Pombos Supersticiosos
Estou a ler o livro “Decompondo o Arco-Iris”, de Richard Dawkins (autor do conhecido “O Gene Egoísta”). Neste descreve-se um mecanismo chamado “Caixa de Skinner” e um conjunto de esperiências que esse moço Skinner fez nela, com pombos e ratos.
As caixas de Skinner têm duas características: um botão em que se pode carregar, e uma bandeja de alimento, e foram utilizadas numa diversidade de experiências de causalidade. A mais simples, para ilustrar, foi verificar se os pombos ou ratos seriam capazes de aprender que, quando carregassem no botão, surgiria alimento na bandeja. Tarefa simples e superada com sucesso.
Mas de entre as outras experiências inrteressantes que com a mesma foram efectuadas, há uma que vou destacar, esta apenas com os pombos, e que consiste no seguinte: o que sucede quando se elimina qualquer relação entre o comportamento da ave e o fornecimento de alimento? O comportamento correcto para os pombos seria simplesmente esperar pelo alimento, certo?.
“Mas, de facto, não foi isto que fizeram. Em vez disso, em 6 de cada 8 casos, desenvolveram aquilo que Skinner designou como comportamento «supersticioso». Excactamente em que consistia este comportamento variava de pombo para pombo. Uma das aves girava sobre si própria como um pião, duas ou três voltas no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, entre recompensas. Outra empurrava a cabeça em direcção a um dado canto superior da caixa. [...] Skinner utilizou o termo superstição porque as aves se comportavam como se pensassem que o seu movimento habitual tinha uma influência causal no mecanismo de recompensa, quando de facto não tinha. Era o equivalente à dança da chuva do pombo.”
Os humanos, felizmente, não são pombos, e passam por baixo de escadas sem medo de gatos pretos. Pelo menos 2 em cada 8. :-)
Mas vem isto a propósito de quê? Recentemente tive de pessoas próximas exemplos de crenças que considero muito erradas, ainda que compreensíveis, e este livro em particular aborda este tipo de questões. Os dois assuntos em causa são os signos (ou antes, os estereotipos de que as pessoas do signo x se comportam tipicamente da forma y) e a descoberta de água por artes adivinhatórias (os vedores).
Vou voltar a estes temas, já a seguir ao intervalo.
insensatamente
segunda-feira, 16 de maio de 2005
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