Heróis do Bar
«Depois de rodadas consecutivas de margaritas, “Pablo y Sus Muchachas” – assim auto-denominadas ao fim de 4 dias no México – não tinham como não “borrachos”. O pior era que, na mesa ao lado, uns mexicanos puros com ar de poucos amigos estavam igualmente “borrachos”…»
… os tons de voz exaltavam-se com o avançar da noite, e começaram a picar-se os locais e os estrangeiros, com desafios indirectos de um lado em espanhol e em portinhol do outro.
O Bar estava cheio, o ambiente denso e com fumo, um barman de pescoço curto atrás de um comprido balcão de madeira servia impávida e eficazmente. Quatro grandes televisões debitavam decibéis e desporto para quem o quisesse ver.
Pablo, a vedeta da banda portuguesa, não aguentou a tensão no ar, e levantou-se com ar solene. “Muchachos, bamos a cantar la gloria de Portugal!” As “muchachas”, que por cá seriam conhecidos por João, Rui e Zé, levantaram-se também em volta da mesa, de copo na mão e a limpar a garganta.
“Heróis do maaaaaar…” É difícil, cantar o hino em ritmo mariachi.
O bar ficou em silêncio. Curiosamente, não hostil, mas com respeito. Quando a atrapalhada cantoria terminou, os outros presentes, da mesa ao lado e não só, replicaram solenemente com o hino mexicano.
Estavam feitas as pazes, entre gargalhadas e brindes. Pouco depois, começava o Portugal-México do Mundial. O México perdeu. Mas ninguém se importou muito, já eram amigos.
[Exercício do curso de escrita de viagens: completar, em 10 linhas (… que excedi claramente), a frase inicial entre aspas]
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