernas para o ar.

... e agora pareceu-me ouvir uma música da Laurie Anderson, que fala de um blackout, no Stories from the Nerve Bible... como dizem por aí, isto está mesmo tudo ligado.

p.s. - bom Natal!



sexta-feira, 3 de dezembro de 2004



O Horizonte de Memória da Net
Um destes dias estive à procura de informação sobre um espectáculo da Laurie Anderson que julgo recordar ter ocorrido em Lisboa, no Coliseu, por volta de 94-95, na tour "Stories from the Nerve Bible". Vasculhei por todo o lado, googles e newsgroups, assoprei o pó de altavistas, revirei cantos e recantos, e não consegui encontrar o que queria.

Não sei ainda se imaginei o espectáculo, se estou confundido, mas senti que, ao pesquisar info desta altura, estava a remexer no horizonte temporal da net, para lá do qual pouco se sabe (por essas alturas, se bem me lembro, o único ISP em Portugal era a Esotérica), um horizonte negro de conhecimento.

Uma das definições da palavra História diz "narração crítica e pormenorizada de factos sociais, políticos, económicos, militares, culturais ou religiosos, que fazem parte do passado de um ou mais países ou povos", o pormenor aqui sendo que, sem existir uma narração, a História não existe como tal. O paralelo disto para o que existe na net é óbvio, só nos falta uma palavra...

nethistória? histonet? nhéstoria?

Há tempos li um blog de tecnologia uma posta em que se comentava que o valor do contador de páginas indexadas no Google, que aparece no rodapé, já há algum tempo que não era modificado(actualmente diz Searching 8,058,044,651 web pages). A posta analisava o valor, concluindo que tal se devia a um motivo informático, semelhante ao Problema do Ano Dois MilTM, mas depois fica-se a pensar que mesmo nesta netstória, tal como na real, também há coisas que se esquecem.



sábado, 27 de novembro de 2004



Fui inesperadamente a um concerto no fórum Lisboa, esta noite. Três concertos: Gaiteiros de Lisboa - que oiço e aprecio desde 1995 -, Rodrigo Leão - e por coincidência tinha ido ouvê-lo ao CCB no Domingo, e o reencontro dos Sétima Legião. Os dois primeiros nomes cumpriram, sem dar show, e com um som cuja qualidade estava uma treta.

Não era um grande fã dos rapazes, mas tenho ainda aí um o 1º disco deles, em vinil. Os dois primeiros cumpriram, mas o reencontro dos Sétima Legião foram as estrelas da noite! Claramente a precisar de ensaios ainda, aquelas 7 ou 8 músicas valeram principalmente pela emoção, que se transmitiu do palco ao público (... ou vice-versa?), e que fez levantar o público para ir pular "lá para a frente", lagriminha no canto do olho :-).

Hoje, no vento do nooorteeeee.... Muito giro, mesmo. Valeu bastante a pena.



sábado, 20 de novembro de 2004



«- Escorregou numa casca de banana e depois fugiu!

A mãe tem que pousar a faca e o garfo na mesa para rir. E quando a mãe ri, os comboios da Linha de Oeste descarrilam, o barco de Nesodd encalha e o relógio da torre da Câmara Municipal pára. O pai inala lentamente e espera que tudo acalme.»
(in "Herman", de Lars Saabye Christensen)

Em tempos disseram-me que quando me ria, abanava o sofá todo. Mas conheço uma pessoa que ao gargalhar faz descarrilar os Alfas da Linha do Norte, isso posso garantir. :-)



quinta-feira, 4 de novembro de 2004



Às vezes há prazeres que se adiam porque sabemos que os podemos gozar bastando querer. Gozos de uma vez apenas, mas não dependentes do tempo, como um concerto ou espectáculo. Saber que os temos é já parte do prazer.

Comprei há um ano o "Endless Nights" do Neil Gaiman, que li nas últimas noites. O prazer acumulado deste ano ajudou a fazer do livro um tinto de primeira. Placidamente.



segunda-feira, 25 de outubro de 2004



Boas noites a quem vive +/-12h...

... boas noites ouvintes. O tempo para hoje afigura-se frio, mas sem vento, com possibilidade de aguaceiros durante a noite. O céu estará geralmente limpo, com possibilidade de observação esporádica de estrelas na zona do interior.

Trânsito: Tal como de costume, não existe qualquer congestionamento, nem nas A's nem nas Scuts e ex-scuts em qualquer zona do país. Os taxis concentram-se nos locais habituais.

Na alimentação, destaca-se o final da 2ª circular, onde além do BK poderemos encontrar 2 carrinhas de cachorros extra (hoje a 2€). Hoje não há fiscalização de aceleras.

Espera-se uma noite calma, propícia à produtividade. Perto do amanhecer, espera-se o costumeiro aquecimento diurno com trovoadas e céu cinzendo. Boas alturas para ficar na cama.

E agora, vamos à música...




domingo, 17 de outubro de 2004



Conan, o Rapaz do Futuro
«No ano de 2008 rebentou a Terceira Guerra Mundial, e de forma imprudente as nações beligerantes abusaram de armas magnéticas, muito mais potentes do que as armas neutras.

Como consequência, terra e mar foram destruídos e o eixo foi torcido. A terra foi subitamente confrontada com uma catástrofe inesperada.»

Acabei de ver 9 episódios non-stop. Sinto pouco flashback, lembro-me de quase nada, é quase como ver pela primeira vez. E é tão porreiro...

Parece que ficou bem marcado, no crescer, um conjunto de referências, por vezes escondidas bem fundo, mas que acabam por juntar pessoas "da mesma geração". Recentemente ouvi a música do "Era uma vez o Espaço", e quase delirei. É uma música "feel good" («lá em ciiima / há planícies sem fim»), não consigo explicar. E o Jacky, o Urso de Tallac, que tenho ali dentro num 45 rotações cheio de pó, quase me traz lágrimas aos olhos.

Que raio de cena.



sexta-feira, 8 de outubro de 2004



IndieLisboa 2004

Hungria, Islândia, República Checa, Argentina, Estados Unidos, Áustria, Itália, Japão.

Dezenas de curtas metragens.

Geniuzastare, Zero em Comportamento @ Cine 222, IndieLisboa @ São Jorge a precisar de renovação.

feliz. dá-me um prazer imenso, ver filmes como estes e conhecer sítios como os retratados, e outras formas de ver e estar no mundo, sítios e sentimentos (e emoções, claro).

O maior produtor de cinema do mundo é a Índia. Na Europa são produzidos muito mais filmes que nos EUA, apesar de o mercado ter metade do tamanho. Mais de 70% dos filmes vistos em Portugal e na Europa, são norte-americanos (a percentagem chega a 90% em alguns países). A indústria do entretenimento é uma das 3 maiores dos EUA. Há o quê, 200 países no mundo?

Podia dizer que não compreendo, mas estaria a mentir. (ps: estou disponível p/ ser chamado de snob, pseudo-intelectual, e pretencioso - o email está à esquerda).

Um link e outro link e outro e outro e ainda outro.



quarta-feira, 6 de outubro de 2004



Da mesma névoa que levou D. Sebastião
Quando era miúdo passava as férias de Verão com os meus avós. Moravam no Bairro da Liberdade, a 100 metros dos pilares do Aqueduto das Águas Livres. A casa tem 2 andares e um sótão descoberto, e ainda vivia lá aquando do 25 de Abril. No sótão havia um quarto apenas, com uma cama improvisada e paredes forradas a meninas a vender Pirellis. Fora do quarto e por baixo do telhado, havia teias de aranha e cantos baixos e escuros, de onde tinha medo de me aproximar. Na parte descoberta havia um grande quadrado no chão onde estavam as escadas para o andar inferior, e algumas coelheiras que a minha avó mantinha. Lembro-me de soltar os coelhos no chão e lhes dar ração a comer aos dentes afiados, e de ir com ela onde o aqueduto nasce do Monsanto, buscar erva para os alimentar. Havia pinheiros mansos e um campo enorme onde brincar e apanhar pinhas. Os pinhões, partia-os contra o chão do sótão, com um estranho martelo cilíndrico do meu avô.

O meu avô trabalhava num armazém de peças da Ford Lusitana. De lá ir, recordo-me de enormes estruturas com prateleiras até um tecto muito alto. O armazém do Ikea fez-me lembrar o do meu avô. Ele usava um fato macaco azul, e levava a bucha para o emprego, todos os dias, numa pequena malita.

Nas férias de Verão, os meus avós iam para a terra. Acordávamos de manhã cedo, muito cedo, com um nevoeiro cerradíssimo a cobrir tudo, e subíamos a rua até às escadinhas do chafariz, cujos 3 intermináveis lanços descíamos (seriam 3?). Aí apanhávamos o comboio, primeiro para Braço de Prata (o que há neste nome?), depois para o Entroncamento, e finalmente saída em Albergaria dos Doze. 2 ou 3km depois, chegávamos a casa.

Não havia intercidades, os bancos eram verdes e estavam frequentemente cheios, pessoas com sacos, tropas. Inter-Regionais, Regionais.

Escrevo isto, e o IC em que viajo pára em Pombal, a 20km do meu destino nessas madrugadas de viagem que se prolongavam dia adentro. Juro que é coincidência. Não vou sair aqui.

Só me lembro de madrugadas...



sábado, 2 de outubro de 2004



Ele Vive!!!
Foto Bill WattersonLer um post sobre a carismática Mafalda lembrou-me a reforma de Bill Watterson, autor do Calvin&Hobbes, a 1 de Janeiro de 1996 (ao lado, numa das poucas fotos existentes). Na carta de despedida, escreveu:

"This is not a recent or easy decision, and I leave with some sadness. My interests have shifted, however, and I believe I've done what I can do within the constraints of daily deadlines and small panels. I am eager to work at a more thoughtful pace, with fewer artistic compromises. I have not yet decided on future projects, but my relationship with Universal Press Syndicate will continue."

E desde aí, nada mais se soube dele. Desapareceu. Poof!

Mas...

... mas agora, pode haver mouro na costa. Diz-se por aí à má fila que o secretivo autor pode ter voltado à vida, desta vez ao lápis de um personagem chamado Frazz, sob o pseudónimo de "Jef Mallett". O logro é fenomenal: há quem entreviste esta suposta pessoa, e até arranjaram um actor para a fotografia falsa (...já não se pode confiar no que se lê na web!), mas a semelhança no desenho é demasiado grande. O Frazz parece o Calvin depois de crescido. Veja-se isto! Que mais provas são precisas?

Pior, veja-se a forma absolutamente patética como Jef Mallett afirma ser Jef Mallett e não Bill Watterson:

"I’m not Bill Watterson. Like every other cartoonist out there, I’m pretty far from Bill Watterson. I’m just another working stiff who learned a lot from reading Calvin & Hobbes and doesn’t see a real need to hide that (though I bet I could have avoided more than a few comparisons by giving Frazz a little different hairstyle)."

Pfffff. Quem pensa ele que convence? E só para se ver ao ponto a que chegaram para esconder a identidade de Watterson, basta ver este artigo, com um actor contratado para fazer do inexistente Jef.

Sinceramente, desde Roswell que não assistia a um logro desta dimensão.

(espera... eu acredito em Roswell!)



quinta-feira, 23 de setembro de 2004



Eu, Jota K.
Ao ler um prefácio de uma tradução recente d'"O Castelo" de Kafka para inglês, fiquei a saber que nos primeiros capítulos a palavra "eu" aparece riscada e substituída por "K.". O livro terá começado a ser escrito na primeira pessoa.

No prefácio descreve-se também o pedido de Kafka ao seu amigo e editor, quando morreu, para destruir todos os seus manuscritos. Este pedido não foi respeitado, e só devido a isso se podem ler hoje "O Castelo", "O Processo", e "América" (que inicialmente tinha outro nome), todos - no entanto - incompletos. Aparentemente, o tal amigo e editor terá efectuado uma limpeza ao texto, uma homogeneização de linguagem e pontuação, nas versões que inicialmente saíram para o mercado. Só há poucos anos se re-analizaram os originais e publicaram versões tais como o autor as escreveu. "O Castelo", por exemplo, acaba com uma frase a meio, incompleto.

Parece que Kafka escrevia longos parágrafos, com pouca pontuação. Segundo uma carta que escreveu, achava que um ponto parágrafo devolvia a consciência ao leitor, como se sem esses sinais o leitor pertencesse ao escritor e à história, estivesse nas suas mãos.



quarta-feira, 22 de setembro de 2004



Antes que me esqueça (azul suave)
Estou a meio de um livro escrito por um psicólogo russo, A.R. Luria em 1968, chamado "O Caso do Homem que Memorizava Tudo". Um percussor d'"O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu", de Oliver Sacks.

No livro, que se devora como a um Da Vinci, aprendi o significado da palavra Sinestesia:

1. termo que caracteriza a experiência sensorial de certos indivíduos nos quais sensações correspondentes a certo sentido são associadas às de outro sentido;
2. LITERATURA combinação de sensações diferentes numa só expressão;
(Do gr. synaísthesis, «sentimento comum a vários» +-ia)


"No caso de C., todos os sons que ouvia produziam imediatamente uma sensação de luz, cor e ainda de tacto e paladar." Porquê o meu interesse nisto? Porque tenho uma certa tendência para associar cor a palavras, e descobri que nem é um caso raro: "Um grande número de pessoas tem indícios de sinestesia, mas muito rudimentares: «ver» cores diferentes ao escutar notas mais agudas ou mais graves; sentir que algumas notas são «quentes» e outras «frias»; «ver» a sexta-feira e a segunda-feira como de cores distintas."

O método de memorização de C. consistia em construir imagens mentais do que tinha de memorizar, e colocá-las ao longo de um caminho que depois percorria quando tinha de as recordar. Pelo que o livro escreve, C. era capaz, muitos anos depois, de se recordar das sequências que Luria lhe tinha pedido para memorizar e repetir. Quando falhava, era por erros de percepção e não de memória, porque tinha criado uma imagem que - no caminho mental que percorria ao relembrar - era pouco visível, ou estava na penumbra. Não errava, e só em raras vezes saltava elementos, fossem estes números, palavras, imagens, palavras em estrangeiro, ou palavras inventadas.

C. tinha vários problemas, como se pode facilmente imaginar. Além de lhe ser difícil ler um livro (tal a quantidade de imagens que se lhe geravam na mente), era complicado memorizar caras (porque estão sempre a mudar, como a superfície do mar), e era impossível esquecer, apagar memórias, mesmo de coisas insignificantes. Uma das suas tentativas foi escrever o que queria esquecer: "Porque não, pensou ele, usar alguns expedientes externos: escrever as coisas de que já não se queria recordar. Isto pode parecer-vos estranho, mas, para ela, era um raciocínio bastante normal. Na sua opinião, «as pessoas anotam coisas para não se esquecerem delas. Isto parece-me ridículo, por isso decidi abordar o problema à minha maneira». Segundo ele, se anotasse uma coisa já não necessitava de a recordar, mas se não a pudesse escrever tinha de a memorizar."

Tendo diário desde muito pequeno, sei de que ele fala. O método com ele não funcionou (e comigo?), mas acabou por conseguir encontrar uma forma de esquecer.

Mais palavras de C., em 1939, agora sobre comida: "(...) Estou sentado num restaurante, ouve-se música. Sabem porque é que põem música nos restaurantes? Porque altera o sabor da comida. Se escolhermos o tipo certo de música, tudo passa a saber bem. As pessoas que trabalham nos restaurantes sabem certamente isto...", "tenho dificuldade em perceber o que leio se ao mesmo tempo estou a comer - o sabor da comida encobre o sentido...", e "Escolho o que vou comer de acordo com o nome da comida, com o som da palavra. É ridículo dizer que maionese [em russo, maionez] sabe bem. O z estraga o sabor - não é um som atraente..."

Mais à frente, são descritos alguns dos "feitos" que o raciocínio imagético de C. permitia: coisas como aumentar o seu ritmo cardíaco imaginando-se a correr, aumentar em dois minutos a temperatura de uma mão imaginando-a num forno (2º!) , e simultaneamente diminuir a temperatura da outra (imaginando-a a agarrar num cubo de gelo). Mais, C. não sentia dor: "[No dentista] Sentava-me na cadeira, mas imaginava que não era eu que estava realmente ali, mas outra pessoa. Eu, C., estava apenas ao seu lado, a observar o dentista a tratar-lhe os dentes. Deixava-a sentir a dor. Não me magoava a mim, mas a «ela», percebem. Eu, simplesmente, não sinto nenhuma dor."

Ao ler livros como estes, e mesmo tratando-se de casos clínicos, acho que é impossível deixar de se pensar naquilo que se esconde no nosso cérebro.



terça-feira, 21 de setembro de 2004



Telefonaram-me de urgência:

"Liga a Sic Radical! Está a começar uma cena..."

E eu fi-lo.

"Que canal é?"

"O 9, liga."

E ainda a imagem não se tinha formado, já tinha reconhecido a música.

O primeiro a aparecer foi o Starbuck. Depois o Apollo. O Adama. A Galactica. Os Vypers. Os Cylons... blip blip blip!

Na década de 80, sabia desenhar os Vypers, e idolatrava o irreverente Starbuck. Agora só falta o Cosmos do Carl Sagan, e prontos. Vamos fugir, para as profundezas do espaço. O Baltar é um malandro!



segunda-feira, 20 de setembro de 2004



Das Padeiras de Aljubarrota
Vi um espectáculo de teatro/dança/cinema com este título. Ouvi, por entre muitas palavras, um possível nome alternativo para este blog: "Vastas ambições (...), pensamentos (...) inconscientes". Gostei de uma cena em que uma actriz se move em volta de outra, que está parada, mas as palavras que diz saem da boca desta última. E de outra cena em que as 3 actrizes se rodeiam e falam entre si, mas o que dizem são melodias da "Garota de Ipanema", ou do "Atirei o Pau ao Gato", numa língua que não existe. E de outra cena em que...





Não costumo postar sobre coisas muito pessoais, mas não queria deixar de enviar um grande abraço ao Duarte e à Joana, que ontem se uniram no sagrado matrimónio e com quem já estive duas vezes no Mar Vermelho, e desejar-lhes a melhor das sortes.

Eu sei que, dada a mudança temática, podes temer já não ser eu quem escreve, mas um heterónimo. Estás enganad@, sou eu mesmo. E vou postar já a seguir para o provar.



quinta-feira, 9 de setembro de 2004



Aluguer de Curta Duração (ACD)

Estou com pouco tempo livre. Ando ocupado. Preciso de ajuda, durante uns dias. Queres ficar a tomar conta do meu blog? Eu retribuo-te, e fico a tomar conta do teu blog, rego-te as plantas cibernéticas e alimento os teus cães autómatos quando precisares.

Queres ser um heterónimo? Faz de mim uns dias.

Se estiveres interessad@, o email está aqui ao lado. Preciso de umas 2 semanas de postas, talvez.

Este aviso é a sério.



quarta-feira, 25 de agosto de 2004



Fui rever o "Lost in Translation" da Sofia Copolla, e o filme tocou-me mais do que da primeira vez que o vi no cinema. Disseram-me que as palavras do Bill no final eram "We'll always have Tokyo" (foram?). Depois li isto no IMDB:

"The kiss between Bill Murray and Scarlett Johansson at the end of the movie was not in the script, but was an "in the moment" ad-lib between the performers."

O final fica ainda mais enigmático...



terça-feira, 24 de agosto de 2004



Hoje contaram-me de um suicídio de 4 irmãos ocorrido, há uns anos atrás, no Viaduto Duarte Pacheco.

No filme, "The Virgin Suicides", inpirado num livro de um Jeffrey Eugenides, as 4 suicidas são as "Lisbon girls".

Não sei se é concidência. (ah, e não estou a brincar).



domingo, 22 de agosto de 2004



Nem de propósito: depois de escrever aqui ontem, abri o livro que estava a ler fraquinho, e escrito por este moço que descobri ontem também ter blog, virei a página e li nas palavras de um personagem

«Acho que o sabe já, mas, se não me têm escrito duas pessoas com o mesmo nome, sempre posso dizer que troco cartas com vários nomes da mesma pessoa, sendo que eu também não sou sempre o mesmo quem responde a essas cartas.»

Sim, há aqui mão do amigo Pessoa.





Hoje fiz 300 postas. Com esta, 301. Bolas.

Quando é que abres o teu próprio blog? ou já tens? Parece que escrevo mais para ti que para mim, sabes? Dizem-mo, as vozes. E é verdade. Nem me vou justificar. Este meu blog é inerentemente intencional superficial, e escrito para ti.

Agora me pergunto também se sou o mesmo que o começou a escrever. Não estou a falar da possibilidade de ter mudado de personalidade, de ser uma pessoa nova e diferente, com uma perspectiva e postura distintas de antes. Nada disso. Estou a falar de poder já não ser a mesma pessoa, fisicamente, que começou a escrever. Da cor dos olhos, do comprimento dos dedos, dos cabelos, do próprio sexo.
blogs com vários marinheir@s, cada um com o seu quépi. Neste, não é quem agora escreve quem a escrever começou. Ou pode não ser, talvez. Mas como ilusão, não foi bom? até a ti te iludi.


Quando estava no secundário (momento histórico approaching), tive um colega de secretária que nunca dizia asneiras. Nunca. Praguejava "bolas". Naquelas idades, dizer "f*d*-s*" é cool&the gang. Ele nunca o disse.
Dávamo-nos muito bem, e sentavamo-nos juntos a quase todas as disciplinas.

Ele tinha algumas brincadeiras parvas, tipo esconder a borracha ou a esferográfica, e uma vez, no auditório da escola, uma dessas brincadeiras provocou uma zanga feia entre nós (escondeu-me a mochila?!). Ainda trocámos uns pontapés, e nunca mais trocámos palavra. Nunca mais. Ainda estavamos no 1º trimestre, mas passámos todo o resto do ano sentados na mesma secretária a todas as disciplinas, ao lado um do outro, e nem um pio um nos concedemos.

Nem tudo foi negativo. As minhas notas subiram, e deixei de ter de me chatear por ele me esconder as bics e molins.

Feliz aniversário.


Tempo dos CiganosFui rever o Tempo dos Ciganos do Kustorica e ouvir a Vanessa da Mata. Existirá a palavra reouvir? No primeiro, a cena da cerimónia no rio, com o Ederlezi a tocar no fundo e o fogo a flutuar na água, deixa-me totalmente arrepiado. Quem não venera o Ederlezi é tonto ou cego. Ui. Do segundo, gostei. A moça deve ter um culto, porque lhe conheciam algumas letras (novela?), e o espaço estava cheio. Gostei da voz e da presença atraente em palco. Já o nome, espero que não seja artístico, e as letras não são as da Calcanhotta.



sábado, 21 de agosto de 2004



O Verão já acabou neste blog em particular (e quem disse que tenho de me guiar tua meteorologia? ao meu tempo sou eu quem o vive), mas há coisas para fazer lá fora.

por isso, para mim é...

Outono em Agosto
Um Relatório de campo

Apesar do frio que já me gela os ossos, neste Agosto frio, neste país sub-tropical onde são frequentes as palmeiras magras espalhadas por aí, há muito que fazer. Para quê ficar em casa se não há elementos de quem nos tenhamos de abrigar?

Anda daí.

Agora sim, está a começar a silly season.



quarta-feira, 18 de agosto de 2004



Hoje mudei de sítio. Agora tenho luz natural, e lá fora há copas de árvores e vento cinzento. Estou mesmo com a sensação de que o Verão acabou.

O Verão acabou.

Bolas. Mal chegou a começar.



terça-feira, 17 de agosto de 2004



Ontem fui ao cinema, ver um filme russo em que chovia inesperadamente.

Sem que se desse por ele, o Verão passou rápido e estamos quase em Setembro. O mês que começa com o Avante, e o mês que antigamente associava, desanimadamente, ao reinício das aulas. E isto apesar do ritual dos cadernos e lápis novos, dos livros de português, matemática, etc., fresquinhos, que se folheavam para encontrar matérias desconhecidas e... novas. Um mundo por aprender. Mas era triste, ainda assim. Durante anos senti este desagrado.

Quando era pequeno, ia para a Terra dos Meus Avós, na zona centro do país, e ficava lá até ao início das aulas. Juntamente com as gentes do lugar, participava nas "desbulhadas" (ort?) em que se tiravam "as cascas" às espigas de milho, que atirávamos depois para grandes cestos no cimo das pilhas. Havia licores doce a circular (o meu preferido era de anis), e quem apanhasse uma espiga "preta" podia escolher um rapaz ou rapariga para dar um beijo. Essas noites acabavam sempre com uma enorme comichão, por causa do pó nas espigas.

Não sei porque me lembrei disto agora, mas tenho saudades. Também me lembro de ir surrupiar espigas "novinhas" para assar na fogueira, passar por água, e cobrir com sal. mmm-mmmm!!!

Estou com uma crise de meia idade, e nem tenho dinheiro para o tal porsche. Bolas. Isso é que me lixa.

Ontem quando fui ao cinema, vi em russo "O Regresso". A fotografia é admirável, e o filme muito interessante. Mas o trailer engana.



sexta-feira, 13 de agosto de 2004



Hoje é já Quinta-feira em Agosto, e é de noite. Já não estou enfyado no tal Data-Center, mas hoje o dia foi muito longo. Antes de ontem fui ao Hot Club, e estava como de costume, mas com mais turistas. Ouvia-se muito falar estrangeiro. Fumo, e música... interessante, com um dos quartetos da casa.

Hoje estive sete horas e vinte minutos em reunião ininterrupta. Sem ter almoçado. E agora, à noite, doi-me a cabeça de forma crescente, mesmo perante a almofada. Dias assim... não. Arrasto-me pelos minutos.

Estou a ler o livro "Mais rápido que a luz", do João Magueijo. Há muito tempo que não lia nada sobre este tipo de temas, e tinha saudades. Pode ser um pouco cliché da ciência, mas há muito disto que se lê quase como romance policial, sentindo fascínio e curiosidade sobre o que virá a seguir. Tenho lido pouco, como sabes. Li um curto livro de um autor brasileiro, Raduan Nassar, chamado "Um Copo de Cólera". Nessa noite tive um sonho conflituoso, e acordei realmente zangado. Inspiração das palavras que li, talvez, que se inflitraram no meu sonHo.

Hoje estou aqui e não tenho realmente muito para te comunicar. Estou aqui, e pronto. Tenho o chá preto de canela a arrefecer ao meu lado, e dói-me mais a cabeça. Vou pagar ao sono as horas que lhe devo.



terça-feira, 10 de agosto de 2004



Hoje é já Terça em Agosto mas não parece, e estoy enfyado no Data-Center que já conheces, a trabalhar horas e horas. Lá fora está frio, choveu torrencialmente, e não parece Agosto. Não estar ao frio é o único aspecto agradável desta sala onde, de resto, o ventoínhar ensurdecedor de servidores e afins entra lentamente num subconsciente e me deixa doente. À minha frente tenho uma parede branca, da mesma cor da luz. Ontem quando saí, parei o carro por baixo de uns pinheiros, sem servidores, e fiz numa hora calma o que este sítio não me deu a concentração de fazer.

Hoje também dormi poucas horas, mas ontem fui ver o "Fahrenheit: 11 do 9". A intervenções de George Bush são o melhor do filme, e aqueles minutos na sala de aulas entre o primeiro e o segundo avião são talvez os mais interessantes, no desconcerto e "ninguém me tira daqui?" que parecem revelar. A partir daí é a tirania do petróleo, a que o ex-PM de Portugal se quis associar. Quando enumeram alguns dos países da "coalição dos dispostos", senti vergonha antecipada por temer ver o nome do país, escorreguei na cadeira. Tal como senti uma imensa revolta quando o PM meteu o país nisto. Interessante sem ser surpreendente. Será que terá algum impacto lá dentro? Na Europa somos um público fácil.

Não me dizes o que achas?



segunda-feira, 9 de agosto de 2004



Hoje é Segunda em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar muitas horas. Lá fora o ar sabe a abafado quente, e o céu cinzenteia por cima de mim, sem me cair na cabeça no entanto, e não respirar o ar abafado é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar ensurdecedor de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi poucas horas, mas ontem fui a um cine-pipoca, e jurei para nunca mais. Estarei velho, com alguns cabelos brancos, talvez um pouco senil e com problemas de memória (ainda não uso bengala, mas aquelas pontas retorcidas começam a atrair-me que nem magnetos), mas jurei para nunca máis. Além do reconhecido popicrunch e do depenipipocar nos baldes, houve quem atendesse telemóvel ("Então, tudo bem? Sim, estou no cinema, e tu o que fazes?...etc"), e ainda refilam quando delicadamente se atira um shiiuuu depois de o filme começar. Não é que este merecesse muito pela sua qualidade, muito pelo contrário, mas ver um filme numa sala às escuras como se estivesse a ver um jogo da bola, puhhh-leeeaaasseee!!! Só faltava o Gabriel Alves a comentar "agora é quando o aranha salva o universo, vai pela esquerda e zás!"

O problema é meu, claramente. E já está resolvido, definitivamente. Achei apenas que deveria partilhar contigo.



domingo, 8 de agosto de 2004



Hoje é Domingo em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar umas horas. Lá fora chove e o céu está sujo de cinzento, e não estar à chuva é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi 8 horas, depois de uma semana ocupada e cheia, e de ter dormido 13 horas e meia ontem. Na noite de ontem, quando ainda era Verão, fui à Fábrica da Pólvora ouvir o Pedro Jóia, e soube-me bem ouvir o Carlos Paredes em algumas cordas.

Continuo sem saber por onde andas, e o que fazes. És tantos! Talvez esta noite de sono te tenha esbofeteado rosadamente, coisa que não faria acordado a ninguém, ou talvez não. Há noites em que parece que somos visitados por sonhos que não queremos, e que não conseguimos expulsar. Apetece mais eucaliptos altos, relva, e noites de verão, com faunos escondidos nas sombras (com arpas... arpas?!)

Afinal quem és tu? Não percebes que aqui não aprendes nada? Isto é uma hipNOISE, e claramente as paredes e luz branca asséptica estão a fazer-me mal aos nervios.



sábado, 7 de agosto de 2004



Hoje é Sábado em Agosto, e estoy enfyado num Data-Center a trabalhar umas horas. Lá fora torra-se, a esta hora, e o ar condicionado é o único aspecto agradável desta sala onde o ventoínhar de servidores e afins entra lentamente num subconsciente doentio.

Hoje dormi 13 horas e meia, depois de uma semana ocupada e cheia. Ai, as minhas costas.

Esta semana o Cardoso e Cunha foi posto fora da TAP, e isso foi uma boa notícia.

Hoje, o que me apetece mesmo é um Bacalhau à Funil, com Pudim Abade de Priscos de sobremesa. E depois, alguma música.

E tu, o que fazes e por onde andas? Eu telefonava-te, se quisesse, mas nem o teu número sei. Acho que mudas de rosto e memória num entreolhar que faça. Cada vez que escrevo, apesar de saber que é para ti, és uma pessoa diferente. Admito que isso tem piada.

Boeuf. Mesmo que seja só eu a sentir aquilo a que me refiro.



segunda-feira, 2 de agosto de 2004



Festival de Música do Mundo de Sines, Edição 2004
8 concertos por 10€?? :-) no próximo ano tiro a sexta-feira de férias. Está decidido. Em anos anteriores vi lá concertos como o dos Hedningarna e vários outros. E agora que o panorama "world music" perdeu o Cantigas do Maio no Seixal, o FMM e o SET em Aveiro parecem-me ser os dois festivais mais interessantes do país (excluo os 3 Intercélticos por preferências estéticas pessoais :-) ). Voltando ao FMM, 2 concertos inesquecíveis: Warsaw Village Band, da Polónia, e a Rokia Traoré, do Mali. O primeiro a partir tudo com uma energia "telúrica" que lembra os Hedningarna, a segunda a seduzir e encantar. Outros dois, o David Murray e muito especialmente o Femi Kuti (a fechar o festival) foram os donos do corpo e os pulos. Finalmente, o Tom Zé, cujo concerto é destacado tanto no Público como no DN, pareceu-me muito divertido, cénico, a figura dele é claramente muito interessante e caricata, mas achei pobre musicalmente.
Voltar para Lisboa ao nascer do sol... é cansativo :-)



sexta-feira, 30 de julho de 2004



As notícias dos incêndios deixam-me absolutamente angustiado.

Vir de manhã a ouvir notícias, ler o jornal, ver noticiários, são provações que me encolhem e entristecem.



terça-feira, 27 de julho de 2004



With all this heat, all I want is a cold beer and lupins.

Pareceu-me importante dizer isto.



sexta-feira, 23 de julho de 2004



Carlos Paredes
O primeiro CD que ouvi dele era um CD oferta da TAP aos clientes. Tinha uma capa azul, e chama-se "Asas sobre o mundo". Enviei uma cópia a uma amiga nos EUA, numa troca que fizemos. Muitas músicas são mágicas, e tocam-me profundamente (diria "na alma portuguesa", se acreditasse em tal coisa). Nunca tive o prazer de o ouvir ao vivo. ... E o que se pode dizer? era um músico admirável, e agora morreu, e estou genuinamente triste.



domingo, 18 de julho de 2004



night nokias

Estou fascinado com as capacidades fotográficas dos telemóveis. Já andava com a minha Lomo para quase todo o lado, mas o móvel acompanha-me bastante mais, em instantâneos. Aqui ficam. Arte moderna, sign of the times. É como os blogs. É interessante pensar nas consequências, e o tema nem é novo: a democratização do acesso, o trigo e o joio, a vulgarização.

E agora algo completamente do mesmo: este formulário permite ao "cidadão" enviar ao "Governo" "uma opinião, uma crítica ou uma sugestão". Não sei se respondem, mas aguardo uma resposta. Porque é que "cidadão" tem inicial minúscula, e "Governo" maiúscula? hmmmm.



quinta-feira, 15 de julho de 2004



Há coisas que não compreendo

O Santana como PM.

O Santana a despedir-se da CMLisboa com uma pausa cabisbaixa de segundos, "cuidem de Lisboa", os jornalistas a falar de emoção e eu a ver só mau TEATRO. Fui só eu?? "Custa muito deixarmos um trabalho que adoramos. Eu adorava este trabalho. Gosto muito de Lisboa. Sou lisboeta desde sempre, portanto custa muito sair". Quantos segundos terá ele passado a livrar-se sair do Túnel das Amoreiras, Parque Mayer, Casino, etc.? 2? 3?

O melhor aspecto do Santana ir para PM é sair de presidente da CML...

Os dois investigadores do apito doirado, um em Cabo Verde outro em França (a fazer o quê???), o juiz escolhido - por concidência - familiar de pessoas da CM Gondomar.

O Santana como PM.

Aquele senhor do aparelho do PS, culpado ou não que seja, posto em Liberdade de uma forma com contornos tão infelizes quanto os que o meteram atrás das grades. Depois de trocas de juízes, e com um fechar de olhos a vários elementos de prova. Aliás, posso falar neste caso, até, de uma generalizada despenalização, no que é um gravíssimo caso de crime de abuso de crianças. Wyrd. Afinal são todos inocentes?

O Santana como PM.

Ouvi na rádio que tinham sido pausadas as negociações para a saída "do brasileiro administrador-delegado" Fernando Pinto da TAP, pelo menos até a situação política actual estabilizar. O problema, pelos vistos, é que ele e o tacho que lá está como presidente não se dão bem. E quem sai? O líder da equipa que - por estranho que pareça - trouxe a TAP aos lucros e até é querido pelos trabalhadores pela sua competência. O que vai mal?

O Santana como PM, para mim, é algo ainda não consigo compreender. Não consigo - sinceramente - olhar para ele, ouvi-lo, e ver qualquer espécie de profundidade, de capacidade de visão e liderança. Méritos terá, certamente, óbvio. Mas eu não os vejo, e não o vejo como um PM. Francamente. E mais: se ele não tem legitimidade perante o eleitorado português neste momento, que legitimidade terá entre os seus próprios pares e ministros?

Acho que a única coisa boa deste processo foi a saída do in-líder nato "cartões amarelos" Ferro.

O "Dr. Pedro Santana Lopes" como Primeiro Ministro? inacreditável. Francamente. Ao que nós chegámos.

Agora diz-me: o que é que faço, para protestar contra estas coisas? Existe algum provedor do Eleitor? O que pode fazer um cidadão anónimo para protestar contra situações que sejam do seu desagrado?

Olha, não consegui deixar de falar de política. E logo a seguir a um post sobre a magnífica Lhasa. Que contrasenso.





Lhasa de Sela - Portugal Tour 2004 :-)
Check Sound Lhasa, Jardins do Palácio de Cristal, Porto, 10Jul2004

Conheço a senhora desde o La Llorona e o nascimento do culto. Fui vê-la e ouvi-la ao Fórum Lisboa e aos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. O primeiro concerto mais "nervoso", o segundo mais solto, com mais estórias, mas com a mesma postura discreta. A mesma magia dos discos, mas agora ao vivo e com uma presença poderosa que desarma por completo. Duas músicas "novas" a ficar no ouvido: um fado português, uma canção tchenena quase uma canção de embalar, melopeica. Em Lisboa, a sala fechada convidou ao arrepio na espinha e lágrima no olho, com a enorme ovação na entrada em palco a não deixar dúvidas sobre o quão esperado era este espectáculo; no Porto, o convite foi mais ao movimento do corpo.

Por vezes a expectativa é tão grande quanto a desilusão, mas não foi o caso. O(s) concerto(s) foram MUITO, MUITO bons, valeram totalmente a pena, e como prometi antes, morria feliz, ao sair dali. :-) Aliás, fui atirar-me da ponte, mas sobrevivi, elásssssssss. Pontes baixas, é o que dá. :-)

A foto ali em cima foi tirada durante o check-sound no Porto.

As boas notícias? parece que volta em Dezembro à Aula Magna...

PS para quem lá esteve- a moça do Cello, à luz do dia, não tem nada a ver com a vamp nocturna. :-)



sexta-feira, 9 de julho de 2004



Eu sei que não devia fazer isso, mas esqueçam o link específico em si, e liguem ao conteúdo.

Pack Conan: O Rapaz do Futuro - 1+2+3 - DVD Zona 2, de Hyao Miyazaki.

Entretanto, foi o concerto da Lhasa, e efectivamente morri. Aliás, a história de como continuo aqui afinal é muito longa. Posto-a dentro de dias, quando conseguir encontrar as palavras certas, e aclarar as ideias quando ao que aconteceu ao certo.



quarta-feira, 7 de julho de 2004



Enquanto o nosso presidente de todos nós, os seus portugueses (dele), poisa o seu vasto encéfalo ponderante na decisão que tem entre mãos (as que tem livre), a mim, mero e simples humano que não tenho o Peso Da Nação (em toneladas), resta-me, com mal contida alegria, ir assistir ao primeiro concerto da Lhasa, no Fórum Lisboa, hoje à noite. Quer-me cá parecer que o PR, entre idas a jogos da bola, não se importaria de assistir.

A menina tem 2 CD's, e o primeiro, "La Lhorona", é qualquer coisa de "out-world-ly", de fora-do-outro-mundista, e se o concerto estiver ao nível desse disco em particular, juro-te que saio dali e me vou atirar da ponte. De uma ponte, vá, não precisa de ser da 25 of april com vista para o stadium of light.

Fiquem bem. Qualquer coisa, estoy ali no jardim das bananeiras, no meio dos trigues. :)



domingo, 27 de junho de 2004



Nestes últimos dias, o segundo assunto de maior interesse nacional tem sido a ida do nosso primeiro para Bruxelas. Coitado, é uma cidade bem cinzenta, apesar dos gofres e da banda desenhada. É verdade que vai ganhar 4 a 5x mais e ter vários luxos e responsabilidades, mas isso até faz sentido.

O chato é que nos deixa a nós com os problemas nas mãos. A minha opinião, apenas para a deixar porque os argumentos foram já quase todos ditos, é que se deviam convocar eleições para imediatamente depois do Verão.

Recebi SMS a convocar-me para as duas manifs contra a possibilidade do amigo Santana Lopes pai-de-família e com pouco tempo para a CML (dizem as más línguas que muitas vezes nem aparece na CML) ser P.M., e a favor da convocação de eleições. É isto a sociedade civil? Seja como for, agrada-me o conceito.

Voltando um pouco atrás, há aqui um paralelo curioso a fazer-se. Neste momento, não estamos perante apenas UM duelo Portugal vs ...laranjas, mas DOIS! E o resultado de ambos reveste-se de grande incerteza.
Se o PR fizesse o anúncio da sua decisão depois do jogo de hoje - no que mais não seria que um reforço da real união entre desporto e política - seria um final de novela em grande! Até podia indexar o resultado do jogo à decisão. Isso sim, era tê-los no sítio. :-)

E só por curiosidade, alguém leu isto?





Voltei de Londres, gostei muito de ver a Galeria Saatchi, de ver o "Much Ado About Nothing" do amigo Shakespeare no Globe Theater, de rever Camden e o Natural History Museum e o Biggie Bennie e Covent Garden (e a Muji e a Lush :-) ai que consumista). O curioso é que ficam sempre coisas por ver...

Tive de ir 3 dias para Reading, quase hora e meia de comboio para cada lado. Passei por Ascot, e em 2 desses dias o comboio enchia-se de Srs e Senhoras embonecados, com cartolas e chapéus femininos de muitas de formas e feitios. Vinham das corridas de cavalos. Hábitos estranhos.

Londres é uma cidade espantosa e outros clichés, mas não sei se queria viver lá.



sexta-feira, 11 de junho de 2004



Estou chateado. Estou honestamente mt chateado com o estado das coisas no nosso pequeno rectângulo. Estou chateado como estaria há 10 anos atrás, quando ainda estava a fazer o meu cursito universitário e ia a manifs contra as propinas. Estou tão chateado com esta porra toda que quase não me reconheço. Prometi-te que não ia falar mais deste tipo de chateações, há uns dias atrás, por isso para ser honesto comigo mesmo não vou poder dizer de que se trata. Mas estou mesmo chateado, bolas.

Ontem resumi numa conversa a uma pessoa amiga os motivos da minha chateação. A pergunta de resposta à minha prelecção foi: "mas o quê, também tu vais emigrar, é?" Não, acho que por agora não. Quem não está bem muda-se, é um facto. Mas eu não acuso o país, apesar de me fazer muita confusão este conceito de fronteira. Há um texto que o Johny Depp lê no "Arizona Dream" do Kustorica, em que ele fala do pai. E diz ele a palavras tantas que o pai dele era um "border guard. His job was to keep people from crossing lines". É só a mim que o conceito de fronteira, e em consequência de país/nação parece estranho, quando visto assim?

Sei que nunca vi Lisboa assim. Saio à rua e vejo bandeiras de Portugal em muitas janelas, em automóveis, lojas, prédios, balcões, montras. Uma admirável demonstração de apoio à "nossa" selecção. Lembro-me de quando Timor-Leste esteve aí mais "na boca do Povo", e havia demonstrações do género, mas não foi assim.

Podia agora ironizar: e quando o Saramago ganhou o campeonato do mundo dos escritores, porque não houve este circo todo? talvez o uniforme? o homem até já vai à Feira do Livro de fatinho para as sessões de autógrafos! Claramente nada glamoroso. Não é "o escritor das quinas", raios o partam. Mas até joga em Espanha, raios! Não merecia uns posters, ao menos?!

Enfim. Feliz deve estar o nosso Político do Jaguar, o Deneuve. Tanta coisa para as criancinhas cantarem o hino, e agora recebe isto das baideirolas de mão beijada. (ups, lá foi uma frase de política... ups!)

Não me entendas mal. Até acho piada a estas demonstrações de apoio. Acho giro. E acho de facto que temos pouco orgulho no que temos. E não digo, como ouço às vezes, que "o que Portugal tem de bom é o que não depende dos portugueses" (isto é, o clima). A única coisa que me desgosta são as tais linhas do Kustorica. Acredito em culturas partilhadas, não em países, nações. Lembro-me de descobrir a internet, talvez em 1993, e conhecer gente de todo o mundo. Trocar k7s e postais com pessoas do outro lado do mundo. Descobrir e conhecer. E de repente, talvez desde aí, estas linhas administrativas passaram a fazer cada vez menos sentido.

Quanto ao Europeu... bom, vou mazé para Londres uma semana. Deve haver por lá menos doidos, nesta altura. Até acho que no jogo inaugural devo estar em pleno voo. Se calhar por isso é que não foi difícil comprar bilhete. Havia lugares.

Tenho pena de falhar as eleições. Vai ser a segunda vez na vida que deixo de votar, a outra também foi por não estar cá na altura. O voto vale o que vale, e Os Srs não mudam, preocupados com os seus interesses e fotografias e não com o que fazem com o meu €urito. Mas não deixo de o fazer.

E não. Desta vez não são férias. :)



Ah, e mais uma coisa. Estes últimos dias tem sido profícuos em mortes de políticos. Talvez se fosse obrigatório morrer-se aos 60 anos houvesse menos interesse no Poder, quem sabe? mas o político que me interessa é o Sr. Reagan. E o que me incomoda (porque ainda me lembro dele) é o aparente branqueamento quase generalizado que por aí se vê. O Sr. era um super-militarista despesista, era um bronco. E agora é erguido em braços, um homem de visão, etc. Concedo-lhe mérito no fim do anacronismo chamado URSS. Mas, por favor, não branqueiem o passado. Até parece que estamos em 1984, e não 2004 (o bold é para o caso de ter sido subtil demais na referência).



terça-feira, 1 de junho de 2004



Lhasa de Sela ao vivo

Não sei se já o disse, mas já tenho bilhete para a Lhasa no dia 7 de Julho no Fórum Lisboa. Espera-se com ansiedade uma enorme desilusão, tão altas são as expectativas. :-)

De resto, já vos contei o meu novo plano de vida que consiste em tirar formação de instrutor de mergulho e mudar-me para um paraíso qualquer onde o mergulho seja um sonho (e onde a CNN me possa entrevistar como o primeiro ex-bloguista a mudar de vida para se tornar Dive Master)?

Não digo que este facto tenha para ti muita importância, dada a ausência de projecção internacional deste blog, bem como o facto de ignorar quase totalmente os factos do mundo que nos rodeia (estive mesmo, mesmo tentado a postar sobre o salário daquele moço que vem do BCP para os impostos e que vai ganhar num mês o que eu ganho ao ano, mas contive-me), e sendo assim totalmente incitável nos media (nacionais), mas enfim. Pode ser que com o €€€ que estou a receber com a venda do meu bem sucedido livro consiga pagar o preço de um qualquer ciberquiosque.

Veremos.



quarta-feira, 26 de maio de 2004



Excelentes notícias!

Podes lembrar-te de que em finais do ano passado (post de 25 de Dezembro) a Editora Defenestrerius, de Lisboa, publicou "Curta Antologia Biográfica - os meus melhores sms: 1999-2003". Ora pois bem, na sequência do sucesso desta edição, que rapidamente esgotou os 3000 exemplares, tenho duas enormes novidades: em primeiro lugar, vai ser publicada já no próximo mês uma segunda edição de mais 1500 exemplares! Em segundo lugar, e uma vez que uma maravilha destas não se podia limitar ao nosso rectângulo, vai ser editada no mercado europeu uma edição tri-lingue, em português inglês e francês, em colaboração com a Pinguim Books (na GB) e a Galimar (em França).

A tradução foi feita por Madeleine Toutbrillant, francesa, mas que em virtude de trocar SMS com interlocutores de todo o mundo, está especialmente bem qualificada para a tarefa.

Para mim, em termos pessoais, este processo teve ainda o aspecto especialmente interessante de perceber que a tradução de SMS's se reveste de constrangimentos curiosos, desde o nível da manutenção do comprimento máximo das mesmas, à tradução de abreviaturas.

Mais uma vez, tanto a reedição como a edição trilingue podem ser encontradas e/ou encomendadas em lojas como a Fnac ou Bertrand. E garanto-te que não enriqueço com isto. Mal dá para os carregamentos!

Uqbar



segunda-feira, 24 de maio de 2004



Voltei de férias. Fui e zás, lá estive, e infelizmente de voltar tive.

Mar Vermelho, Hurghada e Safaga. 14 mergulhos, dois deles nocturnos, uma semana, 14 horas dentro de água. Como é? É o Éden. É um sonho (molhado :-)), é desatar a rir de êxtase perante o que se vê à frente dos olhos.

Foi a minha segunda ida a este destino, e tenciono voltar. Por muito estragado que esteja o nosso mar, há muito de espantoso para se ver.



quinta-feira, 13 de maio de 2004



Dizia hoje no Público sobre algo que foi publicado numa revista de gajos:

... mmmm. não. não vou citar. acho que isto já vai ser citado em 273 outros weblogs, e eu sou muito cioso da minha especialidade, até porque (como já sabes) estou destinado à própria CNN, pre ou post-mortem que seja (preferia a primeira).

Mas olha, agora que já esclareci a consciência que tenho da falta de originalidade, procurando assim estabelecer a minha própria originalidade, vou citar à mesma. :-)

ora pois reza da seguinte palavrática forma:

"Quando questionadas sobre as características que valorizam no sexo oposto, as mulheres portuguesas preferem os olhos e as mãos. A atitude que mais as irrita é o machismo, seguindo-se a desonestidade.

O homem ideal para a maior parte das inquiridas tem entre 1,70m e 1,75m, olhos verdes e cabelo castanho escuro, liso e não muito curto, sem barba nem bigode, mãos grandes e dentes brancos. A meiguice, a honestidade e o bom humor são as três qualidade de eleição, que as levam a escolher o cão como o animal que representa o homem perfeito.

O homem ideal é aquele que tem como principais hobbies ir ao cinema, viajar e ler. Um jantar à luz das velas, em que o homem vestiria roupa desportiva é o programa perfeito."


Bolas, pensei eu. Sou alto demais. :-)


ps- nem vou comentar o aspecto canino da questão, porque, como sabes, teria muito a dizer. woof.



quarta-feira, 12 de maio de 2004



Hoje fui buscar o meu pópó[lo] ao stand. Tinha-o deixado lá para fazer uma revisão e ser levado à inspecção. Normalmente, quando o levo, nem me preocupo muito com valores que deixe na viatura, nunca houve problemas. Desta vez, suponho que durante a verificação do IPO, fui violentamente roubado. E não estou (só) a falar do preço.

Passo a explicar: tinha no cinzeiro do carro, que não uso, 3-moedas-3 de 50 20 10 cêntimos, com a arpa da Irlanda no verso. Moedas de estimação, que encontrei no chão ao caminhar pelo passeio. E fanaram-mas, às minhas moedinhas. Dá para acreditar?

Já aos 5 feijões vermelhos da sorte que estão no pequeno compartimento de moedas, a esses deixaram-nos. Não consigo perceber como se pode trocar a felicidade eterna por 70 cêntimos.

SEUS JUDAS!!!!!



terça-feira, 11 de maio de 2004



Horus e Jill Bioskop, pela Oficina da Terra Pedi ao Tiago e à Magda, da Oficina da Terra, para me fazerem uma pietá ao contrário. A foto ilustra o resultado, a peça está todas as noites a velar por mim.

Nada como deuses egípcios e mulheres de cabelo azul para velar pelos sonhos. :)

O Tiago e a Magda são um casal de artesãos em cujo ânimo habita o génio. A sério. E eu não uso esta palavra de ânimo leve.



segunda-feira, 10 de maio de 2004



Apesar dos rumores nesse sentido, e de inclusive um texto sobre o assunto já ter sido publicado em mais de um media nacional, uma vez que ainda não consegui (oh que lamentável) ser referido na CNN, quero deixar aqui muito claro que vou continuar a postar. O motivo para a falta de postas é apenas o trabalho, oh-o-trabalho, que tanto mócupa e me tira tempo. O resto da vida também contribui. Ando tão cansado, tão cansadito, tão absolutamente exausto e desfeito em fanicos de cansaço e stress e oh tão exausto, que decidi ir de férias de mergulho para o Egipto outra vez, já nesta sexta-feira. Está decidido, não protestes, já sabes que não vale a pena, quando decido já decidi, mesmo que depois mude de ideias, o que não vai acontecer neste caso. Vou já no primeiro avión que me aparecer pla frente, sem hesitar, boldamente e sem medos nem receios.

Há outro motivo para não ter postado nos tempos recentes. É que a maioria das coisas que me passam pla cabeça são de natura protestal political. Chateio-me e ainda me revolto (acho piada a já ter idade para ser senil e reformado) (eheheh) (quase) e ainda me incomodar com determinadas coisas politicais. Ainda não cresci, está-se bem a ver. E assim, para evitar o mau humor, decidi não postar, simplesmente.

Claro que, levado ao limite, isto quereria dizer que nunca mais voltarei a postar. Ou antes, só depois de morrer. Posso deixar uma posta escrita (como na música), ou então muitas postas escritas, para serem publicadas depois do meu fim terminal. Que tal? Post Póstumos. Aposto que isso seria original.

O primeiro weblog post-mortem!

Tenho de explorar esta ideia. Mas incomoda-me um pouco o facto de não estar vivo para me poder ver na CNN.



terça-feira, 27 de abril de 2004



Há uns anos atrás, numa freguesia nos arredores de Lisboa, a população manifestou-se contra a construção de uma escola primária (que acabou por ser construída). Num dos grafitis de protesto, lembro-me bem, podia ler-se:

Não há escola



segunda-feira, 12 de abril de 2004



Já esta, é porque a encontrei quando procurava a letra da "Balada das Sete Saias". É do Fausto, e gosto da letra. Mas não conheço a música. E gosto do nome Mariana.

Mariana das sete saias (Fausto)

Sete saias tem Mariana
e um emprego em Miraflores
viveu ontem de recados
mas hoje vive de amores

sete carros vão chegando
pelas tardes de Belém
com sete homens que a beijam
entre Sintra e o Cacém

não tenho amores
nem tenho amantes pois
quantos amados não sei
tenho alguns amadores
olha para mim
lá na terra onde morei
escutava
pela rádio o folhetim

sete saias tem Mariana
à noite no Parque Mayer
dança bolero em dó menor
ali num cantinho qualquer

"ai de mim" – diz Mariana
se um dia amor me faltar
ao almoço eu já não como
e como menos ao jantar

não tenho amores
nem tenho amantes pois
quantos amados não sei
tenho alguns amadores
e sustento dois
lá na terra onde morei
sem trabalho
que é da vida p´ra depois

sete saias tem Mariana
nesta roda de contraste
a tua vida serve bem
aqueles que nunca amaste

Mariana das sete saias
se sopra o vento suão
deixas de ser uma almofada
entre o mandado e o mandão

cai-te essa flor do cabelo
e amores do coração





Vou postar uma letra para ti. Daquelas que, como nos restantes blogs-onde-se-postam-letras, se lêem na diagonal. Mas vou explicar-te primeiro o porquê. Esta música ouvi-a no disco dos Trovante, "Baile do Bosque", ainda em vinil 33 rotações dos pais, em 81 ou 82. Teria uns 10 anos, se tanto, e qués tu ver que nunca se me esqueceu a dita? Tanto que quando o disco foi reeditado em formato CD, o comprei. Calhou agora voltar a ouvi-la, por estes dias, e decidi postá-la. Acho-a fresca. Como o site de onde tirei a letra tinha no título "Cancioneiro", pergunto-me se a letra original será dos Trovante ou se será alguma cantiga de amigo ou romance antigo.

Balada das Sete Saias

Sete ondas se noivaram
Ao luar das sete praias
Sete punhais se afiaram
Menina das sete saias

Sete estrelas se apagaram
Sete-que-pena choraias
Sete segredos contaram
Menina das sete saias

Eh ah......

Sete bocas se calaram
Com sete beijos beijai-as
Sete mortes evitaram
Menina das sete saias

Sete bruxas se encontraram
No monte das sete olaias
Sete vassouras montaram
Menina das sete saias

Sete faunos contrataram
Sete cornos e zagaias
Aos sete encomendaram
Menina das sete saias

Sete princesas toparam
Com mais sete lindas aias
Por sete e sete deixaram
Menina das sete saias

Sete danças que bailaram
Sete vezes que desmaias
Sete luas te ansiaram
Menina das sete saias

Sete vezes se encantaram
No bosque das sete faias
Sete sonhos desfolharam
Menina das sete saias



terça-feira, 6 de abril de 2004



Snobíssimo

Ontem fui à Casa Fernando Pessoa assistir a um recital de poesia "pianado".

Na fila de trás, ouvi: "Estive a ver o programa, e as poesias são apenas do Fernado Pessoa e do Mário de Sá-Carneiro. Porque é que não recitam dos outros heterónimos??"



domingo, 4 de abril de 2004



"Probida a Entrada a Pessoas Estranhas Ao Serviço" ainda aceito.

Agora...

"Probida a Entrada a Pessoas Estranhas"?

Francamente. São mais os que entram ou os que ficam de fora?



sexta-feira, 2 de abril de 2004



Kila @ CCB

Kila ao vivoOs Kila são uma banda celta da Irlanda, que cantam em gaélico e que, há 5 anos atrás, deram um concerto estupendo no Cantigas do Maio - Seixal. Os srs estão de volta, para 3 concertos a terminar no Intercéltico no Porto, e o primeiro foi aqui no amigo CCB em Lisboa.

Vim de lá há umas horas atrás.

A música dos Kila convida a pulos e dança, e isso não foi possível no CCB. O concerto pareceu-me... médio, especialmente porque também "estive lá" na tal noite no Seixal. A distância ao público não facilita. Mais calminhos, os moços, talvez mais perfeitos no som.

A música dos Kila é um irlandês atípico (até por cantarem em gaélico), e mais de uma pessoa a quem fiz ouvir o Tóg é go Bog é foi incapaz de identificar a origem do som. Não se ouça, portanto, à espera do tradicional irlandês gaitafolado.

Resumindo: concerto fixe, mas num local totalmente desadequado. Esqueçam as cenas irlandesas tipo Riverdance ou Titanic... this is the real thing. :-)))

ps- os arrumadores/postura do CCB são uns palermas, na atitude durante o concerto, e mereceram as várias vaias q ouviram.



quinta-feira, 25 de março de 2004



Poster Euro2004 por Miguel Rocha - Clicar para ampliarHá por aí um rapaz na scena da banda desenhada portuguesa chamada Miguel Rocha. Este moço fez coisas como o "Março", "Eduarda", "Malitska", mais recentemente "A Vida numa Colher - Beterraba", e uma pequena e deliciosa história "Borda d'Água" (nº6 da Lx Comics), entre outras coisas. Este moço, de quem tenho alguns albuns autografados e um destes dias postarei aqui, é o autor do poster do Euro 2004.

Não gosto de bola, mas curti.

(ps- não há muita informação na net sobre o autor, mas aqui ficam alguns links: link, link, link.
Mas tu descansa. Eu scano os autógrafos. :-))





É muito fácil fazer crítica política em Portugal. Senão veja-se:

- ausência de reflorestação ou outras medidas depois dos incêncios do ano passado
- "fechação" :-) de delegações do IGAE quando se está sempre a dizer que não há fiscalização
- tudo aquilo que o luis delgado diz

Assim sendo, a partir de hoje a política está oficialmente excluída deste weblog.



terça-feira, 23 de março de 2004



Acabo de descobrir que o Sr. Gormley afinal é mesmo conhecido. Reconheci várias das fotos no walkthrough do site dele, e inclusive uma delas está de permanente no Parque das Nações. E estas duas achei também absolutamente fascinantes: Field e Learning to Think. E quem já esteve em Inglaterra também vai reconhecer esta, Angel of the North.





Antony Gormley na GulbenkianNo sábado, quando fui à Gulbenkian, vi uma exposição temporária numa sala mesmo junto à entrada para o auditório. Acabei por descobrir (há 5 minutos atrás) que a exposição em causa é de um sr chamado Antony Gormley, dizendo o Lazer do Público: «Momento alto na programação da Fundação Calouste Gulbenkian. O escultor britânico Antony Gormley - um dos nomes mais importantes da escultura britânica da actualidade, vencedor do prémio Turner em 1994 - apresenta duas instalações: "Critical Mass" e "Domain Field".»

Esta foto que está aqui ao lado não é uma imagem digital, mas uma fotografia real da sala. A exposição é composta por uma série de figuras com forma humana (pelos vistos à imagem do autor), em diferentes posições de pé, feitas de pequenas hastes de metal. Parecem figuras feitas de fósforos. Pode passear-se pelo meio destas figuras, e estas transmitem uma sensação muito estranha, muito cinematográfica, de pessoas que se estão a desfazer, como se fossem fantasmas. É absolutamente fascinante e desconcertante, esta exposição. Estive lá 3 ou 4 minutos se tanto, mas vale a pena.





Hoje acordei inclinado para a esquerda. Devo ter dormido mal.


(isto não é uma declaração política, mas uma constatação literal)



segunda-feira, 22 de março de 2004



Era só o que me faltava.

O Sr. Encostou o seu carro ao meu. Vou responsabilizá-lo.

(ainda para mais, é mentira)
(nunca mais soube do sr/sra)
(nem vi o carro ao qual me encostei)
(não há pachorra)



domingo, 21 de março de 2004



Immortel (ad vitam) - Enki Bilal

Immortel (Ad Vitam) - Enki Bilal

Estreia esta semana, dia 24 de Março (em França). E pelo que já pude ver, parece um filmeco de Ficção Científica. :-( bolas. Um desilusão temida... Vamos ver.

O trailer | O teaser | O site oficial





Chamo a esta foto, tirada durante as minhas férias, Uma Loma Laranja. :-)
Uma Loma Laranja





Food for the Senses

The Station Agent - este é o FinPor recomendação de um amigo fui ao Quarteto ver um filme chamado "A Estação" (The Station Agent, imdb e site oficial).
O filme é uma pequena, encantadora, divertida, e absolutamente deliciosa história simples, que vale muito, muito a pena ver. Aliás, vale tudo a pena. O filme foi mt premiado em Sundance, o festival americano de cinema independente, mas pelo que me parece está a passar praticamente despercebido.

Parece que já não fica muito mais tempo. Aproveita enquanto é tempo. MESMO.
Olha, e se não fores, pelo menos vê o traila.

Ballet Gulbenkian / Março 2004 / O céu que nos restaJá ontem fui à Gulbenkian ver o mais recente espectáculo do Ballet respectivo. Foram 3 bailados, e todos eles bastante interessantes. Especialmente o último, "Os monólogos do Oriente", até pelo aspecto do humor. Não vou comentar tecnicamente, pq n percebo puto :-), mas gostei bastante.
Parece que o Paulo Ribeiro, novo director artístico do B.G. (de quem vi desde coisas mt boas a coreografias totalmente anti-público), está a acertar. :-) No espectáculo anterior ele criou o "White", repetindo a colaboração ao vivo em palco com os Danças Ocultas, e foi memorável.
Espero que lhe tenha passado a fase e opções "anti-público" (e coreografias como as da Marie Chouinard que abriram a temporada), e músicas de estalidos ou roncos mecânicos (como o q abre o "Paradise Practice"), mt in, mt hip e estéticas YeahI'mAFinaCreatorFromDaBigApple,pass-the-salt-please, mas totalmente desagradáveis aos ouvidos.

(fiquei subitamente de muito mau humor, lamento, e saiu-me).



sexta-feira, 19 de março de 2004



Recebi agora mesmo este email, fundo vermelho incluído:

"FINALMENTE"– JOSÉ CID
Coliseu dos Recreios

Dia 23 de Abril de 2004, 22 horas


José Cid, um dos impulsionadores do rock em Portugal, é sem dúvida, um dos grandes marcos da música portuguesa.

Com um palmares invejável ao longo da sua brilhante carreira artística, este autor, compositor e interprete, conta com 25 discos de Prata, 8 álbuns de Ouro (2 duplos), 3 álbuns de Platina, além de inúmeros prémios de prestigio em Portugal e no estrangeiro.

No Coliseu dos Recreios apresenta " FINALMENTE! ", o inevitável espectáculo!

Uma noite certamente memorável, em que serão recordados temas bem conhecidos do público, com uma primeira parte num tom mais acústico, seguida dos tão famosos hits do rock português.


Para protestar, por favor contactar a Media Capital Entertain, organizadora do evento.





Agora que o tempo está a aquecer...

TeleTremoço.


(pensa nas potencialidades)





O livro de onde tirei o título deste blog chama-se "Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos". Alguns meses decorridos sobre a rebaptização do mesmo, parece-me agora que "Pensamentos Imperfeitos" é um nome que faz muito mais sentido. "Vastas Emoções" é pretenSioso demais, não achas? Isto é pequenino, este mini-mundo. Se calhar vou mudar.





Hoje no fórum da TSF discutiu-se o que se fez, depois dos incêndios do ano passado, para prevenir e recuperar o que se perdeu. Foi uma delícia ouvir o secretário de estado falar das comissões lançadas, das publicações em diário da república, dos projectos a arrancar, dos conselhos de ministros. E depois perceber que afinal, de concreto, não se fez puto. Népia. Nada. Reflorestação? Qual quê (afinal, "só 15% da área ardida é do Estado, q só pode agir aí..."... e mesmo assim, não foi feito)? Mais meios para bombeiros? Népia. Bonito. Detesto-o, mas só dá p comentar: «é o costume».

Ora que porra. :-(

Se fosse hoje, o pobre do D. Dinis ainda estava numa comissão qualquer a discutir a cordos sacos em que se devem empacotar as sementes do pinhal de Leiria (e se por acaso se lembrarem de ir ver num mapa a extensão do dito, vais ficar boquiabert@).

Pronto(s). Lá estou eu a politizar. Raismapartam. Às vezes um tipo revolta-se por cenitas tão insignificantes, não é?



terça-feira, 16 de março de 2004



EU NÃO SOU UM ATUM!!!!!!





(Breton abana o queixo, em aprovação)





O nosso ministro da administração interna garantiu absolutamente, hoje de manhã na TSF, que "não existe qualquer ameaça terrorista para Portugal".

Como é que ele sabe?

Esta questão do terrorismo e do brutal atentado de Madrid tem sido sobejamente debatida e comentada por aí na blogosfera e tvosfera e jornalosfera, mas não consegui deixar de deixar aqui tb umas palavrinhas.

Um dos vários aspectos que acho mais de "case study" nesta história toda foi a tentativa de aproveitamento político, muito marcada, por parte do PP, e um caso em que (pelo menos em aparência) uma legislatura de 4 anos foi julgada não por esses 4 anos mas por, digamos, 2 eventos principais: a mentira/ocultação a 3 dias das eleições (o principal) e a participação na guerra do Iraque. O que aconteceu com o Prestige tb foi um prenúncio deste tipo de comportamento pouco democrático.

Mas note-se: o PP teria ganho, segundo as sondagens, se não tivesse acontecido o atentado. Logo, não foi a participação no Iraque que fez mudar o sentido de voto...


Bom, chega. Ainda me aborreço a mim mesmo. Eu, a ter conversas sérias sobre a realidade política internacional? seca. Não me chamo Rogeiro. :-)



segunda-feira, 15 de março de 2004



Como é que lidas com extremos graus de chateação? O que é que fazes? imagina que estás profundamente chateado com uma situação, ou uma pessoa. O que fazes? Vais de férias? Apanhas uma tosga?

How?




ps- e agora para algo realmente deprimente: a nova página do Cine 222... volta, Zero, volta!!!



sexta-feira, 12 de março de 2004



HEY!

Não te vi por aqui ontem?

Parece-me que te conheço... Mas ontem tinhas longos cabelos desatados, e hoje apareces-me aí com esse ar de branco caucasiano de nariz adunco?!

O que se passa?? Hem?



quinta-feira, 11 de março de 2004



Declaração de Dirigição

Quero com isto dizer que, depois de muito tempo em que este weblog ignorou totalmente a existência de fosse quem fosse no espaço exterior (o quê, reconhecer a inexistência de uma vasta multidão de leitores que me persigam na rua a pedir para pedir t-shirts e sacos de campanha? ZAMAIS!), decidi mudar de tom.

[FOTO REMOVIDA DAQUI]

Doravante, este weblog passará a ser escrito única e exclusivamente para ti. Não, não estou a falar de alguém em particular (mesmo!), mas de TI. Yep. Tu-zinh@, aí, que percorres assaz distraidamente a tua lista de bookmarks, à procura de entertainment.

Será isto uma cedência aos grandes conglomerados multinacionais dos media, que me forçam assim a admitir a existência de um mercado? estarei eu a vender-me à necessidade de vender, de ser reconhecido e visto, de fazer cara-a-caras (caras-a-cara? caras-a-caras?) com outros famosos blogueiros (nota o "outros", ò distraíd@)? quais quê! Só me dirigo a ti porque me dá jeito escrever assim, estou habituado, com o diário'n'all.

a ti eu toutaver

Acho que acabei de descobrir, depois de mais de um ano de busca incessante incansável recantável, a personalidade deste blog. Raismapartam, jota.





E para continuar na veia literária, e acho que é a primeira vez que faço isto, transcrevo abaixo a letra de uma canção de Maçadeiras. Gostava que pudesses ouvir, na versão das brasileiras Mawaca com a Né Ladeiras.

Este linho é mourisco

Este linho é mourisco/A fita dele namora/Quem aqui não tem amores/Tire o chapéu vá-se embora

Ai larilóai larilóai/Larilóai meu bem/Regala-te ó meu amor/Regala-te e passa bem/Ó minha mãe dos trabalhos/Para quem trabalho eu/Trabalho, mato o meu corpo/Num tenho nada de meu

Maçadeiras lá debaixo/Maçai o meu linho bem/Num olheis para o portelo/Qu'a merenda logo vem





Herzog"Herzog", de Saul Bellow

Há muitos que consideram o Saul Bellow (Nobel Literatura 1976) o maior escritor norte americano de todos os tempos. Já tinha lido um livro dele, que por acaso não me deixou muita marca, mas este... estou a achar absolutamente genial.

Deixo umas amostras, logo do arranque do livro (sendo longo, não espero que alguém leia, mas quero citar à mesma):

«Grief, Sir, Is a species of idleness.

He went on taking stock, lying face down on the sofa. Was he a clever man or an idiot? Well, he could not at this time claim to be clever. He might once have had the makings of a clever character, but he had chosen to be dreamy instead, and the sharpies cleaned him out. What more? He was losing his hair. He read the ads of the Thomas Scalp Specialists, with the exaggerated skepticism of a man whose craving to believe was deep, desperate. Scalp Experts! So... he was a formerly handsome man. His face revealed what a beating he had taken. But he had asked to be beaten, too, and had lent his attackers strength. That brought him to consider his character. What sort of character was it? Well, in the modern vocabulary, it was narcissistic; is was masochistic; it was anachronistic. His clinical picture was depressive - not the severest type; not a manic depressive. There were worse cripples around. If you believed, as everyone nowadays apparently did, that man was the sick animal, then was he even spectacularly sick, exceptionally blind, extraordinarily degraded? No. Was he intelligent? His intellect would have been more effective of he had had and aggressive paranoid character, eager for power. He was jelous but not exceptionally competitive, not a true paranoiac. And what about his learning? - He was obliged to admit, now, that he was not much of a professor, either. Oh, he was earnest, he had a certain large, immature sincerity, but he might never succeed in becoming systematic.
[...]
Resuming his self-examination, he admited that he had been a bad husband - twice. Daisy, his first wife, he had treated miserably. Madeleine, his second, had tried to do him in. To his son and his daughter he was a loving but bad father. To his own parents he had been an ungrateful child. To his country, and indifferent citizen. To his brothers and his sister, affectionate but remote. With his friends, an egotist. With love, lazy. With brightness, dull. With power, passive. With his own soul, evasive.

Satisfied with his own severity, positively enjoying the hardness and factual rigor of his judgement, he lay on his sofa, his arms rising behind him, his legs extended without aim.

But how charming we remain, notwithstanding.»

e outro, umas páginas depois:

«Soberly deliberating, Herzog decided it would be better not to accept Ramona's offer. She was thirty-seven or thirty-eight years of age, he shrewdly reckoned, and this meant that she was looking for an husband. This, in itself, was not wicked, or even funny. Simple and general human conditions prevailed among the most seemingly sophisticated. Ramona had not learned those erotic monkeyshines in a manual, but in adventure, in confusion, and at times probably with a sinking heart, in brutal and often alien embraces. So now she must yearn for stability. She wanted to give her heart once and for all, and level with a good man, become Herzog's wife and quit being an easy lay. She often had a sober look. Her eyes touched him deeply.»

Admito que não te digam nada, estes bocados de texto, mas a mim surpreenderam-me e achei-os brilhantes, tal como acho ao livro, apesar de o estar a ler com pouco ritmo. Não costumo citar de livros, é prova bastante o quão este está a tocar na minha sensibilidade.



quarta-feira, 10 de março de 2004



Pronto, vou morrer. Pronto. Está decidido. Veja-se isto:

(do Crónicas da Terra)

«Lhasa de Sela em Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro

A organização do jovem festival de músicas do mundo, Sons em Trânsito de Aveiro, está de parabéns. Conseguiu assegurar a presença da cantora da américa selvagem Lhasa de Sela para quatro concertos a realizar no nosso país, durante o mês de Julho. Além de Aveiro, Lisboa, Porto e Coimbra, também estão na agenda.
...
»


argghhhhhhhhhhh.............................................





Um Post Político

Tem-se falado muito da candidatura de direita à eleições presidenciais. Santana-das-discos, ou não-dá-Cavaco-a-ninguém. Parece-me claro, como a muitos outros certamente, que o amigo Santana é perigoso, e que seria tudo excepto o presidente de todos os portugueses. Eu até andava a pensar, sendo o presidente de direita, o Cavaco seria o mal menor.

Depois ouvi-o na rádio. E a voz do senhor desfez aquele efeito de "as pessoas têm memória curta". Senti-me voltar anos atrás, a quando era Primeiro Ministro, ao tempo das manifs contra as propinas e afins. Senti um profundo desagrado, e a esperança de nunca o ter como presidente. Aliás, nem a ele nem ao Santana Lopes.

Tem mesmo de haver presidente? Será que o Louçã se candidata? :-) (nah, tb n o vejo como Presidente).



sábado, 6 de março de 2004



Areal no SalA Ilha do Sal em Cabo Verde

Um rapaz que estava a dar apoio aos mergulhos, com quem conversei, dizia apontando p a ilha com o queixo "isso aí não é Cabo Verde". Olhava-me raramente nos olhos, mas parecia sentir curiosidade de conversar. Vários cabo-verdeanos me pareceram ter um misto de timidez com orgulho. "Digam o que quiserem os turistas, praia e sol, isso aí, isso não é Cabo Verde. Cabo Verde é muito mais.".

Falou-me da Praia e do "bairro dos escravos", do "seu" Tarrafal e do seu "quartel" (de triste memória) em Santiago, dos preços astronómicos do Sal (caipirinhas a 5€ no Restaurante Esplanada Mateus, Tshirts estampadas a 37€?!) e da necessidade de trabalhar. Da praga dos vendedores senegaleses, "os cabo verdeanos não são assim, não quer não se insiste", que perseguem insistentemente os turistas na rua, vendendo artesanato do Senegal com "Cabo Verde" escrito, e até afirmando-se Cabo Verdeanos.

A BuraconaNa música, e esquecendo os entertainments hoteleiros, o único sítio em Santa Maria onde ouvir uma verdadeira rabecada à Travadinha :-) é o "Restaurante Esplanada Mateus", 4ª-Sab. O resto é um pouco "love boat" e discotecas e bares com sabor a Itália e reggae, mas seguro e anda-se totalmente à vontade. Recomendo o simpático Mateus!

Outros pontos de interesse, de que também me falou e visitei, foi a Buracona, a norte (perto de Espargos, a capital da ilha e que de longe se parece com... "Beirute"...), uma piscina natural com gruta; Pedra de Lume, as salinas ainda em exploração, a nordeste, onde o sal moído parece neve, e onde se flutua e nada com água pelo joelho (!!!).

A paisagem desértica que domina a ilhaA paisagem da ilha é totalmente dominada por uma imagem de deserto lunar, com muito sol e vento forte. Os areais são doirados e bonitos, a água bem azul (o mergulho foi algo turvo), mesmo ao lado dos hoteis. Férias de um tipo a que de facto, sendo-se Cabo Verdeano, pode ser dificil encontrar interesse. Mas que eu adorei! :-)

Quando acabámos a conversa, ofereceu-se p me gravar CDs de música cabo-verdeana, quando lá voltar. Afinal, "cada CD virgem custa só 300 escudos". :-)

As Salinas de Pedra de Lume (clicar para mais fotos e mapa da ilha)Já depois de voltar, soube que a ONU vai "promover" Cabo Verde de "País subdesenvolvido" a "País em vias de desenvolvimento", como Portugal foi até há bem pouco tempo. Na teoria parece uma coisa boa, na prática significa que o país deixa de ter acesso a condiçoes especiais em termos de financiamentos e apoios... quando países ricos e com muita corrupção governamental (impossível não falar em Angola) lhes continuam a ter acesso. Enfim. (link, link)





Ah, e mais!!!

Eu, que sou eu e sou um snob, trocava todos os oito estádios do Euro'2004 por um Guggenheim tao estonteante como o de Bilbao (aquilo que o CCB nao foi).

Mas - como disse - isto sou eu, que sou snob lisboeta e nao vejo bem as coisas e as reais necessidades do país.
Museu Guggenheim Bilbao





Argh. Agora tenho de admitir que voltei de férias. Já chega. Em 3 meses foi o éden subaquático do Mar Vermelho, a ilha Terceira de sempiternas nuvens :-), as dos nuestros ermanos Galicia-Asturias-Euskadi, e até ontem o deserto-calor-vento-calma músical da ilha do Sal em Cabo Verde.

Bolas, n posso continuar??



terça-feira, 24 de fevereiro de 2004



esqueci-me de dizer q vim de férias.

estou a escrever daquela cidade que tem nome de banco (raios partam). comecei pela Galiza, Santiago Coruña Lugo, depois as Astúrias, Oviedo qq de Onis Picos da Europa. E hoje Cantábria, com a cidadecomnomedebanco. Amanha ainda vou a santillana del mar e ao museu das grutas de altamira, e o regresso está marcado para depois da etapa final no país basco (bilbao e san sebastian aka donostia).

um homem, um carro (quais carro?!? um POLO!!!), e uma quantidade manifestamente insuficiente de cd's para ouvir.

ps- a cidade é Santander, e é tao stressante q efectivamente tenho um bloqueio qq qd me tento lembrar do nome dela. n é a 1a vez. raios a partam. da prox vez passo ao largo. :-)



terça-feira, 17 de fevereiro de 2004



DECLARAÇÃO

Acabei de reparar que, nascido em Novembro de 2002, este weblog tem já 1 ano e 2 meses. Uma criança. Passaram por ele poucas aventuras e desventuras, poucas mágoas e dores dolorosas, poucos eventos de grande monta vastamente capazes de mudar a vida de seja quem for. Não houve artigos no Expresso nem citações no Público ou no DN, nem dezenas de links de outros weblogs ou milhares de page views por dia, nem fama generalizada.

Bolas, penso cá para mim.

Assim sendo, e depois de assistir aos óbitos de blogs como o Homem Fumando ou o Pegada na Areia (entre muitas outras baixas da luta sinergética entre a vida e os blogs), decidi que

vou continuar com este blog

...até pelo menos ao dia em que a própria CNN faça uma notícia sobre ele.



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004



Encontrei num blog com textos de historiadores medievais portugueses, o seguinte texto retirado de uma carta da épica. Surpreendentemente actual (a grafia foi actualizada).

«Foi uma longa aventura. consegui entrar em casa porque a porta estava aberta. fui para a porta de casa bater, mas sem sucesso. tentei chamar o meu companheiro, mas já nao estava lá ninguém. Montei o cavalo, e pensei: posso dormir ao relento, na relva, ou ir procurar um quarto para ficar. decidi ser racional. vim para Lisboa, para a zona da Estefânia onde há umas pensões reles. Tentei 2 delas, as mais próximas da Estefânia, e nada, acabei por tentar uma "Novo Mundo", perto do Liceu que um dia talvez venha a ter o nome de Camões.

Tinham uma cama livre, a 25 centavos. Disse que sim. Cheguei, nem lhe descrevo o quarto, deitei rapidamente, pensando que com o cansaço que estava (nas estrelas liam-se 04:30) me iria ser fácil adormecer. Qual quê? a Pensão Novo Mundo é um antro de putas e má vida, e muito barulhento. Desisti. Voltei a vestir-me, pedi os meus reis de volta (que me deram depois de ir mostrar que o quarto estava em condiçoes), e saí.

À porta acabei por ser assaltado por 3 vultos negros que me atacaram com paus, e quando caí na sarjeta, começou a chover.

Acordei de manhã na hospedaria de onde tentara sair, num corredor escuro em tons de verde, com dentes colados com sticky glue.»


Autor anónimo, 1622, Lisboa.





Em 1999 fiz um curso em que um dos professores falou da "União Europeia". Inteligente, levou-nos lá ilustrando de que forma a Europa tem evoluído através dos tempos. Ponto de paragem obrigatório nas duas grandes guerras, e noutros conflitos mais recentes ainda.

A "teoria" dele é que o conceito de Europa Unida, partilhando uma Cultura comum, é uma ilusão. Não existe e nunca existiu. A História só o comprova. Continuando, afirmou que o primeiro grande factor de união cultural europeia, pelo menos a nível da CE, seria a moeda única, e muito concretamente as moedas da moeda única, com as suas diferentes faces.

Isto tudo porque hoje de manhã, ao pagar o café, escolhi de entre um sortido que incluía Portugal (curiosamente, representado por uma moeda de 1c), Espanha, Alemanha, França e Irlanda.



sábado, 14 de fevereiro de 2004



Adenda ao post abaixo (o anterior, mas que está depois):

passei a ser a favor da pena de Morte Lenta e Dolorosa por Colocação em Fosso com Sanguessugas (MLDCFS, para abreviar).





Num mesmo dia, véspera de sexta-feira treze, um polícia raspou-me a tinta da viatura, para depois esta (já raspada por fora) ser raspada no interior por alguém com poucos escrúpulos. Espero que te esgasges (e morras) com os cd do Thierry Robin ou do Boris Kovac, seu f.d.p. duma figa.

:-(



domingo, 8 de fevereiro de 2004



A rua vista do meu escritórioAderi à Lomografia.

O que raio é isto? em primeiro lugar, é um golpe de marketing muito engenhoso. Tipo Yorn. :) Apesar disto, no entanto, a coisa até tem alguma piada.

As Lomos são pequenas máquinas fotográficas de qualidade tudo menos invejável, feitas de plástico, sem visor, e que em alguns modelos dividem o vulgar negativo de 35mm em 4 ou 9 fotos tiradas com algum desfazamento temporal. De fabrico russo, a promoção e divulgação nasceu em Viena.

Toda a promoção e venda das Lomos é efectuada na linha de ser uma máquina divertida e espontânea, barata, de culto, a usar em todo o lado sem grandes preocupações de enquadramento. O importante é fotografar.

O meu primeiro rolo foi uma experiência interessante, e acabou por revelar que por trás de toda a estilosa promoção da marca existe alguma verdade: estava a tirar fotografias, e não fazia PUTO DE IDEIA do que raio ia sair. Acredite-se. Não há visor, tirei fotos a apontar vagamente na direcção do cena que queria fotografar, com a máquina à algura da cintura (o "shoot from the hip"), e... eh pah, a coisa até é divertida, devo confessar. Como se diminuem as barreiras/exigências de qualidade ("isto tem de ficar bem, ai a exposição e o enquadramento"), tira-se mt mais e saem coisas engraçadas. O facto de ser suposto ter a câmera ou o objecto fotografado em movimento tb tem piada. Saem coisas bem engraçadas.

Comprei uma SuperSampler. Compram-se em Lisboa na Embaixada Lomográfica por 55€ (não vale a pena encomendar na Net). O site oficial é o nexus global dos lomógrafos.

Ps- quer isto dizer que apesar de a lomografia ser muito IN, estou a "curtir bué" [1]. :-)


[1] "Bué", by CiberDúvidas: «A origem é angolana e já pertence à coloquialidade de estratos alargados da população mais jovem portuguesa de zonas suburbanas. É nestas áreas que se cruzam as maiores influências étnico-culturais das comunidades africanas residentes na área de Lisboa, em particular. Bué é um calão luandense, que tem o significado do "beaucoup" francês, "muito de": bué de charros, bué de confusão, bué de preconceitos. Tudo o resto (incluindo a variante "boé") são corruptelas derivadas de uma apropriação crescente da linguagem popular portuguesa.» O raio da palavra até vem no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências, bem como na edição mais recente do Dicionário da Língua Portuguesa 2003 da Porto Editora (segundo a mesma fonte). Fosgass.





Taxa de Circulação Pedestre (e ninguém protesta?!?!!?)

Um dos nossos partidos de esquerda (confesso que não sei se o Bloco de Esquerda se a CDU) tem cartazes na rua aludindo à possiblidade de, em breve, o governo começar a taxar o AR. O que toda a gente parece não reparar é na introdução, no passado mês de Janeiro, da Taxa de Circulação Pedestre, destinada a cobrir os custos associados a esta actividade. Depois de efectuado um estudo por uma das nossas mais reputadas universidades (!!), optou-se por cobrar uma Taxa Fixa (em alternativa a cobrar portagens à entrada de locais de grande circulação - como o Rossio, Rua Augusta, Sta Catarina, etc.) a todos os cidadãos pedestres, com valores diferenciados apenas conforme a utilização frequente de veículos automóveis. Desta forma, "um agregado familiar possuindo uma viatura será taxada no valor de 1,4x o valor individual por contribuinte", levando em conta o facto de o andar-se de automóvel diminui a circulação pedestre. Estes montantes serão acrescentados aos da actual retenção na fonte de IRS, para trabalhadores por conta de outrém, p.ex.


Chateia-me, chateia-me bastante, que decretos-lei como estes, produzidos na inventiva mente da nossa Ferreirinha, passem completamente despercebidos à sombra de eventos como as tricas futebolísticas verde-azuladas, e que nenhum partido da oposição comente estes disparates obtusos do nosso estimado governo!!!
Pior! Um destes dias ainda nos obrigam a andar com o "selo do seguro" preso ao peito, ou a pagar "Imposto do Calçado" consoante a área de sola do mesmo!!!!

Fosgass, vou emigrar.



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