terça-feira, 1 de setembro de 2009



Go yon, go yon

Quando olhei para para cima, podia apostar que o céu não estava tão alto como ontem. Temos de estar atentos a estas coisas, não nunca podemos confiar. E eu podia jurar – podia mesmo jurar – que o céu ontem não estava tão baixo quanto está hoje. Não estou a falar de núvens, repara, estou mesmo a falar do céu.

Que sensação estranha. Podes pensar que estou a delirar, mas ou estou a crescer, o que é possível mas se notaria na roupa, ou o céu está a descer. Sinto-me apertado, compactado, cada vez mais denso dentro de mim, e isso não é uma boa sensação. Uma espécie de tortura medieval, mas por estranho que pareça, só eu a estou a sentir. Aqueles a quem falo disto respondem que estou a imaginar, riem-se com a piada do que lhes conto, apesar do ar grave que tenho no rosto. Estou preocupado.

Decidi não lhes contar mais. Quando começarem a ter de andar encorcundados pela rua, hão de se lembrar do que lhes disse. O céu está a cair, e mais dia menos dia vamos ter a cabeça nas núvens, depois no fim da atmostera, e acabar a ver estrelas sem conseguir respirar.

Podia jurar que já me está a faltar o ar, penso ao inspirar com sofreguidão e dificuldade… mas onde está a minha estrela?



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