Nestes últimos dias, o segundo assunto de maior interesse nacional tem sido a ida do nosso primeiro para Bruxelas. Coitado, é uma cidade bem cinzenta, apesar dos gofres e da banda desenhada. É verdade que vai ganhar 4 a 5x mais e ter vários luxos e responsabilidades, mas isso até faz sentido.
O chato é que nos deixa a nós com os problemas nas mãos. A minha opinião, apenas para a deixar porque os argumentos foram já quase todos ditos, é que se deviam convocar eleições para imediatamente depois do Verão.
Recebi SMS a convocar-me para as duas manifs contra a possibilidade do amigo Santana Lopes pai-de-família e com pouco tempo para a CML (dizem as más línguas que muitas vezes nem aparece na CML) ser P.M., e a favor da convocação de eleições. É isto a sociedade civil? Seja como for, agrada-me o conceito.
Voltando um pouco atrás, há aqui um paralelo curioso a fazer-se. Neste momento, não estamos perante apenas UM duelo Portugal vs ...laranjas, mas DOIS! E o resultado de ambos reveste-se de grande incerteza.
Se o PR fizesse o anúncio da sua decisão depois do jogo de hoje - no que mais não seria que um reforço da real união entre desporto e política - seria um final de novela em grande! Até podia indexar o resultado do jogo à decisão. Isso sim, era tê-los no sítio. :-)
E só por curiosidade, alguém leu isto?
insensatamente
domingo, 27 de junho de 2004
Voltei de Londres, gostei muito de ver a Galeria Saatchi, de ver o "Much Ado About Nothing" do amigo Shakespeare no Globe Theater, de rever Camden e o Natural History Museum e o Biggie Bennie e Covent Garden (e a Muji e a Lush :-) ai que consumista). O curioso é que ficam sempre coisas por ver...
Tive de ir 3 dias para Reading, quase hora e meia de comboio para cada lado. Passei por Ascot, e em 2 desses dias o comboio enchia-se de Srs e Senhoras embonecados, com cartolas e chapéus femininos de muitas de formas e feitios. Vinham das corridas de cavalos. Hábitos estranhos.
Londres é uma cidade espantosa e outros clichés, mas não sei se queria viver lá.
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sexta-feira, 11 de junho de 2004
Estou chateado. Estou honestamente mt chateado com o estado das coisas no nosso pequeno rectângulo. Estou chateado como estaria há 10 anos atrás, quando ainda estava a fazer o meu cursito universitário e ia a manifs contra as propinas. Estou tão chateado com esta porra toda que quase não me reconheço. Prometi-te que não ia falar mais deste tipo de chateações, há uns dias atrás, por isso para ser honesto comigo mesmo não vou poder dizer de que se trata. Mas estou mesmo chateado, bolas.
Ontem resumi numa conversa a uma pessoa amiga os motivos da minha chateação. A pergunta de resposta à minha prelecção foi: "mas o quê, também tu vais emigrar, é?" Não, acho que por agora não. Quem não está bem muda-se, é um facto. Mas eu não acuso o país, apesar de me fazer muita confusão este conceito de fronteira. Há um texto que o Johny Depp lê no "Arizona Dream" do Kustorica, em que ele fala do pai. E diz ele a palavras tantas que o pai dele era um "border guard. His job was to keep people from crossing lines". É só a mim que o conceito de fronteira, e em consequência de país/nação parece estranho, quando visto assim?
Sei que nunca vi Lisboa assim. Saio à rua e vejo bandeiras de Portugal em muitas janelas, em automóveis, lojas, prédios, balcões, montras. Uma admirável demonstração de apoio à "nossa" selecção. Lembro-me de quando Timor-Leste esteve aí mais "na boca do Povo", e havia demonstrações do género, mas não foi assim.
Podia agora ironizar: e quando o Saramago ganhou o campeonato do mundo dos escritores, porque não houve este circo todo? talvez o uniforme? o homem até já vai à Feira do Livro de fatinho para as sessões de autógrafos! Claramente nada glamoroso. Não é "o escritor das quinas", raios o partam. Mas até joga em Espanha, raios! Não merecia uns posters, ao menos?!
Enfim. Feliz deve estar o nosso Político do Jaguar, o Deneuve. Tanta coisa para as criancinhas cantarem o hino, e agora recebe isto das baideirolas de mão beijada. (ups, lá foi uma frase de política... ups!)
Não me entendas mal. Até acho piada a estas demonstrações de apoio. Acho giro. E acho de facto que temos pouco orgulho no que temos. E não digo, como ouço às vezes, que "o que Portugal tem de bom é o que não depende dos portugueses" (isto é, o clima). A única coisa que me desgosta são as tais linhas do Kustorica. Acredito em culturas partilhadas, não em países, nações. Lembro-me de descobrir a internet, talvez em 1993, e conhecer gente de todo o mundo. Trocar k7s e postais com pessoas do outro lado do mundo. Descobrir e conhecer. E de repente, talvez desde aí, estas linhas administrativas passaram a fazer cada vez menos sentido.
Quanto ao Europeu... bom, vou mazé para Londres uma semana. Deve haver por lá menos doidos, nesta altura. Até acho que no jogo inaugural devo estar em pleno voo. Se calhar por isso é que não foi difícil comprar bilhete. Havia lugares.
Tenho pena de falhar as eleições. Vai ser a segunda vez na vida que deixo de votar, a outra também foi por não estar cá na altura. O voto vale o que vale, e Os Srs não mudam, preocupados com os seus interesses e fotografias e não com o que fazem com o meu €urito. Mas não deixo de o fazer.
E não. Desta vez não são férias. :)
Ah, e mais uma coisa. Estes últimos dias tem sido profícuos em mortes de políticos. Talvez se fosse obrigatório morrer-se aos 60 anos houvesse menos interesse no Poder, quem sabe? mas o político que me interessa é o Sr. Reagan. E o que me incomoda (porque ainda me lembro dele) é o aparente branqueamento quase generalizado que por aí se vê. O Sr. era um super-militarista despesista, era um bronco. E agora é erguido em braços, um homem de visão, etc. Concedo-lhe mérito no fim do anacronismo chamado URSS. Mas, por favor, não branqueiem o passado. Até parece que estamos em 1984, e não 2004 (o bold é para o caso de ter sido subtil demais na referência).
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terça-feira, 1 de junho de 2004
Não sei se já o disse, mas já tenho bilhete para a Lhasa no dia 7 de Julho no Fórum Lisboa. Espera-se com ansiedade uma enorme desilusão, tão altas são as expectativas. :-)
De resto, já vos contei o meu novo plano de vida que consiste em tirar formação de instrutor de mergulho e mudar-me para um paraíso qualquer onde o mergulho seja um sonho (e onde a CNN me possa entrevistar como o primeiro ex-bloguista a mudar de vida para se tornar Dive Master)?
Não digo que este facto tenha para ti muita importância, dada a ausência de projecção internacional deste blog, bem como o facto de ignorar quase totalmente os factos do mundo que nos rodeia (estive mesmo, mesmo tentado a postar sobre o salário daquele moço que vem do BCP para os impostos e que vai ganhar num mês o que eu ganho ao ano, mas contive-me), e sendo assim totalmente incitável nos media (nacionais), mas enfim. Pode ser que com o €€€ que estou a receber com a venda do meu bem sucedido livro consiga pagar o preço de um qualquer ciberquiosque.
Veremos.
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