Guarda-Chuva de Chocolate, claro
Quando olhei pela janela, chovia, e chovia, e chovia. Hoje era sumo de ananás. Sempre era melhor que o sumo de pêssego da véspera, que me dava comichão no nariz, sujava a roupa e fazia a minha mãe obrigar-me a tomar um duche, depois de algumas festas reconfortantes no cabelo.
Voltei à minha caixa de cartão colorido, onde estavam arrumados, bem comprimidos, todos os meus brinquedos. Bem no fundo, bem escondido, estava o guarda-chuva de chocolate, que a mãe me deu na véspera, até já com as meias de vidro encharcadas, para me proteger da chuva.
O exercício era semelhante aos outros, era preciso construir um texto. Desta vez, não a partir de palavras soltas, mas palavras e expressões: meias de vidro, comprimidos, guarda-chuva de chocolate, festas no cabelo, caixa de cartão, tomar duche, comichão no nariz. Se és perspicaz podes lembrar-te do primeiro (e fabuloso) livro de crónicas do António Lobo Antunes, chamado “Pessoas Crescidas”, de onde foram tiradas todas estas frases. Quase que o adivinhei, lembrava-me perfeitamente do texto :-).
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