Falta-me sempre uma
Quando mais preciso dela é quando mais parece que a tenho escondida debaixo da língua, atrás da amígdala, a jogar às escondidas comigo mesmo. Sai, moça, digo, e vejo-a a espreitar de lado, mostrando algumas das suas sílabas, mas logo se esconde de volta (mas quem tem medo sou eu não ela).
Não acontece sempre, só quando é mesmo preciso, quando é im-por-tan-te, que ela nos falha, que não está lá. Ilude-nos e finta-nos e serpenteia ao nosso redor como uma abelha, “ela está dentro de nós” mas não se mostra e não quer sair.
Fica assim à porta da boca, é o que é. Porque não vens cá fora?
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