Audiobooks
Quando faço longas viagens de carro, nos últimos tempos tenho levado por companhia alguns audio books, em vez de CDs que tocam ao ritmo de cada kilómetro que passa. Irrita-me que alguns dos textos sejam versões resumidas ou editadas, mas àparte isso, é como uma estória...
Os primeiros que ouvi foram textos do Neil Gaiman, um bom contador de estórias que já tinha ouvido no Fórum Picoas. Textos de fantasia, Oh oh oh.
Depois, ouvi uma versão (resumida -- felizmente) do "Da Vinci Code" que me soou como a um jogo de aventura com templários. O actor fazia sotaques e vozes diferentes, e os maus eram facilmente identificáveis por... bom, terem voz de mau. :-)
A seguir, ouvi o Castelo, do Kafka, já na "nova versão". Lido por um Sr. chamado Geoffrey Howard, foi um salto do muito mau para o muito, muito bom. Além de o livro ser um espanto, com partes absolutamente hilariantes, fiquei impressionado pela qualidade da leitura.
Depois ouvi o Do Androids Dream of Electric Sheep, do Philip K. Dick, talvez melhor conhecido por ter dado ao origem ao filme de culto, Blade Runner. Este foi lido por 2 pessoas (actores?), a fazer personagens de cada um dos sexos. Foi o primeiro que ouvi a que associava previamente uma "voz". E o Rick Deckard é indissociável do Harrison Ford do filme, o que me causou algum desagrado. Como quando, num concerto, tocam aquela música que tão bem conhecemos... de uma forma tão ligeira e desagradavelmente diferente da que o CD nos habituou...
Esta diferença fez-me pensar que os audiobooks, que ouço no carro com muito mais agrado e distração do que a um CD, e que fazem os kilómetros voar sem neles reparar, são um grau de liberdade a menos que a palavra escrita. E um filme, muitos menos graus de liberdade, muito menos espaço à imaginação. No caso do livro do Philip K. Dick, estranhei muito diferença. O Rick Deckard que ali ouvi é claramente muito diferente tanto daquele que li anos atrás, como do que vi nas salas de cinema por mais de uma vez.
Mas depois desta experiência que me desiludiu, estou a ouvir o Timequake, do Kurt Vonnegut, lido por um Sr. Lawrence Pressman quase mágico. Não só a voz me parece muito apropriada ao papel, um contador de histórias velhote à volta de uma fogueira, como o texto em si me sabe a estimulante e rico de saber (e sabor), com milhares de estorietas de encantar.
Como quando, há poucos anos atrás, saí do Waking Life do Linklater a fervilhar de ideias, de coisas para fazer, a vida de pernas para o ar.
... e agora pareceu-me ouvir uma música da Laurie Anderson, que fala de um blackout, no Stories from the Nerve Bible... como dizem por aí, isto está mesmo tudo ligado.
p.s. - bom Natal!
insensatamente
domingo, 26 de dezembro de 2004
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