domingo, 19 de janeiro de 2003



Há um texto do Herberto Helder chamado "Teorema" (no livro "Os Passos em Volta"), que tive oportunidade de reler em breve. Em poucas palavras, o texto é mais uma visão sobre a história de D. Pedro e D. Inês, com o aspecto curioso de ser contada pelo assassino de D. Inês, e em termos como os seguintes:

[...] Fui condenado por assassínio da sua amante favorita, D. Inês. Alguém quis defender-me, alegando que eu era um patriota. Que desejava salvar o Reino da influência castelhana. Tolice. Não me interessa salvar o Reino. Matei-a para salvar o amor do rei. D. Pedro sabe-o. [...] Não tenho medo. Sei que vou para o inferno, visto eu ser um assassino e o meu país ser católico. Matei por amor do amor - e isso é do espírito demoníaco. O rei e a amante são também criaturas infernais. [...] O povo só terá de receber-nos como alimento, de geração em geração.

O resto do livro não tem grande interesse, na minha opinião, mas esta pequena história, que pode até nem ser original, acho-a genial. Ele pode ter sido um assassino, mas imortalizou de facto o amor de D. Pedro e D. Inês, nas nossas memórias colectivas.



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