domingo, 12 de julho de 2009



Contadores de Histórias

Ontem e hoje participei numa workshop de Contadores de Histórias.

Éramos poucos: a Sofia a servir de guia de viagem, com o Zé Luis, o Rui, a Inês e eu a aprender. Fizemos inúmeros exercícios a brincar, para nos desinibirmos, para praticar a voz, e o ritmo, e a estrutura, a audição, e a imaginação…

e quão limitada está a nossa imaginação e espontaneidade pelos anos que passam, não imaginam…

Um dos jogos giros foi aquele em que um de nós tentava contar uma história inventada, com um anjo bom à nossa esquerda que nos segredava ao ouvido uma palavra que tínhamos de usar na história, e um demónio mau à direita que nos segredava palavras a evitar. Noutro, um conferencista estrangeiro vinha fazer uma apresentação, e tinha um intérprete ao lado para traduzir o que ia dizendo. O conferencista dizia uma frase numa língua inventada, grrrya yadadao liloliloli!, gesticulando, e o intérprete tinha de inventar uma tradução, “olá venho-vos falar de sabonetes”, e assim por diante. Os gestos e entoação do conferencista a influenciarem o intérprete, e a tradução deste a influenciar os passos seguintes do conferencista. Outro jogo ainda, a pares, foi contar uma viagem a um sítio inventado, onde tudo pode acontecer. Chamava-se o Jogo do Sim, porque tínhamos de concordar com tudo o que o nosso parceir@ dissesse, e alterar a história em conformidade. Muito divertido…

Já hoje, 2º e último dia, tivemos de levar duas histórias preparadas. Uma para ler aos colegas, outra para contar de memória. A minha escolha de leitura foi o conto “Curriculum Vitae”, do livro de contos do Ruben Fonseca “Os Prisioneiros”. É um conto literário curto, sobre um homem que toca bongo. Não te vou dizer como é a história, terás de a ler se quiseres. Emocionei-me em crescendo ao lê-la, e nas últimas 4 linhas, não consegui evitar algumas lágrimas. Na repetição, com lições aprendidas, num canto da sala rodeado pelos outros bem próximo, foi ainda mais difícil contá-la… Da segunda história já te falei, e até a podes ler agora se quiseres. Traduzi-a, claro. Tentei contá-la de forma a criar ambiguidade sobre mim enquanto contador (no início) ou afinal como participante (no fim). Duvido tê-lo conseguido: apesar de os ter tirado da sala e levado para o intimista ambiente do bar, e de tentar encarnar outra pessoa, e de não lhes ter contado nada sobre o que iam ouvir. Voltei a emocionar-me, várias vezes, e quase não consegui terminar.

«É uma história triste, não achas?»

É possível que depois do Verão façam o curso (não a workshop) de Contadores de Histórias. Se o fizerem, podem contar comigo.



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