terça-feira, 3 de junho de 2003



"Já alguma vez se sentiram assaltados pela certeza inesperada e inelutável de serem uns palermas? Já alguma vez foram apanhados a fazer qualquer coisa que ninguém em seu perfeito juízo faria? Ou já se deram conta de serem a única pessoa no mundo a acreditar em todas as fantasias ou a apaixonar-se e de que, para os outros, o amor é uma coisa para manipular e vilipendiar? Por apaixonar-se entendo apenas dar mais valor a outrem do que a nós mesmos, pondo-nos, deste modo, a nós próprios numa posição vulnerável. É um facto que nunca podemos estar certos de que alguma vez outra pessoa tenha sentido o mesmo por nós. É um facto que nunca estamos certos de que uma pessoa que conhecemos tenha escrúpulos ou se preocupe com alguma coisa para além de si. Ou, se o leitor for desses indivíduos que se obstinam em ter uma confiança ridícula nos entes que amam e tudo isto o deixar indiferente ou lhe parecer absurdo, tente recordar-se desse momento da sua vida em que abusaram da sua boa fé [...]"

in Frank Ronan, Piquenique no Paraíso.



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