domingo, 25 de dezembro de 2016



Miss Takes, 2016 as they say GFY

change_kxcdNot turning this into a diary, hence whatever I write may or may not be true and anyway whatever words I write will only be so vaguely connected to whatever happens or has happened or will come to happen in the future. Also, I will be using random bolding or italicizing of words to confuse you.

Which is actually the truth of most things I write here on too many interspaced occasions.

2016 was a year of change, and so full of learning opportunities that I must actually take some time out to ponder them with their due importance. which I probably will never do.

(i’m tired again of this uppercase and lowercase thing, dropping it for now)

first time i write since i moved to the uk. i am in the conservatory, alone with some music and random beeps from messaging apps, and i look outside and see the raindrops falling in the puddles in the shale grey platform outside, under the cloud covered light gray sky. random sentences come to my mind.

I have seen attack ships on fire off the shoulder of Orion.

But under spell of deep sleep he moans and turns away / Taking his protection and my desire to stay.

What a wicked game to play / to make me feel this way

change is good, they say. change is not only good, it is actually necessary. it is a fact of nature. but we are human beings, and change for the sake of change is not good. it must be because we believe it will be better for us. or must it?

 

FutureInnerProber_2FutureInnerProberI hereby present you the Future Inner Prober and Advisor: FIPA. This revolutionary machine, created to the highest standards of scientific and industrial quality, can look at your present self, analyse your feelings and emotions, and though a powerful set of machine learning algorithms harnessing the collective intelligence of millions and millions of similar humans beings (a crow just flew outside my window), as well as facts about the culture and economy and the world outside, help you make the right decisions at the right time.

Never again be in doubt. Now you can balance at every single moment, on the one hand your happiness with any given choice, and in the other how well it will turn out for you in the future.

TAKE BACK CONTROL OF YOU LIFE, WITH FIPA Mk.1! All of £69.99 (or 30€ if you are in the EU).

see the chart up there on the top right? see the two marks on the bottom left corner?

i wonder. i wonder which of these choices, of these changes, were the right ones. even if some still make me feel sad, and others fill me with joy. i feel vaguely delirious and alucinating, with a heart and mind that is both empty and full, a superposition of quantum states. just like the screaming voice in this song, which – I find – makes all the difference.

one good thing of change, regardless of the outcome, is that you prove to yourself that you can do it. even if it is jumping of a cliff or brit lemmings dropping of the EU.

 

“oh we shall endeavour to miss him dearly, he was a good chap”

 

worry not.

 

this chap here will rebuild, and smile again. after all, there is much that is good and makes him smile already.

 

i guess this is my message for 2017. or wish, or whatever.

THERE WILL BE CHANGE. “Man up”, like Jorge said once, and deal with it.

 

 

 

fuck it, this post made no sense, even for me.

 

oh, there was something else i wanted to add, something that came to my mind a few days ago. maybe the time has come for me to become an adult. finally, and after all these years. i am terrified at this.



sexta-feira, 26 de agosto de 2016



revealing.myself

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(estou bem consciente de que há uma história aqui para contar, mas não me apetece fazê-lo neste momento, cansa-me).



domingo, 21 de agosto de 2016



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(a title would be pretty obvious… something between the crying game and the woman in red)





it wasn’t meant to be this way (or: august in the UK)

Chuva no Tamisa

Canchete Muere

… but it does fill the air with the wondeful scent of the wild flowers and lavander.



sábado, 20 de agosto de 2016



seriosamente

lido4a sério que só pode ser masoquismo e continuo a achar que não trocava isto por mais nada como é satisfatório ter as veias a pulsar com sangue o coração que por vezes quase pára ou me aquece por dentro o passo interrompido por uma imagem ou palavra que nos toca como uma brisa de Verão e por vezes manda abaixo mas sentir isto é inevitavelmente bom mil vezes melhor que estar sentado numa secretária a olhar pela janela e ver os carros e pessoas passar lá fora com uma manta ao colo e braços cruzados sobre as pernas

tiro na cabeça, isso

parece que nos queremos atirar de uma janela meter num avião comboio e fazer o que não se deve e não se pode e é sempre assim nunca são as coisas como queremos mas a energia que sentimos – sinto – está dentro de mim independentemente do que o resto do mundo – e tu – sintas ou deixas de sentir

preciso disto

mesmo que nunca te toque que nunca te veja ou te beije

preciso disto

e juro-te que com 100 anos ou 80 ou 60 ou 50 ou 45 ou seja com que idade for vou sempre olhar para isto como dias que valem a pena como aventuras que enriquecem que me tornam a mim uma pessoa com mais histórias para contar e mais retalhos dentro, ainda que inamável

a sério



segunda-feira, 11 de abril de 2016



Os Principais Erros Estão Por Cometer

harpoons_cvxJ0Vê-se nos programas de mar as peles das baleias grandes e tubarões cheios de cortes e marcas.

 

Vê-se nos animais da selva, leões e outros felinos, marcas de rasgões no pelo, orelhas cortadas.

 

Em nós, homens e mulheres, estão invisíveis os maiores retalhos e cicatrizes.

 

Em nós, homens e mulheres, há a chamada “meia-idade”, uma coisa aproximada entre o nascimento e o fim da vida, e que está sempre no nosso passado. Bom era saber onde é O Meio Termo dos Erros, o ponto a partir do qual podemos descansar porque o pior já passou.

 

(e pronto, era só isto, uma reflexão)



sexta-feira, 8 de abril de 2016



esta noite os cães ladram mais alto

sem saber porquê, o diálogo consigo próprio foi interrompido centezas de vezes pela canzoada que na rua coroava a solidão devastada que sentia. olhava para trás e sentia a ausência de significado em tudo aquilo, o irromper da luz constantemente interrompido pela surpresa de não haver chão. ou de estar lá o chão de sempre, com os ladrilhos em padrão cor de tijolo como em casa da avó, e ter medo de o pisar.

passaram 700 anos, e sozinho no quartocasaprédiobairrocidadepaísplaneta continuava a olhar pela janela para o nada lá fora, as janelas abertas ao sol e ao vento morno e à luz da lua sempre brilhante sempre cheia sempre reluzente no céu, um sol nocturno.

depois de se viver na luz, tem-se medo do escuro. com a luz sempre no céu, mãos na liberdade, pode ir-se a todo o lado, sem medo das feras e dos uivos dos vultos cinzentonegros que se entrevêem. mesmo sem saber o que vai estar do outro lado. mesmo sem saber.

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domingo, 27 de março de 2016



Uma Posta Que Não É Ficção

Esta posta não é ficção. Há muito tempo que não escrevo aqui texto que não seja ficção. Mas desta vez é assim mesmo. Vou escrever uma posta no mais correcto português de que sou capaz (pré-acordo, claro), e com tanta seriedade que jamais os cantos dos lábios se desviarão da mais euclideana horizontal.

 

Ah, a questão do português posso aldrabar um bocadinho, tábem? é que ao mesmo tempo tamém mapetece escrever com marcas dóralidade, como me disse aquela professora do secundário. Mas ignora. E pensa assim: sempre quencontrares algo que te pareça um erro, repensa-te e considera: provavelmente foi intencional. É mesmo assim.

 

Um Piano na Praia com uma menina em cimaOra estava eu a caminho ou já em casa dos meus pais, para o tradicional mas não católico almoço de páscoa, quando li umas coisas nuns blogs que me passaram pelo telemóvel a caminho do cérebro. Uma destas coisas que li, na musa dominical, foi este texto caqui está. Não é nada de especial, um daqueles apelos à simplicidade pre-electrónica, ou à capacidade de conseguir (“conseguição” é palavra?) deixar algum espaço das nossas vidas fora da tecnologia. Mas a verdade verdadinha é que gostei da sugestão feita: a partir de uma determinada hora da noite, desligar todos os ecrãs. Seja de telemóvel, portátil ou televisão. Porque isso vai levar à felicidade interna (que é muito parecido com felicidade eterna, o que ia escrever, mas muito menos religioso e logo mais interessante), e dar mais tempo para um ror de outras coisas libertadores que em muito contribuirão para o bem estar matinal e nocturno.

Ora quem me conhece sabe que sinto a tentação de – estando a começar este parágrafo também com a denominativa palavra “Ora” - fazer por repetir a proeza com todos os outros daquilo que aqui vier a escrever. Mas dizia eu: quem me conhece sabe que sinto a tentação automaticamediata de ser céptico e dizer um “ya ya” dismissivo (quero lá saber que não exista), fica-te lá com a tua felicidade enquanto eu me vou aqui continuar a ler postas de lifehacking e felicidade interna no resto dos blogs. Mas alto e páróbaile, que mapece mesmo experimentar. A autora decidiu desligar ecrãs às 2300, mas esses horários matinais não são para mim. Vou fazê-lo isso sim, mas à meia nôte. Que tal? E aguarda aí que vou colocar uma alarmística na despertadoriana do telemóvel, um pouco como um kill switch na realidade: ora (lá está) atoca e adesligate. E porque o fiz? o que me persuadiu a experimentar foi este esnipet do text:

Rather than laying awake, though, likely thinking about work the next day, I chose to pick up a book. And then another, and then another. During the month of January, I read more than the previous six months combined. In fact, I could now read for an hour and still be asleep earlier than my normal time. And the best part? I didn’t feel like I had wasted any time by doing work and watching filler TV in the background.

Ora disto eu gostei (lá está, e vão 3).

 

Ora tenho mais coisas para d’zer. Depois de ler este texto passei para outro, e o que li a seguir também me transmitiu energias (pela simples recepção de fotões na minha retina, não estou a falar de disparates sobrenaturais calma lá): foi estaqui, e independentementementemente de achar que o autor está a levar alonge ademais a ideia de associar a ansiedade ao Delayed Return Environment (versus Immediate Return Environment):

Most of the choices you make today will not benefit you immediately. If you do a good job at work today, you’ll get a paycheck in a few weeks. If you save money now, you’ll have enough for retirement later. Many aspects of modern society are designed to delay rewards until some point in the future.

Mulholland-Our-Inner-VoicesOra eu podia lá está cepticamente dizer que estamos numa sociedade de consumo imediato, mas vamos por um momento suspender o tal cepticismo e seguir onde o contaautor nos leva. E onde nos leva? (agora fiquei aqui meio despalavrado na forma de continuar a frase). Leva-nos a um par de caminhos, mas o 2º foi o que me brilhou nos olhos: Shift Your Worry, from the long-term problem to a daily routine that will solve that problem. E melhor ainda, mais abaixo dá alguns exemplos pessoais, tendo eu sido inapelavelmente atraído por dois deles:

    • Writing. When I publish an article, the quality of my life is noticeably higher. Additionally, I know that if I write consistently, then my business will grow, I will publish books, and I will make enough money to sustain my life. By focusing my attention on writing each day, I increase my well-being (immediate return) while also working toward earning future income (delayed return).
    • Reading. Last year, I posted my public reading list and began reading 20 pages per day. Now, I get a sense of accomplishment whenever I do my daily reading (immediate return) and the practice helps me develop into an interesting person (delayed return).

Ora cástá. Era aqui que queria chegar. Dá-me buéeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeda gozo estar aqui contigo (eu tenho sempre só um leitor, e já desisti de quaisquer pretenções ao nobel de lit’ratura quando tinha 3 anos didade). Isto cogajo escreve é atotalmente verdade. Não faço dinheiro com palavrinhas, por isso essa parte não saplica, mas dá-me gozo estas duas coisas, são os bare essentials de mim [1]. In-descritível. Empatizei de instantimediato com a frase da qualidade de vida augmentada.

Ora mas não te vás embora ainda já tão cedo, cainda tenho mais uma cenita para referir nesta posta que tencionava introspectiva sobre uma cena gira que encontrei, mas que se está a tornar num exercício masturbatório que lembra o adolescente “Eu cá sou bom” dos Xutos.

 

 

Mmmmm.

Na realidade, fui reler a terceira cenita que queria referir-te, e na realidade não gosto muito da coisa, e o que antes vi como sendo curioso agora já não me parece sê-lo tanto assim na realidade. Talvez o cepticismo a que aludi nos dois casos anteriores me tenha invadido o cérebro como o mosquito da zika, mas olha prontos é assim mesmo e asssim sendo acho que já disse tudo o que tinha a escrever e fico-me por aqui.

Mas não temas, não temas, leitor singular. Porque se depender de mim, voltarei para te zikrinar o juízo. E com um sorriso horizontal nos beiços :-) .

 

 

[1] “Os bare essentials de mim” dava um bom nome de filme ou livro, numa outra qualquer realidade.



terça-feira, 22 de março de 2016



Dramatis personæ, diálogo

- Romeu
- Olá, Julieta
- Preciso de falar contigo
- Então?
- Reparaste que deixei de te responder às cartas?…
- Sim, claro. Porquê?
- Porque nos estávamos a aproximar, e tu não podes, e eu achei que era a opção mais sensata. E agora que nos vemos, é justo dizer-to.
(pausa)
- Fizeste bem. Obrigado. Já tinha suspeitado disso.
- Sim? Então?…
- Estavas a começar a fazer-me pensar. E não sou pessoa para tomar decisões sensatas, ainda bem que tu o és. (pausa) Despedimo-nos agora?
- Suponho que sim… mas…
- Então adeus, Julieta
(pausa)
- Adeus, Romeu

(e quando o pano cai, na sombra do invisível, colaram os lábios)



domingo, 21 de fevereiro de 2016



Rapaz, Maria

Espertos foram os que ficaram lá dentro. Quando as balas perdidas começaram a cravar-se nas paredes, a partir os vidros, e a penetrar nos corpos dos incautos, espertos foram os que ficaram lá dentro.

“A Maria-rapaz”, era como me chamavam na escola quando era miúda. Adoptei o nome quando cresci, usava o cabelo curto e vestia como lembrava ao meu pai que se finou na guerra em Flandres dois anos depois de eu nascer. “Sou a Maria Rapaz”, dizia com uma pausa a não deixar espaço à ambiguidade sobre a inexistência do hífen, ao mesmo tempo que tirava as pistolas tapadas pela samarra, e atrás de mim entravam o Diamantino e o Urbano, já com as Tommys apontadas a funcionários e clientes sem discrição ou discriminação, e com meia face coberta por lenços pretos.

Mas a vida andava difícil, tanto para nomes como para cognomes. O governo do Salazar deu à GNR uns jipes com rádios recebidos dos alemães, e tínhamos uma hora se tanto para limpar as caixas de bancos, caixas agrícolas ou CTT, amontoar os cofres de metal em sacos de serapilheira, e sair dali a toda a brida ao volante do Venâncio – que aprendeu a conduzir o Citroën Traction Avant preto que o tio trouxe de França e que foi o primeiro carro que se viu em Brinches. E para mim, se é para fazer, é para fazer bem feito - não deixar uma moeda no fundo de uma gaveta sequer. Mas o tempo não dava para tudo, e a vida andava mesmo difícil.

Em Sobral da Adiça o golpe foi simples, mas não rendeu mais que um punhado de escudos e ainda foi preciso gastar umas balas para afugentar curiosos corajosos. Abalámos pela noite para Puerto Peñas, onde o taberneiro alugava um quarto privado e todos os duvidosos da região se reuniam até o vinho adormecer sobre as mesas com o sol a raiar. Mas nessa manhã não raiaria.

“SOY EL CAPITAN ÁNGEL DE LOS CARABINEROS! SALGAN DE AHÍ CON LOS BRAZOS EN ALTO, CABRONES!”

Nunca tinha visto o Capitão Ángel, nem o seu famoso bigode preto, mas conhecia-lhe a reputação brutal nas fronteiras com Portugal e França, e não se passaram dois minutos para ver da janela do 1º andar - enquanto calçava as botas - uns quantos mal despertos saírem de mãos no ar. Seria a última súplica que fariam. “Es aquel!!!”, disse um dos Carabineros, a apontar para um jovem efeminado, e o grito despoletou os disparos.

Nunca mais vi o Diamantino, o Urbano ou o Venâncio, mas não os imaginava numa prisão espanhola, e os fogachos de luz já voavam também em direcção aos carros policiais. Saltei pelas traseiras, aproveitando para navalhar sem hesitar o pescoço do taberneiro traidor e da sua mulher pequenina que se escondiam na casa da lenha, e desapareci na serra das Peñas para nunca mais ser vista em terras de Portugal y Espanha.


Dizia-se que na América é que a vida andava fácil.



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