Eu, Jota K.
Ao ler um prefácio de uma tradução recente d'"O Castelo" de Kafka para inglês, fiquei a saber que nos primeiros capítulos a palavra "eu" aparece riscada e substituída por "K.". O livro terá começado a ser escrito na primeira pessoa.
No prefácio descreve-se também o pedido de Kafka ao seu amigo e editor, quando morreu, para destruir todos os seus manuscritos. Este pedido não foi respeitado, e só devido a isso se podem ler hoje "O Castelo", "O Processo", e "América" (que inicialmente tinha outro nome), todos - no entanto - incompletos. Aparentemente, o tal amigo e editor terá efectuado uma limpeza ao texto, uma homogeneização de linguagem e pontuação, nas versões que inicialmente saíram para o mercado. Só há poucos anos se re-analizaram os originais e publicaram versões tais como o autor as escreveu. "O Castelo", por exemplo, acaba com uma frase a meio, incompleto.
Parece que Kafka escrevia longos parágrafos, com pouca pontuação. Segundo uma carta que escreveu, achava que um ponto parágrafo devolvia a consciência ao leitor, como se sem esses sinais o leitor pertencesse ao escritor e à história, estivesse nas suas mãos.
insensatamente
quinta-feira, 23 de setembro de 2004
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