hoje vi-te
Não te via há algumas semanas, mas hoje vi-te. Fui para uma esplanada com um amigo, conversar, apanhar ar, beber umas imperiais e comer caracóis. Chegaste e sentaste-te a uma mesa de distância, com o teu cabelo loiro liso e ar descontraído de fim-de-semana. Estavas com um mano black de quase dois metros, musculado e de sweat-shirt branca a deixar brilhar os ombros, e pediram uma tosta, um nectar e um café.
Achei estranho não reparares em mim. O teu companheiro reparou nos nossos olhares, e lançava-nos esgares de aviso macho de tempos a tempos. “Esta é minha”. Também estranhei o estares de calções, e o cigarro bem na ponta dos dedos, daquela forma requintada que algumas mulheres pensam ainda ser sedutora nos dias de hoje.
Acabámos os caracóis, as tostas, as imperiais, e fomo-nos embora da esplanada. Para sair, tive de passar mesmo à tua frente. E os teus olhos não deram por nada, não registaram sequer.
Se calhar porque afinal não eras tu. Ou então… porque já não era eu.
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