Cidades às Escuras
Dia 11 de Março de 1999, Rio de Janeiro. Estava de férias num dos hotéis virados para a praia de Copacabana, no 44º andar. O dia pacífico tinha incluído passeios, praia e frequentes “Ois?” perante o nosso português rápido. Preparavamo-nos para sair para jantar quando a luz se apagou.
O interruptor não funcionava. No corredor, escuridão total. Tentámos ligar para a recepção, mas não havia som no telefone. Faltar a luz num hotel é incomum, pensei. Reparámos depois que lá fora também não havia luz. Toda a praia, todos os prédios, a iluminação na rua, o horizonte, tudo escuro. As únicas luzes eram de alguns poucos carros na avenida, também eles tão devagar que se diriam surpresos.
No dia seguinte, soubemos que tinha sido o maior Apagão do Brasil, e que 70% do país tinha ficado às escuras.
Acabámos a jantar barras de cereais e chocolates no calor da noite, sem vontade de descer as escadas, a ver a lua no céu e no mar e os pirilampos na estrada. Parecia que estávamos sozinhos no mundo.
[Outro exercício do curso de escrita de viagens… um micro-conto verídico com menos de 1000 caracteres]
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