sábado, 28 de dezembro de 2002



C'est fini, le Noel. Ou como se fiz em português, cabousss. Para o próximo ano há mais visitas de última hora à FNAC à procura de prenda que falta, ou stresses de descobrir o que dar àquele familiar distante mas a quem tem de ser dar qualquer coisa, etc. Agora podemos todos voltar a ser uns malandros, e deixar para trás a capa de ovelha mansa que usámos no Natal, enquanto fazíamos tantas filhoses e boas acções.

A acabar hoje também está o ciclo de cinema do Frio da Zero em Comportamento. É hoje, é hoje!!! O último de 14 filmes que todos num mês!!! VIVA!!! :-)

NP: Desert Blues 2 (cd2)



terça-feira, 24 de dezembro de 2002



Ok, eu sei que nem toda a gente pode dizer o mesmo... mas quando é que o Natal se tornou o ritual de ir à FNAC, Colombo, Vasco da Gama, ou outro grande centro comercial, comprar prendas (por vezes por obrigação), e deixou de ser o praticar random acts of kindness?

(PS- não digo que eu seja diferente)

NP: Maria João e Mário Laginha, "Undercovers"



segunda-feira, 23 de dezembro de 2002



Sou só eu que me sinto deprimido no Natal?



sexta-feira, 20 de dezembro de 2002



Quantas pessoas conheces? quantas pessoas conheceste a vida toda (de conhecer mesmo, não contactos superficiais)? Quantos homens, quantos mulheres? 50? 100? Quantas pessoas fazem parte de um círculo de amigos/conhecimentos "típicos"?

Quase que aposto que o número é relativamente pequeno, se chegar à centena já acharei estranho. E o curioso: é neste grupinho pequenino minúsculo de pessoas que fazemos toda a nossa vida. A família, os amigos, os amores, tudo isto cabe aqui.

E existem 6 biliões de pessoas no mundo.

Bom. Se é para as conhecer a todas, é melhor não perder mais tempo. Volto já.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2002



Grande asneira. O filme mais promovido do ciclo de cinema do norte da Europa ("Russian Ark") foi, para mim, claramente o pior até agora. Vim-me embora antes do final, aborrecido de morte. Deve ser por não ser um intelectual genuíno!!!

Há muitas vezes peças de teatro sobre o próprio teatro, sobre o assumirem-se papéis, sobre estar-se exposto em cima de um palco, etc. Geralmente estas pecam muito em termos narrativos, e são o que se pode chamar de masturbações conceptuais -- que tal como um weblog, se destinam a ser feitas... e não vistas (logo, por analogia, isto tb é uma masturbação conceptual, correcto?).

Bom, isto para dizer que o filme não era um filme, mas um meta-filme. Quase 2h de filme sem cortes, num museu em S. Petesburgo, filmado sem cortes, sobre a história da Rússia e algumas das suas eras. Lembrei-me do Kuleshov:

One of the most significant theoretical discoveries in the history of film is the effect discovered by Lev Kuleshov in the early 1920s in the Soviet Union. Kuleshov proved that two shots projected in succession are not interpreted separately by the viewer; in the audience's mind, they are integrated into a whole according to the well-known equation A + B = C (in which A and B are the two joined shots and C is a new value, not originally included in any of these shots).

This effect is extremely powerful. A scene, for example, consisting of the shot of aircraft dropping bombs followed by the shot of a burning village will be routinely interpreted as "these aircraft have bombed this village." Needless to say that these two shots could have been filmed at different places, at different times, and the burning village may have been the result of an accident.


Seja como for, não era tanto a ausência de cortes que incomodava, era a falta de ritmo e de narrativa. E ter falas sincronizadas com os lábios tb não seria pedir muito. Argh, que perda de tempo.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2002



De um texto de hoje no Público, de Eduardo Prado Coelho (verdadeiro intelectual...), chamado "Erótica do telemóvel":

"Há um conto filosófico de Kostas Axelos que nos propõe a seguinte reflexão sobre a comunicação. Um homem olha à sua volta e compreende que o mundo acabou. Já não existe mais ninguém, as casas estão devastadas, os campos calcinados, os mares em chamas. É a destruição generalizada que alguns pensadores tinham profetizado. Caminha durante dias, alimentando-se com a comida que lhe resta. Cada vez mais desesperado, sobe até ao andar mais alto de um arranha-céus em ruínas e lança-se.

No momento da queda, ao passar pelo décimo sétimo andar, ouve o telemóvel a tocar."


NP: U2, "Zooropa Down Under (live)"



terça-feira, 17 de dezembro de 2002



Outros filmes do Ciclo: The Bench / Good Hands / Geography of Fear / The New Country Sobre o termo "povo" e a sua substituição na constituição portuguesa por "pessoas", é óbvio que para determinados sectores políticos a palavra tem conotações consideradas... desagradáveis. O termo "pessoas" parece mais isento dessas conotações, politicamente correcto como referes. Eu não estava a defender uma ou outra.

É verdade que para mim, e tu deste alguns exemplos q mostram q o mesmo sucede ctg, a palavra povo tem conotações de "pessoas simples" q me é difícil n olhar de lado. Custa-me a perceber o sucesso de publicações como A Bola, Maria, Nova Gente, etc., e ver pessoas q considero inteligentes ficar especadas em frente do Big Brother.

Tudo isto, por curiosidade, tem tb a ver c aquele texto do Voltaire q citei há umas semanas atrás, não? Simple is Beautiful.

De volta à questão do Waking Life, «How much of what you say do you feel others "really" understand?», uma técnica de negociação curiosa é pedir às partes envolvidas numa discussão para explicarem detalhadamente e com as suas próprias palavras, o argumento da outra parte. Com o objectivo de fazer vir a superfície percepções erradas e incutir compreensão na posição alheia.

NP: Tricky&Cia, "Nearly God"



segunda-feira, 16 de dezembro de 2002



Ah! e ainda outra coisa joão, mudar as palavras, reduzi-las ao politicamente correcto, tira a poesia ao discurso e tira a beleza da metáfora que tu tanto gostas e eu também.





Cara ju, A questão que colocas é para mim há muito tempo actual e ao contrário do jota reparo que infelizmente muito pouco. Será que estamos todos predestinados a ser compreendidos postumamente.

Caro jota, quem disse que o politicamente correcto da constituição é verdade? Não será apenas tolamente correcto?
Eu gosto da palavra povo. O povo do pastel de bacalhau, da sandes de ovo do rossio (aquelas que estão na montra desde que a loja abriu), do Zé Maria, da peúga com chinelo, do cheiro a lixívia, do correio da Maria e ficava aqui o resto da noite a lembrar-me de exemplos do povo.
A despropósito: lembro-me de o ano passado ter comentado, com a mãe de um aluno meu, que recebia todas semanas em casa uma revista portuguesa e do sorriso triunfal dela e do ligeiro arfar de entusiasmo quando me perguntou se era a Maria...
Vês? O POVO é sensacional pela simples razão que nem sequer sonha que existe outra hipótese de ser. Basta-se a si próprio, só se conhece a si próprio... E no fundo ele é o mais determinante de tudo. A cultura de uma nação faz-se antes de mais pelas características do seu POVO. Ou serei eu que estou a ver mal?





Para te responder, Ju... sinceramente, espero que o menos possível. Mas ainda sobre o Waking Life, no final do filme eles falam de um ensaio do Philip K. Dick que consegui encontrar online. Chama-se How to Build a Universe That Doesn't Fall Apart Two Days Later, e vale a pena ler. Deixo outra frase do filme:

That's like one of the things that you do to test if you're dreaming or not, right?

Yeah, like I said, you can totally train yourself to recognize it. I mean just hit a light switch every now and then. If the lights are on, and you can't turn them off, then most likely you're dreaming. And then you can get down to business. And believe me, it's unlimited.


E já viste que o povo (termo que foi substituído na constituição portuguesa por "pessoas", como curiosidade) anda por aí? *grin* :-)

NP: Violent Femmes, "Hallowed Ground"



domingo, 15 de dezembro de 2002



jota, dear, just checked the Waking Life website, and there is a very good Question of the Day:

How much of what you say do you feel others "really" understand?





Ah! Pediram-me para ser a voz do povo nesta coisa!
Se alguém precisar de alguma receita culinária ou de algum conselho para tirar nódoas, façam favor.
E para que saibam o que o povo anda a fazer culturalmente, deixo-vos o meu calendário de actividades culturais para esta semana: ir na quarta-feira ver o Harry Potter (em versão dobrada em alemão - que é a mais básica aqui) e ler os contos dos irmãos Grimm e a Visão desta semana.
Aqui fica a promessa solene de vos ir actualizando acerca do que nós, povo, vamos fazendo em termos culturais!





DOI-ME A GARGANTA!!!!!!!!
Doi-me a garganta, em especial do lado direito e as parolas das amigdalas estão inchadas. Agora digam-me: a porcaria da inflamação e da febre não podia ter vindo durante a semana? Tinha que ter chegado mesmo no sábado? Se era para estar doente mais valia que fosse durante a semana e eu não tinha de ir apanhar frios glaciares de temperaturas bem abaixo do zero... Quando se está doente, não há nada a fazer. Está-se doente e não há desculpa melhor para não ir trabalhar.
E amanhã começa a longa semana das festas de Natal. Desde que vim para a Alemanha comecei a ver o Natal de duas maneiras diferentes: profissionalmente comecei a detestar a época porque sou obrigada a festejar o Natal com pessoas que não gosto e por outro lado aqui é tudo tão queridinho, tão iluminado, os mercados de Natal são tão lindinhos. Há tanta Stimmung!!!!! Seja como for é época que tem de se viver.

Sabem? Faz hoje um ano que a minha vida começou a mudar. Faz hoje um ano que encotrei o bem dito mail na minha caixa postal: o mail de amor que era para a outra, com as minhas palavras. E a partir desse dia deu tudo uma reviravolta tão grande, tão rápida e tão maravilhosa! Isto tudo para vos dizer que estou feliz... Estou muito feliz! Encontrei agora a paz, o amor e principalmente o saber que há alguém que me ama tal e qual eu o amo e que deseja as mesmas coisas que eu desejo e ... e... e...
Bolas! EU SOU FELIZ!!!!!!!!! Como não pensei que viesse a ser. Cheguei àquele ponto da vida onde não me falta desejar nada de mais grandioso... Só filhos: três! Mas também esses virão!





Extraído, aleatoriamente, do script do filme "Waking Life":

(Main character is walking along the railroad tracks, beside a train. A guy jumps out of the train with a "Free Radio" t-shirt on)

Hey. You a dreamer?

Yeah.

I haven't seen too many around lately. Things have been tough lately for dreamers. They say dreaming is dead, that no one does it anymore. But it's not dead, it's just been forgotten. Removed from our language. Nobody teaches it so no one knows it exists. The dreamer has been banished to obscurity. Well, I'm trying to change all that now, and I hope you are too. By dreaming every day. Dreaming with our hands and dreaming with our minds. Our planet is facing the greatest problems it's ever faced, so whatever you do, don't be bored. This is absolutely the most exciting time we could have possibly hoped to be alive. And things are just starting.





Ok, eu confesso, foi um ego-boost:

"Jota entrei no teu site e te achei um gatinho.
Um gde Beijo e um ótimo final de semana.
M*****"."


Preciso de um balde para recolher a baba.

NP: Mestre Ambrósio, "Terceiro Samba"



sábado, 14 de dezembro de 2002



Me disseram que era bico downloadar mp3...
remotely queued remotely queued remotely queued
o caramba!
não downloadar mp3 é como ter os celulares tijolo - faz a gente se sentir menos.
Ó vida, ó céus, ó azar - como diria a hiena (só sabe o que a hiena diria quem está chegando nos trinta e sofreu lavagem cerebral pelos desenhos animados na infância)
pelo menos, no celular grande a gente consegue digitar sem errar - é melhor usar dedos humanos do que aqueles dedos alienígenas, compridos e fininhos - eca!!! dá até um urgh!! Seus verdes gosmentos!





C H U V A A A A A A A A A A ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
de verão, tropical, torrencial
enxurrada assassina
gotões molhadões
ai ai, se ao menos eu soubesse compor raikais!
São as águas de dezembro abrindo o verão, promessa de vida no seu coração - ou no meu?
whatever
viva! Jobim com chuva!
e na cidade grande onde tudo inunda, chuva forte é desculpa pra tudo! Suuuuuuuper legal!





É fantástico como não tinha saudades absolutamente nenhumas de vir trabalhar para ao escritório ao fim-de-semana.

Alguma vez ficaram sem um grande amigo ou amiga por opção? Eu já. It sucks.

NP: Saint Germain, "Tourist"



sexta-feira, 13 de dezembro de 2002



NUTRIENTES

A vida com a água de côco tornou-se melhor. A água já não é aquele minério, líqüido, insípido, incolor e inodoro. Tornou-se um alimento, de origem vegetal, calórico, imprescindível para o restabelecimento químico do organismo do atleta.

Viva!! Só falta minha ilha deserta, e boa companhia.
Por essas e por outras que me tornei religiosa - alguma coisa tem que funcionar!!!!!!!
É duro soar desesperada. Tô nem aí!





Hi there.
Hi fascinating JAYJAY - me myself and I
I was going one way, but now, let me mention a real artist:

A arte é como uma luva.
A alma é como a mão que preenche a luva e lhe dá forma e sentido
.

Quem acertar ganha um Bolete o pirulito que vira chiclete!
eeeehhhh povo lerdo - quem falou foi o Kandinsky!!!

vão estudar!





This threesome blog is a failure! FAILURE!
The loser-blog!
But as we are also a meta-blog, we found the solution to all your problems: a woman that is worth the three of us
Diário I. A Missão
We reproduce here a bit of such incredible bloggistic talent.

"Antropofobia básica

Podem falar que eu sou arrogante. Misantropa. A pessoa mais escrota que vocês conhecem. (Dá tudo quase na mesma, mas fico ainda mais satisfeita em pensar que sou todas essas coisas juntas.) A verdade é que a maioria das pessoas que eu conheço é tão ridícula que eu broxo com a vida.

Nem estou falando de falta de caráter e outros defeitos similares. O problema é falta de quilate, mesmo. Gente boazinha que não serve pra nada. Falta de inteligência, de carisma, de humor, de autocrítica. Puta que pariu, quanta gente medíocre existe nesse mundo."


That's it. Chuta que é macumba!!!





Ontem ouvi a palavra "rancor" três vezes, durante o dia. Não é uma palavra que ouça ou diga muito frequentemente. O som da palavra parece-me adequado à sua semântica.

Por curiosidade, a definição:

rancor (substantivo masculino) - ódio profundo e reservado; ressentimento.

NP: Radio Macau, "O Anzol"



quinta-feira, 12 de dezembro de 2002



Há uns anitos atrás, quando era jovem e inconCiente, era um moço muito activamente preocupado com o estado das coisas no nosso país (e especialmente na Educação). Com o tempo comecei a sentir-me mais cínico em relação aos donos do poder, e a ligar cada vez menos a política, apesar de nunca ter deixado de seguir, e a sentir-me também muito menos interessado em participar em conversas ou discussões.
Este governo parece estar a pôr estas coisas à prova, no entanto.
Ontem soube da história das portagens da CREL passarem a cobrar-se, e ouvi os líderes do governo (que, ao contrário do que se possa dizer, não está totalmente legitimado pelos votos - as pessoas não votam em "coligações futuras") e os líderes da oposição. Achei os argumentos tanto de uns como de outros absolutamente patéticos. E nos segundos, faltou-me ouvir argumentos sobre o facto de serem as pessoas a pagar... Lisboa não é propriamente uma cidade onde seja fácil de circular, e não me parece que isto seja alternativa. Porque é que no Porto não há pontes com portagens, e em Lisboa pagam-se nas duas, com grandes lucros lusopontianos (e Brisianos, igualmente)?
Revoltou-me, esta história toda. E nem vou falar do que se disse sobre a Greve Geral.
Mas foi por isto que se votou, afinal, certo? por um PM patético e um Ministro da Defesa que se tivesse vergonha na cara já se tinha posto no olho da rua (isto são humildes opiniões minhas, claro). Por isto, e por um pacotinho laboral que nos vai tirar da "calda da Europa".

Enfim. Hoje sinto-me revoltado. E ainda por cima ontem as Curtas II foram fracas. Nada corre bem! :-) HRUMPFF!

Estou a ouvir o CD de um trio polaco, Kroke, que deram um concerto no Seixal há 2 ou 3 anos que foi um dos melhores a que já assisti. Uma coisa que me desperta (felizmente! :-) muito menos revolta e incómodo.

NP: Kroke, "Sounds of the Vanishing World".



quarta-feira, 11 de dezembro de 2002



Gravaram-me (ooops, comprei!!! um real original!) um CD que antigamente tinha em LP, o "The Real Ramona" das Throwing Muses.
Tinha-o porque o Blitz e a Valentim de Carvalho do Rossio fizeram em tempos um pequeno "concurso" em que o ofereciam (basicamente: mostra o Blitz, toma o disco). Apesar de não trazer nenhuma espécie de recordação ou memória (como muitas vezes acontece), até porque já foi há uns 10 anos, ainda me lembro das músicas, e até das letras de alguns refrões.
Achei especialmente curioso conhecer a primeira metade do CD muito melhor do que a segunda... mas lá percebi porquê: era preguiça de ir virar o disco. :-)

NP: Throwing Muses, "The Real Ramona"





 Poster Point of ViewCiclo. Cinema. Dinamarca. Filme: "POV - Point of View". Com dois dos actores do "A Festa" (Dogma #1), a empregadita e o filho. Excelente (9 em 10)! A história é um daqueles road movies pouco prováveis, admitidamente, mas a fotografia do filme é muito, muito bonita, as cores e texturas sedutoras. Chega a parecer exibicionista... mas não prejudica o filme.

Uma frase no filme: "The only reason to do the unreasonable is hope". Pode nem fazer muito sentido, mas há frases que - enfim - ficam, deve ser por alguma espécie de simetria-supraintranatural-global, ou outro desses efeitos muito estudados na literatura técnica sobre o assunto.


NP: Louise Attaque, "Louise Attaque"



terça-feira, 10 de dezembro de 2002



96@mail

greve geral. muito muito transito. chuva. ja falei em transito? tudo parado.

---
Visite o site da TMN em http://www.tmn.pt/
(c) 2001 Telepac/TMN





Parece que a última greve geral já foi em 1988, nessa altura estava ou no 10º ou no 11º ano.. Tinha impressão que tinha sido há menos tempo. Tocaram na rádio músicas "dessa altura": José Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco, e parece que passaram eternidades... e não me refiro apenas às que passam nos relógios.

A outra face da moeda: o trânsito esteve um inferno, hoje. Sem transportes públicos, com muita chuva... é de facto um excelente dia para ficar em casa (e aproveitar para protestar, no processo).

Há dias falei na expressão "brutally honest", numa música dos Morcheeba. Ontem ouvi a mesma expressão (mas em português), numa peça de teatro. Se calhar ela sempre esteve por aí, eu é que nunca reparei.

(NP: Falamansa - desculpa, Jul - eles de facto têm péssimo aspecto)



segunda-feira, 9 de dezembro de 2002



A propósito do novo código de trabalho, e da Greve Geral, ouvido num café: "... isto é preciso mudar alguma coisa, ou vamos continuar para sempre na calda da Europa..."

Aqui somos tudo menos estranhos. Tens o teu sofá reservado e confortável, e o café a fumegar na mesa.



sábado, 7 de dezembro de 2002



voltei aqui. E sinto que estou a entrar no meio de uma conversa qualquer entre duas pessoas que não conheço. Enfim... Estou congelada. Lá fora estão dois graus negativos e ontem cairam os primeiros flocos de neve. É bonita e muito calma a neve. Quem me dera que nevasse mais!





Tal como na música dos Morcheeba são as duas palavras, "Brutally Honest", que me chamaram a atenção, às vezes ficam na cabeça pequenas memórias, quase se pode dizer que lixo cerebral, coisas de que não nos esquecemos mas que anos a fio por aqui ficam, às vezes sem percebermos de onde vêm. Alguns exemplos:

  • Durante anos, anos, anos, e estou a falar de 10 ou mais, tive na cabeça a seguinte frase "I wore bluuuue... veeeelveeet". Não sabia de onde vinha... e só quando vi um cartaz com a reposição do filme do David Lynch fiz a ligação, e fui revê-lo com o secreto desejo de ouvir o resto da música. Já saquei o mp3 da net (shiuuu), mas continuo a ter a frase na cabeça.
  • Outra, mais recente (5-6 anos de idade?), é uma frase do Boris Vian no "Outono em Pequim", é... "Ana é nome de cão". Como citação a usar em ocasiões sociais e parecer... erudito ou fazer conversa, convenhamos que não é do mais adequado.
  • Tal como não o é uma afirmação de um livro fascinante do Carl Sagan, "Sombras de Antepassados Esquecidos", que parece feita de propósito para (não) ser usada na presença de jovens pais, que reza que, até aos 2 anos de idade, os Chimpanzés são superiores aos Humanos. O facto não devia ter nada de surpreendente, afinal eles crescem muito mais depressa, mas é uma frase que cai sempre mal. Não façam como eu.


NP: Gotan Project, faixa "El Capitalismo"



sexta-feira, 6 de dezembro de 2002



OK. Como sou legal, deixo o passado à sua disposição.
oqueijo. Como sou fixe, deixo o passado à sua disposição

Sebastião Salgado

XXV Bienal Internacional de Arte de São Paulo

26a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo







Também quero sugerir cultura.
Mais precisamente CD
TRIBALISTAS
Três artistas brasileiros - suuuuuuper difícil de adivinhar!
Deve estar em qualquer loja lusa y bien, brasileña también.
Por favor, ouçam e depois me digam se é original.
Isso ainda existe?
Adoro dar uma de cri-cri - cri-cri blasé.





He vuelto!!!

Uma paulistana que perdeu a mostra internacional de cinema de sao paulo, a bienal de artes de sao paulo, e outras mostras e festivais que tornam nossa vida um pouco mais plugada no mundo. Sim. Porém uma paulistana plugadíssima na qualidade dos serviços públicos. Fui eu ontem ao Poupatempo, essa incrível invenção, que reúne no mesmo local (no meu caso, Praça da Sé) muitos serviços públicos, para agilizar a vida do contribuinte, às custas da alta informatização do treco. Muy bien. Estou eu suportando alegremente pelo festival de senhas, sentada, com a multidão, olhos vidrados no painel com números vermelhos, que daria o meu passe para a liberdade, quando constato que sim, a vida pode imitar a caricatura.
É verdade.
Uma patricinha (uma tia) de pretinho básico, bolsinha, óculos escuros, saltinho e o cachorrinho pretinho básico. Sim, aquele mini-cão, pretinho, magrelinho, de latido irritante estava em seu colo de alabastro. Logo começou o babado, pois os seguranças, acostumados a lidar com todo tipo de muvuca meio que expulsaram a desavisada do local, justamente por achar que Fifi teria direito a seu próprio assento naquele recinto. Mas isso foi apenas 50% do causo. A multidão foi o mais interessante. Constituída por todos os tipos possíveis e imagináveis porém nenhuma patricinha ou mauricinho, aproveitaram para relaxar e rir muito. Afinal, o quadro da luz vermelha não passava comerciais nem video-cassetadas.
Os serviços públicos brasileiros são maravilhosos!!!! Diversão garantida.
Coitada - disse que o estabelecimento deveria colocar uma placa na qual estivesse escrito - Cães não são permitidos nesse local.
No comments.





Tillsammans, de Lucas Moodysson (sueco). Bom, divertido, interessante, boas cores.

O moço no poster tem uma tshirt amarela e azul. Estas cores, na maioria dos países ocidentais, tem conotações de cores jovens, divertidas, animadas, etc. Na Suécia, ao que parece, por serem as cores da bandeira, da realeza, têm uma conotação muito conservadora. Se alguma vez lá for, ou fizer alguma coisa para esse país, não me posso esquecer disto.

Não sei que mais dizer. No filme eles vivem numa casa-comunidade, e a "normalidade" entra-lhes um dia pela porta adentro. Podia tecer inúmeras considerações dignas de um artigo de opinião, mas não estou com disposição. Ao que parece, há coisas no filme que lembram o recente "Comunidade" do Frank Ronan. Mas não sei porque não o li ainda.

Now Playing: Chambao, "Flamenco Chill" (ainda).



quinta-feira, 5 de dezembro de 2002



morcheebaHá frequentemente músicas cujas letras nos dizem algo de especial, mesmo que por vezes não se saiba bem porquê ou sequer o quê. Neste caso, acho que é por causa da expressão "brutally honest".

When I open my mouth
I'm so brutally honest
And I can't expect that kind of love from you
When you open your mouth
your teeth are beautifully polished
And I can't extract the pain you're going through
No I can't explain
The pain you're going through


(Morcheeba, Charango, "Otherwise")

PS- "pet-peeves", afinal, tem versão em português: "merdinhas". Bonito, hem? :-)





O Público de hoje tem várias notícias sobre a mancha de fuelóleo que se aproxima de Caminha, como num filme de terror. Achei um dos textos curioso, especialmente o final de um dos parágrafos, e o jornalista certamente nem se terá apercebido:

"No litoral Norte, foi reforçada a concentração de meios de combate à poluição marítima e postos em prática procedimentos do Plano Mar Limpo. O Governo deslocou para Caminha três secretários de Estado — da Defesa, das Pescas e do Ambiente. "
Já os estou a imaginar a limpar praias ou instalar barreiras anti-poluição!!!

O artigo tem outras frases com piada:
«O ministro da Defesa garantiu, também ontem, que o país tem meios suficientes para impedir que qualquer navio considerado perigoso passe pelas águas exclusivas de Portugal. “A presença militar é extremamente dissuasora da invasão da nossa Zona Económica Exclusiva por navios indesejáveis”, sugeriu o ministro.»


(Now Playing: Flamenco Chillout, emprestado)





Eu sei que isto vai começar rapidamente a parecer uma simples lista de "eu fiz isto", mas que posso fazer, se a minha vidinha desinteressante não passa disto e coisas interessantes do género? :-) Pois hoje, na continuação do nosso programa, foram as Curtas às Quartas Frias (I), no tal ciclo que não vale a pena voltar a referir. Foram 8 curtas, umas muito melhores que outras. A qualidade foi algo irregular, mas gostei de praticamente metade delas.

Estava afixado uma recorte de jornal com uma entrevista a um dos programadores da Zero em Comportamento, que se "queixava" com algum desalento de o público aderir muito mais a reposições (a determinado tipo de reposições, admitidamente) do que a ofertas de outros tipos de cinema, como o é o actual ciclo "Frio". Efectivamente já vi a sala mais composta, mas parece que o público pelo menos às "short-meterings" está a aderir e se está a criar o hábito, porque não estava pouca gente. Não vale a pena voltar a gabar o trabalho dos moços da ZEC, a qualidade é reconhecida... só posso comentar que na edição do ano passado deste mesmo ciclo vi filmes brilhantes, e não tenho dúvidas que este ano isso se vai repetir.

Lá vem outra vez a sensação de se terem pérolas nas mãos, mas haver quem as não quer (o que normalmente me acontece com amigos).

PS- Conheço muito bem o ditado: "presunção e água benta, cada um toma a que quer"... mas não consigo evitar troçar um pouco dos "Warners-Lusomundos".
PS2- Now playing: Jacques Loussier Trio, Bach's Goldberg Variations.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2002



Em inglês usa-se um termo para designar pequenas-coisas-que-nos-chateiam: "pet-peeves". Este, infelizmente, não parece existir em português. Para casais, exemplos típicos seriam deixar a tampa da pasta de dentes à solta, perder o rasto à tesoura-da-casa, deixar louça por lavar na cozinha ou chávenas espalhadas pela casa, etc. Há milhares de coisas destas, e cada pessoa tem as suas.

A mim, o que me chateia, é referirem-se a mim por "Jota", ou "J". ARGH! mi-nús-cu-las, mi-nús-cu-las!!! Não é tão mais elegante, o jotinha com um pontinho por cima? e em itálico! Acho que os nomes deviam vir com formatação.

PS - No registo: "ponha-lhe Ana Cristina, com o N em Helvetica, e o C em Futura bold itálico..."
PS2 - Já o "nome de família", TEM de ser escrito com maiúscula inicial. Curioso, hem?





Hoje na rádio (TSF) estava a falar-se de uma homenagem ao Carlos Paredes a acontecer no próximo ano, com exposições, espectáculos e site Internet. Apesar de ele já não tocar, está vivo, e no meio daquela fanfarra toda, isto parecia ser esquecido. Havia quase um tom de post-mortem, como se o que estava em homenagem fosse a obra dele, e não a pessoa.

(hoje nos òriculares: Dead Can Dance, Spirischaser - e não estou deprimido, é só porque não o ouvia há muito tempo :-)



terça-feira, 3 de dezembro de 2002



O Bill precisa de uma Lucrécia. Se conhecerem alguma, por favor informem a redacção. Obrigado.





Cats in simulated spacesuits [NASA archive] Porque será que toda a gente sabe quem foi a Laika, essa cadelita sem religião, mas ninguém sabe os nomes dos outros 12 cães que a Rússia enviou para o espaço? Foram eles Bars, Lisichka, Belka, Strelka, Pchelka, Mushka, Damka, Krasavka, Chernushka, Zvezdochka, Verterok e Ugolyok (cinco dos quais morreram em vôo). Nem de todos os outros animais que já foram enviados para o espaço em experiências?
Como curiosidade, a pobre Laika era uma cadela vadia apanhada nas ruas de Moscovo, e basicamente um Husky Siberiano (ort?). Quem diria?





Acabei de me lembrar da palavra óbvia para blogs feitos com base em conteúdos de outros blogs: metabloguismo (ver mensagem de 2 de Dezembro, mais abaixo).

"Já tens o teu metablog?" -- este podia ser o slogan dos sites de alojamento (vou já reservar o www.metablogger.com), oferecendo um LARGO conjunto de serviços, desde a cópia automática de conteúdos à produção automática de resumos...

Vou portanto metabloggar um bocado, e começo com a ideia supersuperoriginal de passar a dizer o que me está a passar pelos ouvidos cada vez que escrevo (dizer "kescrevo" seria metablogar), para criar uma espécie de paisagem sonora (como fugir de clichés?!). Neste momento, é o amigo Yann Tiersen, e o duplo ao vivo "C'Était Ici".





Começou a maratona.
Refiro-me, é claro, ao ciclo de cinema nórdico. :-) 12 filmes, mais 2 dias de curtas. Ontem foi o "Cabin Fever", que como todos os media dizem "é o Dogma nº 19, e o primeiro Norueguês". Como também dizem todos, "é parecido com o "A Festa" (Dogma 1, e premiado em Cannes), só que pior". :-)
Achei confuso o facto de o filme ser ora falado em norueguês, em polaco, em inglês mau com sotaque norueguês, e inglês muito mau com sotaque polaco. Com legendas em inglês, mas apenas para as partes em norueguês e polaco. Um stress.
Nestes filmes, gosto sempre das cores, uma espécie de amarelo-torrado-vídeo, e neste, os vermelhos na neve branca também me despertaram os sentidos cromáticos.
(que tal, fazer um comentário a um filme, única e exclusivamente em termos das cores e legendas/falas?).

Digamos que lhe daria um 6,5 em 10, se estivesse a pontuar (não apenas as cores). Next!

PS- no site do Dogma listam-se todos os filmes que levam o respectivo selo, e achei curioso o facto de já haver alguns de realização espanhola, e não já apenas nórdicos e americanos...



segunda-feira, 2 de dezembro de 2002



Isto de tentar escrever coisas inteligentes é um stress.





Mensagens virtuais numa garrafa
Outra ideia que não é nova. Antes eram diários em papel, agora são online, antes eram mensagens dentro de garrafas, agora são páginas sem links para elas. Imagine-se que se vai ao Terravista, Geocities, ou Angelfire, e se cria uma página pessoal, com uma mensagem qualquer, sem registar em directórios, nada. A seguir, apagam-se os dados de acesso, esquece-se (se possível) o endereço. Ou envia-se para um fórum online, para uma caixa postal anónima, qualquer coisa.

Alguém vai ler, mais uma vez? Alguém vai encontrar a mensagem, o pedido de ajuda? O conceito é o mesmo, só o mar é que mudou. E parece maior ainda.

Fiz isto uma vez. E perdi a garrafa de vista.





MetaBlogs?
Fiz hoje o registo deste blog no webring de weblogs portugueses, e aproveitei para espreitar alguns dos quase 50 weblogs aí existentes. Achei curioso o facto de muitos deles assumirem tons intimistas, abordando temas extremamente pessoais (como este ou este), e nem sempre de forma anónima. Talvez o tamanho minúsculo do texto, em alguns desses (como este ou este), seja um último vestígio de privacidade, ao não convidar à leitura.

Tive a ideia, que não pretendo original, de fazer um metablog, um weblog que se dedicasse a relatar os acontecimentos descritos em, digamos, 5 outros weblogs/diários pessoais. Todos os dias, ir ver as novidades da vida de 5 estranhos, descritas por eles e elas próprias, e fazer um meta-diário, um diário de diários. Crónicas de 5 vidas reais, por eles próprios. Faz lembrar o bigbrother. Vários dos diários incluem aliás links, e por vezes até comentam, acontecimentos de outros diários...

Outro aspecto que achei curioso foi a panóplia e diversidade de "merdinhas" que existem para enfeitar estes diários online. Desde a possibilidade de comentar as entradas, a caixas tipo chat que registam comentários, à possibilidade de fazer a árvore genealógica de um weblog, a estatísticas, guestbooks, enfim, uma panóplia enorme que não tem disponível quem, muito tradicionalmente, escreve diários em papel. Para estes, só resta a possibilidade de serem publicados post mortem, o que de facto parece menos interessante.

Ter um weblog parece-me muito uma experiência em exibicionismo, e sei que contra mim falo, que desde 94 tenho coisas pessoais em páginas web. E ler estas/essas páginas seria, se não estivessem online com o objectivo de serem lidas (?), uma violação de privacidade.

Não estou a criticar...

E o que será destes diários, quando quem os escrevia se desinteressar? além de poderem vir a ser utilizados contra os autores, claro :-), imagine-se que o proprietário deixa de poder escrever, tem um acidente, morre. Durante quanto tempo mais vão os seus traços electrónicos (mega-cliché...) continuar a existir? Anos? Ciberlixo? Haverá alguém para os ler, e mesmo que haja, que valor tem/têm?

Mensagens numa garrafa...



domingo, 1 de dezembro de 2002



os weblógicos são para ser lidos... ou para ser escritos?





Do conto "O Conselheiro Privado", de Tchékhov:

"- Tenham pressa de viver, meus amigos... - dizia. - Deus os livre de sacrificarem o presente em prol do futuro! No presente é que está a juventude, a saúde, o ardor, o futuro é só engano, é fum! Mal completem os vinte anos, comecem de imediato a viver. [...]
- Sim... - continuava o tio. - Amem, casem-se... façam asneiras. A estupidez é mais cheia de vida e mais saudável do que todos os nossos esforços inúteis e a nossa perseguição de uma vida com sentido."


Sinto-me velho. :-)





O ano passado, por esta altura, a Geniuzastare (agora Zeroemcomportamento) organizou um ciclo de cinema nórdico. Fui ver praticamente todos os filmes, e tive oportunidade de assistir a algumas pérolas, como o Fucking Åmål, sueco, entre outros de surpreendente qualidade. Este ano o ciclo repete-se, e são 14 sessões no espaço de um mês... o ano passado lembro-me de, com o acabar do ciclo, sentir algum alívio, como quando se passam férias fora durante muito tempo e passam a ser precisas férias-de-férias. Acho que estive algum tempo sem voltar ao cinema, depois disso. :-)

A propósito, um destes dias comentaram cmg: "Sempre com novidades e nada de cinema americano :)) Que tema tão pouco comum!"

É fácil encontrar as coisas. Mais difícil é querer.





Fui a Sintra esta noite ver um espectáculo do Teatro de Marionetas de Moscovo, a companhia de Sergei Obratsov, um dos grandes nomes históricos das Marionetas. Não saí de lá boquiaberto e satisfeito com o ter assistido a uma obra-prima inesquecível, mas as marionetas têm uma certa magia, uma característica intrinseca, como os brinquedos para crianças antigos, de pano, que as tornam especiais... (para mim, pelo menos).
Porque será?
Quem viu Being John Malkovich lembra-se das cenas com bonecos (de um Phil Hubber - cujo site é horrível...), realmente mágicas.





Não sei quantas pessoas sentem isto, mas parece-me algo frequente vermo-nos, no passar dos anos, a tornar-nos parecidos, em certas características, com os nossos pais. Isto nada têm de mal, em si... mas a questão é que geralmente as características de que nos apercebemos são aquelas de que tipicamente não gostamos, e que criticamos mesmo que para dentro. Parece ingratidão, dizer isto. Outra coisa que também acontece é vermos isto acontecer a amigos, ou a parceiros. Será generalizado, ou estou a especular?


Mudando de assunto, o afundamento do Prestige, na costa da Galiza, tem estado a merecer-me alguma atenção. Não só pelo facto em si, como pelo local. Duas referências: um dos sites dedicados ao caso, e um Ficheiro Powerpoint com fotos impressionantes. Muita informação, e dada a proximidade da língua, fácil de ler.



sábado, 30 de novembro de 2002



deus, se existir, só pode ser tão ateu como eu. (via SMS-mail)





Wild in the woods of love
we harm those whom we adore
and contrary to all good intentions
we suffocate them in an alarming embrace.
Listen child, try to understand,
all is not what it appears to be in the world at hand.
Here dreams are bought and sold for a price.
The truth a burden to keep for the rest of your life.
These paths that have been chosen
can only lead to fear and despair.
So we learn from and experience the corporeal.
All is hidden in hidden meanings.
All can be learned from within.
We are all brothers and sisters in spirit.
Wild in the woods of love
we harm those whom we adore
and contrary to all good intentions
we suffocate them in an alarming embrace.


dead can dance - wild in the woods





Por que simplesmente não deixamos tudo nas mãos do acaso?
Ao invés de querer, querer, querer?
É, afinal, o acaso é o desconhecido...
onde nenhum homem jamais esteve, como diria o capitão Kirk





Eu nunca escrevo e quando escrevo não consigo parar!!!
SOCORRO!!!!!!!





É incrível o silêncio de uma cidade gigantesca nesse exato momento. Um sábado chuvoso e abafado. O passarinho cantou lá pelas 6h. Outros cantam de vez em quando. Qué pasa? Não existe mais hora do rush nesse lugar, e entretando não ouço barulho de carros, nem cachorros latindo, nem aviões seguindo suas rotas... Seria assim depois de um ataque nuclear? E se toda a população tivesse sido abduzida pelos alienígenas? Andando sola, pelas ruas vazias. Os carros parados no semáforo, ligados, com as chaves na ignição. Hmmm... sou tomada por uma imensa vontade de saquear as lojas de eletro-eletrônicos, roupas, sapatos, lingeries, CDs, livrarias, me amigar com o alheio e beber os melhores vinhos - tsk, tsk, tsk - que coisa feia! E ainda confessa.
Não importa: algumas gotas grandes ainda se fazem ressoar sobre os telhados.
Bem, logo percebo que minha imaginação não consegue ir muito longe com meu estômago parecendo uma grande uva passa de fome, é preciso FUEL!!!!! (O que me lembra: quem jogou River Raid, nos bons tempos do Atari? also known as frango assado. Enduro? A-ha, olha o pessoal da velha guarda aqui - usaram o X-T, jogaram Genius, War, War II - ainda mais powerful - aliás, acho que foi com o War que descobri que Vancouver existia.) ai, ai, que preguiça...
Por outro lado quero continuar curtindo esse momento de paz e tranqüilidade - eis que passa um fusquinha - ou um motor que soa como um. Isso também é incrível, afinal, o fusquinha praticamente desapareceu da face da terra após uma chuva de meteoros. Talvez esse seja um clone produzido a partir de células congeladas encontradas em alguma cavidade esquecida no topo da serra de São Joaquim, um dos - sei lá - três lugares onde neva no Brasil.
Muy bien. Leitinho morno, frutinha saudável, eis que Jarbas e Mohamed, meus fiéis servidores se aprochegam para sanar este mal.
Ah! se tiver coragem, uma caminhada, pra cumprimentar outros moradores da metrópole igualmente perplexos. Quando há um dia como esse é até melhor não fazer alarde, e falar mais baixo. Eu adoro esse lugar! (que é, em todo caso, a cidade de São Paulo, no estado de São Paulo, num país chamado Brasil)
O que me leva ao surgimento do nome Brasil, mas a fome é muita e Jarbas e Mohamed tiveram muito trabalho para preparar meu festim matinal, e eu valorizo muito seu suor... fica pra próxima





Sexta-feira à noite... e ninguém online. Isto às vezes parece ser imenso, outras tão pequeno quanto o resto do mundo.



sexta-feira, 29 de novembro de 2002



vim jantar à loja das sopas. tem juliana... de legumes. :-) vou para a sopa da pedra. fica p a próxima.

---
Visite o site da TMN em http://www.tmn.pt/
(c) 2001 Telepac/TMN





O Público de hoje tem uma notícia interessante sobre um livro de um psicólogo. Diz-se: "A depressão não é uma doença" e não existem medicamentos com uma acção antidepressiva.. Mais: Uma "depressão é uma desordem". O psicólogo continua: "A depressão é, pois, um modo de se relacionar com a vida." Acontece quando, perante certos acontecimentos, "a pessoa se sente literalmente afundada". Carlos Lopes Pires critica o facto de qualquer desprazer ser considerado depressão. A depressão pode acontecer "num determinado momento" em que "tudo corre mal". Os seus efeitos, sim, podem ser ser biológicos. "A ideia de que a depressão é uma doença resulta, em parte, de uma confusão quanto ao encadeamento destes acontecimentos. Mas estar triste não é uma molécula."

Aparentemente o autor critica a utilização/receita de antidepressivos, e faz uma relação entre estes e tentativas de suicídio, porque dão a calma para os cometer. Apresenta ainda dados que parecem indicar que o efeito dos mesmos é parcialmente psicológico, por quem os toma saber que os está a tomar (algo redudante, a frase, eu sei).

Faz sentido, independentemente da minha opinião sobre antidepressivos. Gostei da frase "estar triste não é uma molécula".

PS: também curioso é o facto de a notícia, pelo menos na sua versão online, não indicar o título do livro.





o sobrenatural é 1 conceito apenas interessante em teoria, e a teoria, apenas interessante como conceito.
isto por natureza, claro, não por sobrenatureza.
como, aliás, é suposto ser.

Há dias piores que outros (e vice-versa).

A Teresa disse abaixo qualquer coisa sobre o acabar do curso/universidade, e sobre o que se sente nessas circunstâncias. Confesso que não senti nada de parecido. Quanto muito, algum alívio, e durante vários anos, uma sensação, ao chegar a Setembro/Outubro, de depressão de "fim-de-férias-grandes".





Cenas fixes do inverno...
a chuva? o céu cinzentamente deprimente??? o ar limpo depois de um dia de chuva, o brilho no ar? a luz do sol laranja num fim de dia com reflexos? o arco-iris? a trovoada por cima das nossas cabeças? os relâmpagos a iluminar a noite, num restaurante junto ao rio? Andar à chuva, com música especial nos ouvidos, sentir as gotas a molhar todo o cabelo e o interior dos ossos?

Life isn't so bad, girl.





OK. Listening to the Amelie Poulain's soundtrack. Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain. Le Valse d'Amélie.

It rarely happens, but sometimes, in a beautiful music, the sound of some instruments, like violins or piano - the dramatic ones - strike me in the stomach and in my heart. There is only heat and enthusiasm. Then I feel the limits of the material world. The body limits. Why can't it just vanish in that sudden beauty? All the molecules torn into atoms, spread everywhere and nowhere.

In this case, do I have this feeling because of some sort of identification with the story?
Maybe, but not only.
No. Some years ago, I had a whole session of heat and enthusiasm. All by myself, during the night. Listening to a hungarian classical music composer whose name I never found out. Just stayed there, it was too much energy for me to try to go with it. Lying down there for 3 hours... in heat, enthusiasm and devotion.
And I will probably never listen to that again. I may feel a similar sensation, but not with that guy again.
That's why high concentration was required.

This leads me to another theme, or better yet, to a deeper level of the same theme. Music. Life. Time.
We can't touch it, we can't grab it with our hands, or see it. We've got to concentrate in that tiny moment.
Music is not like a painting on a wall, that we can literally watch for hours, when we want, as long as we want.
Music is time, obviously. Life is time. But, dear Watson, there is no such thing. Time doesn't exist, because only the present moment exists. The past has disappeared. The future is the next present.

I don't know where I am going. Not to an original conclusion, that's for sure.
Enthusiastic high concentration at the hot present moment? Hot enthusiasm?

And, some weeks ago, I was told by a friend that the word enthusiasm comes from Greek and it means somebody who has been taken by the spirit of a god. One of the gods blow his powers to a mortal, and from then on the mortal has the power to transform Reality.

Very beautiful. But we need a body to transform the reality.
This leads me to a even deeper level, but I guess I should stop here. It would be too religious for today. Tonight.

For the record: my personal CD consultant, Mr. jota, was responsible for all this. He gave me the soundtrack.
Thanks in the name of two pilgrims.





nice things about summer...

hum... relaxing
bare feet
the rewarding contact with nature

why the fuck is the world so dirty?



quinta-feira, 28 de novembro de 2002



Estou em casa do César. A lasanha estava óptima. E a net é omnipresente. Viva! :-)





hmmmm....... saufen..... deixo aqui o conceito. Saufen é aquilo que um alemão entende por festejar seja aquilo que for. Apenas um ingrediente é indispensável: ALCÓOL! Foi isso que andei a fazer ontem. E revivi o sabor inesquecível de acabar o curso! (Desta vez, não o meu!) Acabou-se a irresponsabilidade, acabou-se a adolescência. Com o fim do curso somos mesmo e definitivamente adultos. É claro que só percebes a dimensão destes sentimentos depois de teres entrado no mundo do trabalho e de sentires que afinal não é aquele mar de rosas que tu pensavas. Tem as suas vantagens também, claro! Principalmente quando se vai trabalhar para o outro lado da barricada. Imagine-se que um ladrão deixa de o ser para ser polícia... É quase a mesma coisa quando se passa de aluno a prof.

Moral da história: saufen é cool!!!!!!!





Dois restaurantes de fado na mesma semana...
.
.
.
.
:-)

Deixo uma amostra.




DISSE-TE ADEUS
Disse-te adeus não me lembro
Em que dia de Setembro
Só sei que era madrugada
A rua estava deserta
E até a lua discreta
Fingiu que não deu por nada
Sorrimos à despedida
Como quem sabe que a vida
É nome que a morte tem
Nunca mais nos encontrámos
E nunca mais perguntámos
Um p'lo outro a ninguém
Que memória ou que saudade
Contará toda a verdade
Do que não fomos capazes
Por saudade ou por memória
Eu só sei contar a história
Da falta que tu me fazes





isto é tão sofisticado q até se mandam posts do telemovel... cool. viva a tecnologia.

---
Visite o site da TMN em http://www.tmn.pt/
(c) 2001 Telepac/TMN



quarta-feira, 27 de novembro de 2002



Maus Lençóis... - das faltas no trabalho para dormir
Ó João, veja bem - apenas uma licença poética da vida - como eu poderia perder a oportunidade?

"A imaginação alegra os corações"
palavras de Sai Rashnamurdi Pravanda Baba, meu mentor.

O fato, meu caro jota, é que nos meus tempos de hard labuta, usava e abusava da criatividade, afinal, essenciais na vida são o flexi-time e a máquina de secar roupas. Uma vez iniciado meu vício de atrasos e faltas no trabalho, percebi a veia artística que pulsava dentro de meu ser. Oras, sou modesta, mas o mundo merecia desfrutar desse dom. Especialmente o chefe - já disse que ele se considerava um homem das artes... Enfim, consumou-se um círculo vicioso, que amenizou minha vida, e proveu à recepcionista da organização sorrisos discretamente irônicos. Certamente, por eles, ela é grata a mim até hoje.





"bolas, tudo o que está relacionado contigo tem um link na net" - t., em conversa no ICQ.





Ah. Admirável, este novo mundo.





Isto está claramente a ficar muito impessoal, acho que é um blog que ainda não encontrou uma voz. :-) Vou explicar os excertos que enviei.

  • O do "Simple Men", um dos filmes que mais aprecio, é pelo... exotismo? pela energia da forma como o Bill diz que está magoado, que está "in Pain". Sempre me pareceu muito forte, ao mesmo tempo que fora do comum.
  • O do Neil Gaiman é de uma história em que o protagonista se protege (em termos emocionais), de forma a ter uma vida normal, protegendo o coração com uma gárgula. Daí a foto.
  • O do Voltaire, de um livro de contos que li recentemente, é sobre uma questão... filosoficamente interessante, nada mais. :-)
  • Finalmente, o do "Trust", foi porque a jul pediu. É uma das cenas interessantes do filme, apesar da cena do salto (para quem conhece o filme) ser a minha favorita.

Pronto(s).

PS- Ó jul (aí em baixo), não percebo como é que podes falar de dar desculpas ao chefe depois de uma noite... mmm... animada, estando actualmente... de férias. :-)





Esta é enviada a pedido:

Maria: Did you mean it? Would you marry me?
Matthew: Yes.
Maria: Why?
Matthew: Because I want to.
Maria: Not because you love me or anything like that, huh?
Matthew: I respect and admire you.
Maria: Isn't that love?
Matthew: No, that's respect and admiration. I think that's better than love.
Maria: How?
Matthew: When people are in love they do all sorts of crazy things. They get jealous, they lie, they cheat. They kill themselves. They kill each other.
Maria: It doesn't have to be that way.
Matthew: Maybe.
Maria: You'd be the father of a child you know isn't yours.
Matthew: Kids are kids, what does it matter?
Maria: Do you trust me?
Matthew: Do you trust me first?
Maria: I trust you.
Matthew: You sure?
Maria: Yes.
Matthew: Then marry me.
Maria: I'll marry you if you admit that respect, admiration, and trust equals love.
Matthew: OK. They equal love.


Hal Hartley, "Trust"





Parece que a moça quer guerra... :-)

Vi nesse momento a velha que morava nas vizinhanças: perguntei-lhe se alguma vez a afligira o não saber como era feita sua alma. Ela nem sequer compreendeu a minha pergunta: nunca na vida tinha reflectido um único momento sobre o único dos pontos que atormentavam o brâmane; cria nas metamorfoses de Vixnu com todo o seu coração, e contando que pudesse ter de vez em quando água do Ganges para se lavar, julgava-se a mais feliz das mulheres.

Impressionado com a felicidade desta pobre criatura, voltei ao meu filósofo, e disse-lhe: "Não vos envergonha ser infeliz, quando à vossa porta há um velho autómato que não pensa em nada, e vive contente?" "Tendes razão, respondeu ele; cem vezes disse para mim próprio que seria feliz se fosse tão tolo como a minha vizinha, e no entanto não quereria para mim tal felicidade."

Esta resposta do meu brâmane causou em mim uma maior impressão do que tudo o resto; imaginei-me, e vi que com efeito não quereria ser feliz sob condição de ser imbecil.

Propus a questão a alguns filósofos, e foram da minha opinião. "Há no entanto uma furiosa contradição nesta maneira de pensar: porque afinal o que se pretende? Ser feliz. Que importa ter espírito ou ser tolo? E o que é mais: os que estão contentes com o que são, têm a certeza de estarem contentes; os que usam a razão, não têm a certeza de a usarem bem."

Voltaire, História de um bom brâmane

Isto está a ficar pretencioso, hem? :-)))



terça-feira, 26 de novembro de 2002



Se eu quisesse justificar minha ausência no trabalho, por pura preguiça e falta de motivação, pra dormir gostoso até a 1 da tarde na segunda-feira, deixaria educadamente essa mensagem na caixa postal do chefe:

"... sono que deslinda a meada enredada das preocupações,
o banho reparador do trabalho doloroso, bálsamo das almas feridas,
o segundo prato na mesa da grande natureza,
o principal alimento do festim da vida."


e, como humanista e apreciador da arte, que ele é, me agradeceria imensamente...
pois é, pena que eu não sou educada, e a festa foi grande na noite anterior

isso aí é do Shakespeare, Mcbeth II, ii, 36
não é meu estilo, mas todos os médicos concordam com ele, e as mães também.
Por essas e por outras que falto no trabalho pra dormir sem culpa! Vidão!

Ah, qualquer dia desses abordamos o leque de desculpas - como escancarar as portas da
criatividade - e ser feliz!





As horas passavem enquanto eu me cozia ao sol.
Muitas vezes, a intervalos decentes, eu esquecia
o calor e a dor em sonhos e visões e lembranças.
Isso tudo, eu sabia - colossos se desintegrando -
rio, areia, sol, céu metálico - iria passar num piscar de olho.

O Andarilho das Estrelas / The Star Rover
Jack London



segunda-feira, 25 de novembro de 2002




Pretty soon now I shall have to get up. I shall get out of this bed and resume my life.

I wonder if I shall ever see her again, and I realise that I scarcelly care. I can feel the sheets beneath me, and the cold air on my chest. I feel fine. I feel absolutely fine.

I feel nothing at all.

Neil Gaiman, Smoke and Mirrors, "How do you think it feels?" (objectivos)



domingo, 24 de novembro de 2002



Um blog. Ninguém vai ler?
Falsa modéstia. O que não me faltam são coisas para colocar aqui.
Pode rolar de tudo. Ou não.





Bill: Tomorrow. The first good-looking woman I see...I'm not gonna fall in love with her. That'll show her! Yeah. The first good-looking...blonde woman I see. I'm gonna make her fall in love with me. I'll do everything right. Be a a little aloof at first. Mysterious. Seem sort of...thoughtful and deep. But possibly a bit dangerous too. Flatter her in little ways. But be modest myself. They all fall for that shit. Make her fall hopelessly in love with me. Yup. Mysterious. Thoughtful. Deep but modest. And then I'm gonna fuck her. But I'm not gonna care about her. To me she's gonna be another piece of ass. Somebody else's little girl who I'm gonna treat like dirt and make her beg for it too. I'm just gonna use her up. Have my way with her. Like a little toy, a plaything. And when I'm done I'm just gonna throw her away.

Dennis: (Embarrassed) Are you through?

Bill: I haven't even begun yet.

Dennis: Go to sleep.

Bill: I can't sleep. (Pauses) I'm in pain.


Hal Hartley, "Simple Men"





Bom, suponho que isto seja um começo. Outro blog que ninguém vai ler a não ser quem o escreve. :-) É verdade.



Arquivo do blogue