Houve um tempo em que a minha janela se abria para…
… a copa de uma árvore, num terceiro andar, e podia ver as cabeças das pessoas cada uma na sua vida, os carros a passar, uma pastelaria no prédio em frente sempre num corropio de gente a entrar e sair, sempre com croissants de chocolate especialidade, que se derrete nos cantos da boca.
quando cresci, subi para o sétimo andar, e quando comecei a estudar, para o décimo terceiro andar. comecei a trabalhar no vigésimo sétimo andar, casei-me no quinquagésimo sexto andar, consegui vista para o mar no andar duzentos e trinta e três… cada andar mais acima mais baixo que o anterior, como se a selecção natural nos estivesse a compactar verticalmente, para acomodar mais e mais gente em altura.
com o tempo, deixámos de fazer a viagem para ir à rua, ruidosa e onde mal já se consegue respirar, e que mal conseguimos ver lá em baixo, pela minha janela. quando queremos passear, vamos para um dos andares-jardim, caminhar por entre as árvores importadas, lagos feng-shui e pássaros a chirlear, com as nuvens brancas almofadadas mesmo ao lado no meio do azul, num silêncio relaxante e calmo.
a única coisa de que sinto mesmo falta, é de ter o chocolate daqueles croissants nos beiços…
Isto era o TPC da 2ª aula… completar a frase do título. Claramente inspirado pelo filme “Brazil” do Terry Gilliam e pelos croissants de chocolate da Tarik.
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