Victor, 20 anos depois
Vinte anos depois, Victor emancipou-se. Sempre fora gozado pelos amigo, aquilo de ter nascido num autocarro fora uma maldição, uma dádiva que bem teria dispensado. Todos os autocarros da cidade, mais de três mil, tinham a sua fotografia, que a mãe tinha o cuidado de actualizar anualmente. Mais célebre que o Cristiano Ronaldo, não havia onde não o reconhecessem.
Mas isso acabou. Agora comprou uma lambreta vermelha, a que chamava Virgínia, passou a usar barba (que rapava por altura da fotografia anual), e nunca mais pôs os pés num autocarro. Agora que era anónimo, agora sim, podia ter a sua ter a sua liberdade.
Inspirado num curto excerto do filme “Em carne trémula” do Almodovar, na cena em que a Penelope Cruz tem um filho, Victor, dentro de um autocarro. Acaba por ganhar, entre outros reconhecimentos, um passe vitalício. O exercício era imaginar a personagem 20 anos depois.
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