quinta-feira, 27 de agosto de 2009



Esta noite tive um Sonho (história verídica) [1]

Sabes que não é comum lembrar-me dos meus sonhos. Mas lembro-me perfeitamente do sonho com que acordei esta manhã. Pode ter sido por estar embriagado de sono, por ter recorrido ao snooze 4 vezes no despertador antes de por fim ter a energia de abrir os olhos para o Rio, não te sei dizer. Mas lembro-me vividamente do sonho com que acordei.

Morava num prédio como aquele em que moro hoje. Uma torre de uns 10 andares, com um pátio todo em redor, onde antigamente, quando era puto, se brincava às escondidas, à apanhada, e se ficava à conversa nas escadas até altas horas de noite, ou até os pais virem chamar, o que acontecesse primeiro. O pátio estava agora cheio de coisas acumuladas no passar dos anos, como mesas e cadeiras de jardim enferrujadas e com tinta a sair, tanques de lavar roupa daqueles antigos de cimento, pilares – também de cimento - de varandas, e podia até jurar algumas réplicas da estátua de Vénus. [2]

No sonho, a minha casa, estranhamente por ser ao contrário da realidade em todas as casas em que já vivi, era no rés-do-chão, e era enorme. E quando digo enorme, quero mesmo dizer enorme. Com inúmeras divisões, muitas das quais pouco visitava, e algumas tão cheias de tralha que nem nelas conseguia entrar. Vivia sozinho, também, mas não era disso que tratava o sonho.

Um dia estaciona à frente do prédio um camião gigantesco, e sai de lá um Sr. que se oferece para carregar todo aquele amontoado de cangalho [3], como se fosse o serviço camarário de monos, mas maior e mais disponível. A oferta rapidamente foi aceite por mim e pelos residentes, que começaram igualmente a trazer das suas casas tudo aquilo de que se queriam livrar. A minha, logo ali no rés-do-chão, foi das que deu mais trabalho. Móveis, mesas, cadeiras, estantes, sacos de roupa, papelada, camas, bibelots, quilos e quilos dali saíram para o camião. Recordo-me perfeitamente de chegar a um dos quartos, agora completamente vazio, com paredes brancas com sombras de móveis, e pensar que era aquilo inacreditável, que nunca tinha conseguido sequer entrar naquele quarto, tão cheio estava. Lembrava-me a arrecadação da casa dos meus pais, em que mal se conseguia entrar (e onde, curiosamente, ainda hoje há um desses tanques de lavar roupa de cimento sólido, que imagino de lá nunca vai sair).

O sonho parou por aqui, com a sensação de alívio e limpeza, minha e nos outros moradores do prédio. O pátio sem tudo o que antes o atulhava, agora limpo, a casa despida de muito peso e onde já se podiam abrir as janelas e respirar algo que não pó, e onde já entrava a luz do dia.

Odeio despertadores.

 

Diz-se e escreve-se por aí muito sobre interpretação de sonhos, com teorias verdadeiras ou inventadas, e este sonho parece-me a mim ter uma interpretação muito óbvia e directa, para ti que conheces a minha vida. Não sei se essa interpretação é verdadeira. Mas posso jurar-te uma coisa: se não for verdadeira essa interpretação directa, isso é que é estranho.

 

[1] Note-se desde já que teria escrito estória se o não fosse, já o sabes, certo?

[2] Repara: tudo isto é verdadeiro. Não estou a ficcionar, por estranho que possa parecer. Posso estar a delirar, mas isso é outra… história. [1]

[3] Se estivesse a ficcionar, improvavelmente utilizaria esta palavra.



3 comentários:

  1. Quando me reformar terei tempo para tratar da arrecadação. O tanque ficará lá. É demasiado pesado. E dá um jeitão para arrumar as peças de legos que o enchem por completo.

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  2. Já tentasse buscar interpretação? no http://www.diariodesonhos.com.br/ dá para encontrar fácil o significado de muitos sonhos.

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  3. Olá Joana.

    No sonho em causa, a interpretação é muito óbvia para mim.

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