quarta-feira, 29 de julho de 2009



Fita para o Cabelo

Ficaram coisas esquecidas, como ficam sempre nas relações. Umas meias roxas, uma fita para o cabelo. Encontrei-me contigo para tas devolver, para poder encerrar a porta do que foi o nosso breve mas intenso cruzamento na vida.

Voltei a ver-te sem saber como te ver. Já não te tinha, já não eras a minha princesa, e a mulher por quem fiz tudo e a quem me entreguei --- assim. Não tínhamos muito para nos dizer. Controlámo-nos para parecer frios e distantes, para fazer parecer que estávamos bem e felizes, que já nos deixámos um ao outro para trás. Sorrisos ao responder a mensagens de texto, a deixar perceber que a vida nos corre bem, e que o outro já não está nela - porque, afinal, não precisamos dele.

Trocamos o que temos de trocar, e os olhos prendem-se por mais tempo do que deviam. Sente-se o fogo a queimar por dentro, um peso no peito e a transpiração nas mãos, e a certeza racional que temos já não sabemos em que prato da balança pesa mais [1].

E depois, o que aconteceu, perguntam-me? Depois… o que querias tu que acontecesse? Eu também não sei. Isto é tudo ficção, afinal de contas. Certo?

 

 

[1] Já não há balanças com dois pratos. Talvez isso seja uma parábola, só por si.



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